Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

sábado, 14 de fevereiro de 2009

CONSERVADA IV

Você está, hoje, tão jovial Tia Regina! Sabia que o significado dado para o adjetivo, através do seu olhar, de baixo para cima e de cima para baixo, era para dizer que eu estava aparentando uma pessoa jovem, nova. Mas jovial, segundo meu amigo Aurélio, é alegre, bem-humorado, espirituoso o que sou quase sempre e, especialmente, naquele dia não me sentia nada assim.
Esse tipo de elogio me fez pensar que, para ela, estou constantemente velha, além da dificuldade que geralmente todos, jovens e não tão jovens, tem em elogiar. Mas isso é assunto para outro dia.
Quando se é jovem custamos a descobrir o tempo. Jovem vive no espaço, sem tempo. E a descoberta do tempo pode deixar a pessoa destemperada.
Hoje, mais do que nunca, todo mundo quer ficar eternamente jovem, fugir, ludibriar o tempo. E dá-lhe ginástica, plástica, cremes, spa e angústia.
Quando o contorno do meu corpo começou a mudar, acreditei que era temporário como quando engravidamos e depois tudo volta ao seu devido lugar.
Invadi o guarda-roupa do meu filho com todas as peças que não me entravam mais. Fiz dietas, me esforcei mais nos exercícios físicos, clamei por ajuda médica (leia conservada I). Não tem jeito. A gente pode até ganhar essa ou aquela batalha, mas é uma guerra perdida. Já se passaram dois anos e só agora retirei minhas peças de campo, para alívio do meu filho.
O jovial valeu para que eu pudesse, não da boca para fora, valorizar as minhas conquistas, realizações profissionais e pessoais, meus amigos, minha inteligência, personalidade e o meu poder no sentido do eu posso.
Valeu também para perceber, com clareza, como sou muito mais centrada, autêntica e certeira no trato comigo mesma e com o outro. A gente passa a dominar os nossos pontos fortes e disfarçar o que não interessa mostrar. Se antes era escolhida, agora sou eu que escolho= http://www.todentro. Que estou interessada em absorver do mundo o que me parece justo e útil e simplesmente ignorar o que é baixo astral= http://www.tofora/. E isso é uma conquista só possível, quando não se é mais jovem.
Estou apaixonada pelo meu corpo atual. Meu rosto que já não é jovem denuncia, de maneira jovial, as histórias que me constituem.
Meu corpo fora de forma informa que está vivo e sente prazer. Prazeres que só são desvelados com a descoberta do tempo! Prazeres que sentimos quando não somos mais jovens e sim joviais.
Sei que essa paixão está se tornando um maravilhoso caso de amor!

3 comentários:

  1. oi mamis...estou postando como anonimo!!! EEEE

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  2. outra forma de postar!!! nao e dificil! bjoss

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  3. Estooouuu adorandooo!
    Escreva mais e mais.
    Bjs

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