Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

BIOS

Hoje as crianças nascem com chip. Antes mesmo de aprenderem a falar, monitoram com desenvoltura os controles-remoto disponíveis em casa. Brincam sem a menor dificuldade com os joguinhos do celular da mamãe e brigam pelo seu espaço no computador.
Não vou dizer como era bom brincar na rua, com os vizinhos/amigos, de pique-esconde, de cabra cega, carrinho de rolimã, roda, pára bola, seu mestre mandou, estátua, pêra, uva ou maçã e tantas outras.
Não vou dizer que resisti, muito, a essa invenção de nome computador, que computa a minha incompetência, mas que é, sem dúvida, a vigésima maravilha moderna.
Vou dizer que assumidamente sou uma “BIOS”. Fui batizada assim pelos azes da computação. No começo acreditei se tratar de vida e orgulhosa até fiquei! Mas, como diz o ditado, tudo que é bom dura pouco, veio a tradução da sigla: Bichinho Ignorante Operando Sistema!
Realmente comecei minhas aulas de computação por obrigação. Prá não ficar prá trás... porque facilitaria minha vida profissional... por encontrar tudo apenas com um enter... prá comprar, vender, alugar sem sair de casa, prá falar com alguém do outro lado do mundo, prá encontrar e ser encontrada, prá estar por dentro! Nunca vou esquecer do treino com o mouse e o professor dizendo: “você consegue, fique calma, tem nome de rato, mas não morde!" Quase marquei umas consultas com uma amiga psicomotricista, pois achava que nunca iria dominar aquela setinha. Clicava e abria algo que não queria. De vez em quando, para meu pavor, ela desaparecia do monitor e era o pique-esconde mais sem graça que já brinquei. E quando o que estava escrevendo sumia misteriosamente? “Você se esqueceu de salvar”, dizia o professor. Ah... Tenho que salvar!!! Ninguém pediu socorro, ora essa! E os alertas que, subitamente, apareciam na tela, me fizeram acreditar que a polícia estava vindo atrás de mim: “você executou uma operação ilegal”! Eu ilegal?!?! Tinha que escrever, passo a passo, tudo que o P.E.U.S explicava e lá  iam hora$ e hora$ de aula$ de informática. E para lustrar minha auto-estima, quando não estava conseguindo executar algo, chamava meu filho e vinha o “pirra” (na época com uns sete anos), sem capa de super-homem me salvar,  num misto de satisfação e decepção com a mãe, estampados em seu rostinho.
Não vou dizer que minha praia é o Word e as aulas de excel, power point e outros programas, simplesmente ficaram nas anotações do caderno.
Por pura necessidade e saudade, quando o não mais “pirra” foi fazer um intercâmbio do outro lado do mundo, aprendi a ter e-mail e manuseá-lo. Com isso, fiquei conectada com amigos, mas sempre digo a todos: computador não é meu objeto de trabalho, não o ligo, às vezes, por vários dias. Por isso, não me convidem por e-mail, não se queixem, não se declarem, porque não abro mão da minha leitura, de um happy hour, de um cinema, de um cara a cara e outras tantas coisas, por computador nenhum! Outro dia recebi, por e-mail, uma edição eletrônica de um livro. Foi prá lixeira.
Sou uma BIOS, sim, e não me envergonho. E a vocês, agora por mim batizados de P.E.U.S = Primata Evoluído Usando o Sistema, que acreditam ser descendentes diretos de Zeus (vide pequena informação a respeito), só posso dizer muito obrigada por toda a ajuda que venho recebendo, para quem sabe um dia me tornar uma P.E.U.S!
Regina Rozenbaum
Zeus é o principal deus da mitologia grega. Era considerado, na Grécia Antiga, como o deus dos deuses. O nome Zeus em grego antigo significava “rei divino”.
Poderes e Atributos: Era representado nas pinturas e esculturas num trono ou em pé, ao lado de um raio, carvalho, touro ou águia. Estas representações simbolizavam qualidades e poderes (rapidez, força, energia, comando) atribuídos ao deus.


2 comentários:

  1. Deliciosa a tua crônica, Regina. Sinceridade e humildade são as melhores qualidades e aliadas a bom humor e simpatia, então...
    Grande abraço do Amorim

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  2. Também tenho um começo quase idêntico... Não tanto, devido a exigências profissionais. Mas o que aprendi, fui eu mesmo, pois as aulas só servem se a seguir se praticar!
    :)

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