Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Júnia me enviou por e-mail, um texto do Padre Fábio de Mello – “A graça de ser só” – com um pedido para que escrevesse aqui no blog sobre o assunto. Nesse texto o Padre fala da questão da vida celibatária e da polêmica em torno do assunto. Penso que, em função das muitas conversas tidas com ela, a sugestão passa por outro lugar – ter ou não um companheiro depois de uma certa idade, casar ou estar só. Em posts mais antigos (relacionamento a dois) escrevi o que vem se apresentando, na minha clínica, com casais, homens e mulheres. Hoje a história é outra: trata-se da escolha de estar só. O fato de não estar casado não priva ninguém do amor. Há uma realidade, descoberta através da maturidade, que o outro não nos completa, que não é o príncipe ou princesa encantada e que não se quer mais ser o depositário do universo de carências, necessidades, iludidas pela imagem que “ele (a) é o meu Salvador”. Casamento, namoro, não resolve os problemas de ninguém e muito menos a solidão. Quantos casais nós conhecemos que estão absolutamente separados? Sozinhos em dupla? Estabelecendo relações extra casamento para suportar o mesmo?
Como é mesmo a palavra utilizada formalmente nos contratos? Cônjuge! Porque é conjugal? Porque viver junto – não me refiro apenas ao casamento contratual tradicional – é conjugar. Conjugar é viver todos os tempos e pessoas dos verbos. É saber ser eu, tu, ele, nós, vós e eles, sem perda da individualidade. Conjugar é viver vários tempos, presente, passado, futuro em várias pessoas. Conjugar é articular a complexidade de cada ser, com a complexidade do parceiro/a. É “com-jugar” e não “sub-jugar”. Para conjugar o verbo amar, é preciso conjugar o verbo ser! O amor é um exercício de felicidade, não de poder. E esse exercício pode ser feito até mesmo na “graça de ser só”.

UMA IDADE ESPECIAL

Estávamos sentadas à mesa da fazenda, tomando um delicioso café da manhã, ouvindo as mais variadas músicas emitidas pela infinidade de pássaros que ali habitam, com um céu azul de brigadeiro invadindo os janelões, quando começamos, Júnia, Syl e eu, a falar das novas técnicas cirúrgicas, preenchimentos, botox, laser e cia.ltda. Puxar daqui, esticar dali, quem já fez, dores, conseqüências desastrosas e cu$to$. Não me lembro o porquê do surgimento do assunto e isso é um dos indicativos da Síndrome de PIA (Porra da Idade Avançada!). Só sei que, repentinamente, o céu se tornou cinza, os pássaros desapareceram e fui me olhar no espelho! Como já escrevi em outros posts (mudanças corporais) não é fácil assimilarmos todas as mudanças que ocorrem conosco a partir de certa idade. Mas também venho experimentando algo totalmente novo: um equilíbrio, um bem-estar interior. Algo que posso assegurar não termos, quando nosso bumbum é durinho, o rosto sem rugas de expressão, memória impecável, e somos tratadas pelo melhor pronome de tratamento - você.
Voltando para o espelho pensei em dizer para as “meninas” que cada nova experiência nos desafia com uma escolha. E o processo de envelhecer não é exceção. Agora, de que maneira essa nova fase do “não sou mais jovem” se abrirá para nós – de que modo nós nos ambientaremos e habitaremos o espaço da maturidade em diante – é uma questão em aberto e cabe a cada uma encontrar a própria resposta. Eu, “meninas”, já encontrei a minha (é só ler os referidos posts) e decididamente não estou envelhecendo, www.tôfora.com.! Estou ENVELHE/SENDO ou MADURE/SENDO, como preferirem e aí www.tôdentro.com.
É um novo espaço que se abriu com a chegada da maturidade: caminhos diferentes que constroem novas “sinapses” em meu cérebro e que dá boas vindas – espiritualmente e fisicamente falando – a novas energias, que de outra forma ou num outro momento, eu não estaria receptiva.
Envelhecer não é um território novo – vimos nossos avós, pais, irmãos mais velhos passando por ele e pensávamos (se é que...) estarmos muiiito longe. Mas o que pode ser novidade é a maneira como nós estamos buscando algo que esteja além das normas culturais prescritas. Uma visão mais ampla que nos leve para além das formas de pensamentos limitadas e padrões previamente estabelecidos por gerações passadas - e isso, inclui aqueles relacionamentos que já falamos a respeito. Esse período, “meninas”, é muito diferente da juventude e também da velhice. É a MADURE/SENDO... Sendo mais ousadas, pacientes, equilibradas, permissivas, aventureiras, livres, soltas, inteiras com o nosso desejo! O espelho continua sendo amigo, porque reflete a nossa alma, o nosso interior construído ao longo desses anos, a nossa alegria de sermos o que somos. E aí não tem nenhum problema, podemos até incluir no pacote, se quisermos, o botox, o laser, a plástica, o preenchimento...

quarta-feira, 29 de julho de 2009

HOMOSSEXUALIDADE VIII - FINAL

“Se liga aí, se liga lá, se liga então! Se legalize a opção! Deixe ele viver em paz. Cada um sabe o que faz. Deixa o homem ter marido. Deixa a mina ter mulher. Deixa ela viver em pé. Cada um sabe o que quer. O que é que tem demais cada um ser o que é?”
(GABRIEL O PENSADOR)
“O importante é ser você, mesmo que seja, estranho. Seja você, mesmo que seja bizarro bizarro bizarro. Tira a máscara que cobre o seu rosto. Se mostre e eu descubro se eu gosto do seu verdadeiro jeito de ser”.
(PITTY)
Voltando ao tema, relembramos, Freud pensava que:
1. A pulsão não tem objeto pré-determinado no ser humano;
2. Tanto a “homossexualidade” quanto à “heterossexualidade” se desenvolvem socialmente, partindo de certas disposições individuais;
3. Sob o nome de homossexualidade se incluem numerosos fenômenos de ordens diversas;
4. Todos os indivíduos de nossa cultura possuem uma corrente libidinosa heterossexual e uma homossexual; a determinação da orientação predominante depende de uma série de fatores não completamente conhecidos.
Ao chegar ao consultório psicológico, o sujeito geralmente traz consigo o discurso gerado pelo sofrimento de exclusão que pode ser percebido por um mal-estar. Aos poucos sua fala anuncia e denuncia todo o esforço, desprendido ao longo de anos, para camuflar piadas ouvidas, sentenças proferidas e vivências dolorosas de exclusão:
“Prefiro a morte que ter um filho gay”.
“Bicha só se for cabeleireiro, estilista, maquiador. Um doutor? Nem pensar, não confio!”
“Que artista fenomenal! Também pudera, é viado e você sabe não é? Possuem uma sensibilidade ímpar!”
“Esse jeitão é porque ela é sapatão!”
“Só conseguiu esse cargo por politicagem. Imagina se a empresa aceitaria um homossexual?!”.
É importante lembrar que sob o ponto de vista legal, a homossexualidade não é classificada como doença também no Brasil. Sendo assim, nós psicólogos não devemos colaborar com eventos e “serviços” que se proponham ao tratamento e “cura” de homossexuais, nem tentar encaminhá-los para outros tratamentos. Quando procurados por homossexuais ou seus responsáveis para tratamento, não devemos recusar o atendimento, mas sim aproveitar o momento para esclarecer que não se trata de doença, muita menos de desordem mental, motivo pelo qual não podemos propor métodos de cura. Existe uma infinidade de teorias psicológicas e biológicas tentando explicar a origem da homossexualidade. As teorias psicológicas, assim como as biológicas são abundantes em opiniões e afirmações. Entretanto, nada de definitivo foi apresentado até o momento. O indivíduo homossexual não faz "opção" por ser homossexual. Ele apenas é e não pode, ainda que queira, mudar isso. Ele pode sim, fazer uma opção no sentido de negar esse impulso (pulsão) e tentar viver como heterossexual (a pulsão não tem objeto pré-determinado). Mas isso tem um impacto negativo e devastador para seu desenvolvimento emocional. Trata-se de uma situação muito mais comum do que se imagina. O impulso (pulsão) sexual que um heterossexual tem por sua parceira é o mesmo que um homossexual tem por seu parceiro do mesmo sexo. O que muda é o objeto. A questão de ser a homossexualidade um desvio ou não, está mais ligada a fatores culturais, econômicos e religiosos. Todos sabemos que, conforme as necessidades de uma determinada cultura, os valores mudam. Hoje talvez seja mais fácil para nós compreendermos os direitos individuais. Entender que o respeito a eles é fundamental para a qualidade de vida. Talvez seja a única forma de eliminarmos o preconceito e tornar melhor a vida em sociedade (começando com o núcleo familiar). Homossexualidade não é uma doença e, portanto, não é contagiosa. O nosso preconceito sim, esse é contagioso e destrói. Não devemos esquecer que um homem/mulher tem inúmeros papéis e funções em sua vida. Ele é filho, irmão, sobrinho, neto, cunhado, empregado, namorado, aluno, amigo, profissional, tem dons e competências intelectuais e ou manuais. Pode ser homo ou hetero sexual. Não se pode avaliar (julgar) um homem ou mulher apenas por uma de suas características sob pena de perdermos o melhor que ele (a) tem para nos oferecer!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

FAZENDO AS MALAS

Mark Twain no livro The Innocents Abroad (Os inocentes no exterior) escreveu “Viajar é fatal para preconceitos, para o fanatismo e para as mentes estreitas”. Quando viajo, muitas das minhas más impressões se desfazem, confirmam as positivas e acontecem numerosas surpresas! Lembro do tamaaaanho da minha mala quando viajei pela primeira vez para o exterior – nem preciso dizer que pelo menos dois terços não foi usado – e nos últimos tempos tenho tentado me “profissionalizar” com direito,ainda, a vários escorregões. Uma coisa sempre levo: muita curiosidade e paciência.
Já confirmei também, muito antes de receber e-mails sobre o assunto, que viajar é uma das formas mais precisas de se conhecer, realmente, alguém. E de que duas pessoas jamais saem da mesma experiência levando as mesmas memórias – fácil de confirmar quando pedimos dicas às pessoas que já foram naquele local.
Algumas pessoas viajam para ver e ticar sua lista. Eu viajo para enxergar, ouvir, degustar, respirar e sentir. O número de quilômetros que percorremos, nada tem a ver com os verdadeiros prazeres proporcionados pela viagem; a beleza inerente ao mundo, assim como a sensação de descoberta que ela nos promete, está em toda parte à nossa volta.
Ultimamente, quando peço dicas às pessoas, tenho ouvido muito a expressão - “dá um perdido” – que traduzo assim: dê a si mesma o direito (estimule) de enveredar por desvios inesperados e até se perder! Quando estamos “perdidos” enfrentamos uma outra jornada: para o interior de nós mesmos, o mais desconhecido, estranho e menos explorado território. Podemos dessa forma, bem diferente, nos desbravar de maneira única... Não existem viagens ruins, só boas histórias para serem contadas na volta. Eu sou absolutamente www.tôdentro.com viagens! Vamos viajar?

sexta-feira, 24 de julho de 2009

QUATRO MESES DE VIAGEM

Ontem me perguntaram como você está? Fiquei alguns momentos sem saber o que responder, até porque você ainda não me deu notícias se fez boa viagem, se sentiu frio, se alimentou, como foi recepcionada na chegada, quem estava te aguardando e todos aqueles detalhes que sempre me pediu, em todas as viagens que já fiz.
Tenho tanta curiosidade... Já se encontrou com todos da família? E com os amigos? Retomou sua dança, aulas de desenho/pintura, costura, culinária, bordados, arranjos florais? “Vá com calma porque o mundo não acaba hoje” – lembra-se?
Como é a paisagem? Multicolorida? A temperatura é agradável? Tudo é iluminado e calmo? Não há muros nem cercas, doenças e dores, só Alegria, Gratidão e Amor?

Por aqui estamos caminhando... Altos e baixos como numa montanha russa. Hoje estou um pouco apreensiva. Estamos enfrentando, nesses últimos meses, uma epidemia/pandemia de “gripe suína”, corretamente denominada de gripe A(H1N1), e os meninos viajam para Curitiba. A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná recomendou a não realização do evento e, após muitas horas de reuniões avaliando os pós e contras, os organizadores decidiram pelo não cancelamento. Vou ter que assinar um termo de autorização detalhado e dizer - “seja o que D’US quiser!” Sou uma mãe relapsa? Você deixaria? Bons tempos àqueles que uma gemada, leite quente com mel, chá de limão com alho, cama e carinho de mãe sarava, rapidinho, qualquer gripe!
Outra coisa: já se encontrou com o grande amor da sua vida? Disse tudo, tudo, que ensaiou nesses anos todos? Colocou para fora toda a mágoa, tristeza dele ter te deixado sozinha por tanto tempo? E como ele reagiu? Ah, nós mulheres, como adoramos “tricotar”...
Bem, espero que depois desse “puxão de orelha”, você arrume um tempinho, na agenda, para mandar notícias!
Beijuuss, no seu coração, cheios de saudade e amor da sua “caçulinha”.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

VIAJAR OU TURISTAR



“Voyager c’est prendre um chemin sans jamais savoir où on va”.
Viajar é tomar um caminho sem saber aonde ele vai nos levar.

Sempre adorei viajar. Comecei minhas viagens, ainda criança, através da leitura-quando lia produzia uma intensa atividade interior. Num romance imaginava além dos personagens, os ambientes, as cidades, as roupas. Quando passei a ir ao cinema, me encantava com as locações e viajava através das paisagens e da minha constante afirmação de que - um dia vou conhecer esse lugar! Tenho um prazer indescritível ao viajar. Começo sempre, quando há tempo hábil, lendo a respeito do local, dos costumes, da comida típica, dos pontos turísticos e assim vou fazendo um desenho na minha cabeça já me transportando mentalmente para o local.
Turista e viajante são sinônimos, pelo menos, no dicionário. Mas numa viagem são antônimos. É possível reconhecer um turista, mesmo que não esteja numa excursão, porque faz questão de peregrinar ansiosamente por todos-os-pontos-turísticos-e-mais-alguns. Acha que se não tirar foto de tudo, tudo, tudo e não entrarem em cada igreja, museu, a viagem não estará completa.
Mas viajar vai além do circuito mais conhecido de cada cidade e dos álbuns de fotos que são preenchidos na volta para casa. Os viajantes sabem. Por isso, apesar de ser bacana conhecer monumentos históricos - e eu não me roubo desse prazer de olhar, com os meus próprios olhos, aquilo antes visto em filmes, livros, internet – prefiro abrir mão de certas atrações para curtir outros prazeres: tomar um café observando as pessoas que passam, andar pelas ruas sem guia, sem pressa, pronta para me surpreender pelo caminho com uma lojinha diferente, um restaurante só conhecido e freqüentado pelos habitantes locais. Isso dá para fazer onde quer que a gente vá: na cidade do interior de nosso estado ou num outro continente.
Viajar compensa qualquer custo ou sacrifício. Torna nossa mente mais curiosa, nosso coração mais forte e nosso espírito mais alegre. E uma vez que nossa mente tenha se expandido dessa maneira, jamais poderá voltar ao seu tamanho original!
Acredito que sou 70% viajante e 30% turista... Mas estou em constante treinamento para um dia me tornar uma simples viajante!

terça-feira, 21 de julho de 2009

HOMOSSEXUALIDADE VII - Folha de São Paulo

É realmente inacreditável... Aguardaremos para o próximo dia 31/07...

Como paciente, repórter paga R$ 100 a sessão -DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Numa sala onde mal cabem dois sofás cobertos com capas meio encardidas e uma cadeira de palha, a psicóloga Rozângela Alves Justino promete "curar" gays em terapia que pode durar de dois a cinco anos.
A mulher de fala mansa e fleumática diz já ter "revertido" uns 200 pacientes da homossexualidade -que vê como doença- em 21 anos de profissão.
Sem se identificar como jornalista, a reportagem se passou por paciente e pagou por uma consulta - R$ 200, regateados sem resistência para R$ 100.
Para uma primeira sessão, ela mais fala do que ouve. Tampouco anota dados ou declarações do consulente. Explica que faz "militância política para defender o direito daquelas pessoas que querem voluntariamente deixar a homossexualidade". "É um transtorno porque traz sofrimento", diz a psicóloga, formada nos anos 1980 no Centro Universitário Celso Lisboa, no Rio.
Rozângela diz adotar a "linha existencialista" e que 50% de chance do sucesso da "cura" vem da vontade do homossexual de sair "dessa vida" e outros 50% decorrem do trabalho psicoterápico.
"É preciso entender o que está por trás da homossexualidade. E a mudança vai acontecendo naturalmente. Vamos tentar entender o que aconteceu para que você tenha desenvolvido a homossexualidade. Na medida em que você for entendendo a sua história, vai ficar mais fácil sair", diz.
Rozângela mostra plena convicção no que defende.
"Com certeza há possibilidade de saída. Nesses 20 anos já vi várias pessoas que deixaram a homossexualidade. Existe um grupo que deixou o comportamento homossexual. Existem pessoas que, além do comportamento, deixaram a atração homossexual. E outras até desenvolveram a heterossexualidade e têm filhos."
No final da consulta, a recomendação: "A igreja pode ser um espaço terapêutico também" - embora não faça pregação. (VQG)

HOMOSSEXUALIDADE VI - Folha de São Paulo

Leiam abaixo a entrevista dada pela "colega". Talvez o Conselho Federal junto ao MEC deveria também, averiguar a "faculdade" na qual ela "retirou" seu diploma. É a Educação no nosso país...
"É a Inquisição para héteros", diz terapeuta DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
A psicóloga Rozângela Alves Justino diz que homossexualidade é uma "doença" e que "a maioria dos gays foi abusado sexualmente na infância e sentiu prazer nisso".

FOLHA - Como a sra. vê o homossexualismo?
ROZÂNGELA ALVES JUSTINO - É uma doença. E uma doença que estão querendo implantar em toda sociedade. Há um grupo com finalidades políticas e econômicas que quer estabelecer a liberação sexual, inclusive o abuso sexual contra criança. Esse é o movimento que me persegue e que tem feito alianças com conselhos de psicologia para implantar a ditadura gay.
FOLHA - O que é ditadura gay?
JUSTINO - Há vários projetos no Congresso para cercear o direito de expressão, de pensamento e científico. Eles foram queimados na Santa Inquisição e agora querem criar a Santa Inquisição para heterossexuais.
FOLHA - A que a sra. atribui o comportamento gay?
JUSTINO - À expectativa dos pais, que querem que o filho nasça menino ou menina. Projetam na criança todos os anseios. E daí começam a conduzir a sua criação como se você fosse uma menina. Outra causa mais grave é o abuso sexual na infância e na adolescência. Normalmente o autor do abuso o comete com carinho. Então a criança pode experimentar prazer e acabar se fixando.
FOLHA - Mas nem todos os homossexuais foram abusados na infância.
JUSTINO - A maioria foi.
FOLHA - Como é o seu tratamento?
JUSTINO - É um tratamento normal, psicoterápico. Todas as linhas psicológicas consagradas e vários teóricos declaram que a homossexualidade é um transtorno. A psicanálise a considera como uma perversão a ser tratada. À medida em que a pessoa vai se submetendo às técnicas psicoterápicas, vai compreendendo porque ficou presa àquele tipo de comportamento e vai conseguindo sair. Não há nada de tão misterioso e original na minha prática. Sou uma profissional comum.

HOMOSSEXUALIDADE V - Folha de São Paulo

Com os posts sobre “HOMOSSEXUALIDADE” chegou, às minhas mãos, para minha vergonha, artigo publicado na Folha de São Paulo no último dia 14, onde uma “colega” (será mesmo?) fala de sua prática... Não me cabe julgá-la, até mesmo porque ela já o está sendo pelo Conselho Federal de Psicologia, mas trazer aqui o que de realidade, infelizmente, ainda existe na atualidade. Penso ser fundamental para todos que se interessam pelo assunto lerem. Então este, o VI e o VII fazem parte da reportagem. O próximo (VIII) darei continuidade aos meus escritos. Peço desculpas pela interrupção, mas achei fundamental postá-los.

Psicóloga que diz "curar" gay vai a julgamento em conselho
Conselho Federal de Psicologia decide no dia 31 se cassa licença de Rozângela Alves Justino

Resolução veta tratar questão como doença e recrimina indicação de tratamento; se o registro for perdido, será a 1ª condenação do tipo no país - VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO - ENVIADO ESPECIAL AO RIO -

O Conselho Federal de Psicologia julga, no fim deste mês, a cassação do registro profissional de Rozângela Alves Justino por oferecer terapia para que gays e lésbicas deixem a homossexualidade. Se perder a licença, será a primeira condenação desse tipo no Brasil.
Resolução do próprio conselho proíbe há dez anos os psicólogos de lidarem a homossexualidade como doença e recrimina a indicação de qualquer tipo de "tratamento" ou "cura".
Rozângela, que afirma ter "atendido e curado centenas" de pacientes gays em 21 anos, diz ver a homossexualidade como "doença" e que algumas pessoas têm atração pelo mesmo sexo "porque foram abusadas na infância e na adolescência e sentiram prazer nisso".
Numa consulta em que a reportagem, incógnita, se passava por paciente, Rozângela, que se diz evangélica, recomenda orientação religiosa na igreja.
"Tenho minha experiência religiosa que eu não nego. Tudo que faço fora do consultório é permeado pelo religioso. Sinto-me direcionada por Deus para ajudar as pessoas que estão homossexuais", afirma.
A cassação de Rozângela, que atende no centro do Rio, foi pedida por associações gays e endossado por 71 psicólogos de diferentes conselhos regionais.
Segundo Rozângela, que já foi condenada a censura pública no conselho regional do Rio no final de 2007, "o movimento pró-homossexualismo tem feito alianças com conselhos de psicologia e quer implantar a ditadura gay no país".
"É por isso que o conselho de psicologia, numa aliança, porque tem muito ativista gay dentro do conselho de psicologia, criou uma resolução para perseguir profissionais", afirma.
No Rio, Rozângela participa do Movimento Pela Sexualidade Sadia, conhecido como Moses, ligado a igrejas evangélicas.
A almoxarife Cláudia Machado, 34, diz que recebeu de Rozângela a apostila "Saindo da homossexualidade para a heterossexualidade", que prega meios para a mudança de orientação sexual. "Hoje vivo a minha homossexualidade tranquila, essa história de cura não existe, o que houve foi um condicionamento. Reprimi meus desejos. Não sentia prazer", diz.
Já a pedagoga Fernanda, que pede para não ter o sobrenome divulgado, diz ter sido lésbica por dez anos e que, depois da terapia que faz com Rozângela há quatro anos, passou a ter relações heterossexuais. "Realmente há possibilidade de sair da homossexualidade. É um processo longo. De lá para cá busco a feminilidade."
"A ciência já mostrou que não existe tratamento para fazer com que alguém deixe de ter desejo homossexual nem heterossexual. Quando se promete algo assim, é enganoso", diz o terapeuta sexual Ronaldo Pamplona, da Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana.
Segundo ele, a Sociedade Americana de Psiquiatria retirou a homossexualidade do diagnóstico de doenças em 1974, seguida, uma década depois, pela Organização Mundial da Saúde.
"Se absolvê-la, o Conselho Federal de Psicologia vai referendar a tese de que é possível "curar" gays", diz Toni Reis, presidente da ABGLT, a associação brasileira de homossexuais.
"Isso traz prejuízo aos gays e contribui para fortalecer o estigma", afirma Cláudio Nascimento, superintendente da Secretaria de Direitos Humanos do Rio e do grupo Arco-Íris.
"Vejo [o pedido de cassação] como uma injustiça", diz Rozângela, que, se cassada, pensa em recorrer à Justiça comum.
De um lado, cem entidades gays de todo o país vão levar um manifesto e manifestantes no dia do julgamento de cassação de registro de Rozângela, no próximo dia 31, em Brasília. Do outro, ela diz que vai reunir alguns ex-gays e psicólogos amordaçados para protestar contra a censura que diz sofrer.

HOMOSSEXUALIDADE IV

Desde o começo da Psicanálise, teoria que sistematiza a forma em que os seres humanos assumem uma posição sexuada, consciente e inconsciente, vem se apresentando para os psicanalistas uma questão que insiste em ficar aos olhos de todos sem poder ser completamente resolvida, qual seja, a relação da “homossexualidade” com a psicopatologia.
Os movimentos modernos de afirmação homossexual propõem, cada vez com mais força, a localização da “questão homossexual” no campo dos direitos humanos.
Freud descobriu cedo que “feminilidade” e “masculinidade” são construtos sociais que se desenvolvem na criatura humana a partir de seu contato com os outros nos primeiros anos de vida. Esse processo culmina, segundo este autor, com as identificações “normalizadoras” que representam a solução do que ele denominou “complexo de Édipo”.
Normalizadoras porque, segundo alguns pensam, estas identificações deveriam coincidir com o sexo que a anatomia assinala. Mas nem sempre acontece desta forma. Justamente neste ponto a Psicanálise vem para iluminar os pressupostos do passado, na medida que Freud esclarece, já em 1905, no artigo “Três ensaios sobre a sexualidade”, que a pulsão não tem um objeto predeterminado associado a ela.
Neste trabalho, ele diz que:
“... Assim, do ponto de vista da Psicanálise, o interesse sexual exclusivo de homens por mulheres também constitui um problema que precisa ser elucidado... (.) A atitude sexual definitiva do indivíduo não se define senão depois da puberdade e é o resultado de numerosos fatores, nem todos ainda conhecidos, alguns são de natureza constitucional; os outros, porém, são acidentais”.
Sabemos, então, que o sexo biológico de uma pessoa pode não corresponder com seu sentimento de identidade sexual. As identificações não levam, necessariamente, à coincidência socialmente esperada. E mais, elas nem sempre supõem a presença de desejos por um parceiro do “sexo contrário”, se assim podemos falar. Ou seja, nem a “normalidade” das identificações garante que o sujeito se defina como “heterossexual”, que seria o “natural” para um modelo reprodutivista inato, mas não há naturalidade na sexualidade humana.
E aqui começam os problemas. Para o psicanalista e para os leigos que "sofrem" da Psicanálise em alguma das muitas formas em que ela faz parte da Cultura moderna. Penso que nosso dever como psicanalistas frente aos direitos de quem sofre, pelos seus sintomas ou pelos sintomas sociais, é o de apresentar uma teoria que diferencie claramente os aspectos descritivos e as construções metapsicológicas daqueles aspectos normativos, ideológicos e preconceituosos com os que muitas vezes são confundidos.
A Psicanálise não pode atribuir para si o poder de legislar ou de emitir juízos sobre o que está certo ou errado, sobre se a forma de estruturação da identidade ou do desejo sexual "escolhida" pelo sujeito é a adequada.
Continua...

quinta-feira, 16 de julho de 2009

NUNCA É TARDE


Recebi essa semana um convite de formatura (engenharia civil) de uma ex-cliente. Não teria nada de especial se não fosse uma mulher, septuagenária, que após criar os filhos, ser avó e bisa, correu atrás de seu sonho de moça: fazer seu curso superior e segundo ela “atuar na área”. Nele ela presta uma “homenagem” à minha pessoa, como se eu fosse a responsável por mais essa conquista! Não, I. não sou. Fizemos um trabalho juntas e você, com sua garra e determinação admirável, mostrou como é possível sustentar seu desejo! Alguns anos atrás aconteceu o mesmo com uma tia e aí abaixo está o que, na época, lhe escrevi. Para você, DRA.I., a minha reverência e homenagem:

Tia Sarita, Tia Melancia, Sara Querida.

É uma quinta feira. Da entrada do hospital e clínicas especializadas às alas internas, grafites enfeitam as paredes. Nas maternidades, gestantes ouvem suas músicas preferidas antes e durante o parto. É a celebração da vida. Ao som de Vivaldi, Mozart, bebês são acolhidos no berçário. Embalados pelas composições suaves, dormem melhor e a amamentação é facilitada; os prematuros precisam de menos remédios. É o som da vida.
No “castelo” – a escolinha de arte do complexo hospitalar – crianças com doenças graves, como câncer e problemas cardíacos, fazem toda sorte de reinações artísticas: música, teatro, dança, pintura, fotografia. Nos leitos, outros escutam contos de fadas e criam as próprias histórias.
Ficção? Futurologia? Nada disso!
Uma jovem, alta, grande mesmo para os padrões locais, calçando 39, argentina, hablando espanhol, aterrissa na “capitá” das Minas Gerais.
Letrada, porém sem as habilidades esperadas para uma noiva: costurar, bordar, cozinhar... sai de uma cidade cosmopolita e sem acessórios que amenizam as mudanças (papá, mamá, hermanos) assume “Belzonte”.
Torna-se mãe de quatro filhos e ainda com os caçulas bebês (gêmeos?!) volta para o banco de escola. Inquietação? Vanguarda?
Professora de inglês, representante comercial, contadora de histórias e quase aos 68 anos completos, Psicóloga!!!
Ficção? Futurologia? Nada disso. Absolutamente realidade! Se não fizesse parte dessa história, poderia pensar que tanto o hospital, quanto minha tia “torta” (quem inventou esse termo, provavelmente, nunca teve uma, deliciosamente, recheada de afinidades) são frutos da minha imaginação.
Sara, além de alguns atributos em comum: calçar 39, alta, corajosa, parecidas fisicamente, agora temos algo mais precioso ainda, em comum, somos eternamente aprendizes do Homem!
Beijuuss no seu coração recheados com o meu carinho, admiração e Amor!
Da sobrinha "nada torta", Regina

segunda-feira, 13 de julho de 2009

HOMOSSEXUALIDADE III

J.Lacan
Os psicanalistas pós-freudianos adotaram posturas diversas ao longo de todos esses anos a respeito do tema. O grande expoente da psicanálise francesa, Jacques Lacan, teve uma posição diferente em relação aos homossexuais. Em uma época em que as sociedades psicanalíticas francesas seguiam o modelo americano de impedir o acesso de homossexuais à formação analítica, Lacan os recebia em análise, aceitava-os como membros da Ècole Freudienne de Paris, fundada por ele, e nunca tentou transformá-los em heterossexuais. Para Lacan, entretanto, a homossexualidade não era, como para Freud, uma orientação sexual. Segundo Roudinesco (uma historiadora/biógrafa francesa), a posição de Lacan é bem próxima da de Michel Foucault e de Gilles Deleuze, que valorizavam a perversão como uma contestação radical à ordem social burguesa. Lacan, que dizia haver sempre uma disposição perversa em toda forma de amor, entendia o homossexual de uma maneira bem próxima à de Proust: um personagem sublime e maldito; um “perverso”, pois ele subverte, perverte o discurso dominante da civilização. Por conseguinte, o reconhecimento da homossexualidade como “subversão” não levava nem à discriminação nem a discursos repressivos. É por entender a homossexualidade neste mesmo viés – uma subversão ao discurso dominante – que Bourdieu (2000) deplora a reivindicação de normalização dos movimentos gays, pois ao fazerem isso, voltam contra si mesmos o discurso hegemônico. Mas isso já é uma outra história que no momento não é nosso interesse abordar.
Continua...

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Etiqueta/"Conselhos de D.Lucy II"

Continuando os "conselhos" de D.Lucy, tem um capítulo curtinho com regras simples que devem ser adotadas à mesa. Penso que faltou alguns como "não apoiar os cotovelos na mesa", "não abrir as asas/cotovelos como se estivesse prestes a voar", "não arrotar(urgh!) ou congêneres", "pedir licença para se retirar", "não palitar os dentes ou retocar o batom". Descobri que, ainda hoje, existem cursos ministrados por todo o Brasil para esta finalidade, como esse anúncio da Famesp: "As normas de etiqueta surgiram na antiga França e são sinônimos de requinte e refinamento. Até hoje são importantes, tanto para quem é profissional na área, como para quem gostaria de conhecer um pouco mais deste universo. Aprenda como se comportar nas diversas situações sociais desde um almoço simples até jantares e eventos especiais".

Voltando aos "conselhos" assim estava escrito: As pessoas que se sentam em uma mesa não devem esquecer que:

  • "Quando nos servem em uma mesa de banana com casca, deve-se descascar a banana com faca e garfo e come-se só com garfo".Vocês já imaginaram ou viram alguém comendo uma banana assim? Corta-se com a faca suas laterais, depois um corte central na casca retirando-a e por último, delicadamente, fatiá-la somente com o garfo!

  • "Os garfos e as facas não são floretes de esgrima".Não se pode fazer o que tooodos nós executamos, aquele trança trança com os talheres...Na sua próxima refeição observe os malabarismos que faz. A gente nem acredita!

  • "Não se passa o guardanapo pelo prato em que se vai comer, principalmente quando sendo visita". Olha que nem existia comida a quilo naqueles tempos....

  • "Que o guardanapo é apenas guardanapo e não lenço". Quantas vezes já presenciamos a utilização do mesmo no pescoço, secando suores ou coisas piores???

  • "Não se sopra a comida ou a bebida para torná-las fria". A regrinha básica de comer pelas beiradas, pequenos goles ou bocados.

  • "O garfo e a faca não devem dançar quadrilha nas mãos de quem come, passando de uma das mãos para a outra". Outra versão para esgrima.

  • "Embora a sopa seja saborosíssima, não se deve inclinar o prato para apanhar a última gota". E passar o pãozinho então?

  • "A faca está sempre incompatibilizada com a boca". Aquela lambidinha básica, sabe? Na pontinha da faca num pooode!

  • "Não se bebe líquido algum, sem primeiro enxugar os lábios para não deixar no copo a marca tão apreciada no cigarro da canção". Essa é difícil! Principalmente depois que inventaram esses batons que não saem, que aumentam, hidratam os lábios.

  • "O pão é colocado na mesa para ser comido e não para um pequeno exercício de jogos de bola". Sem comentários... E a conclusão estava lá escrita numa simples frase:
"A mesa é um teste de educação"! Precisa falar mais alguma coisa?

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Eiqueta/"Conselhos de D.Lucy"

Etiqueta é uma ética pequena, regras, normas, estilo... Conjunto de cerimônias que se usam na corte ou na casa de um chefe de Estado. (Aurélio)

Três meses depois da morte de mamãe, iniciamos uma tarefa trabalhosa, mas para mim, mais prazerosa. Olhar as fotos, os papéis, seus escritos, diários de viagens, cartões, convites e cartas recebidas e algumas, só escritas e não enviadas. É um verdadeiro tesouro. Guardava tudo com gosto e carinho. Ela gostava de escrever... Hoje me pergunto - será que foi dela que herdei essa minha ousadia? Penso que ao escrever damos permanência e admitimos que algo aconteceu. Lendo seus escritos tenho mais convicção disso.
Ela sempre se preocupou em nos ensinar boas maneiras, regras de etiqueta que toda “moça de família” deveria saber. E não é que encontramos um caderno intitulado por ela “Para Conselhos” de 1937, escrito à mão (lógico!) com caneta tinteiro? Nessa época ela tinha 15 anos e fiquei pensando na minha filha e nas de tantos amigos em pleno século XXI! Estou ensinando a ela, pelo menos, noções básicas de uma boa educação? Modos à mesa, ao sair com um garoto, quando dorme na casa de uma coleguinha, quando é hóspede por mais tempo de alguma família, etc., etc.? Cabe nos dias de hoje? Seria taxada de antiquada, démodé? Absolutamente http://www.tôfora.com/ ?
Perguntas à parte divido com vocês alguns dos “conselhos” de D.Lucy (não sei a fonte, provavelmente, algum manual ou revista para moças da época) e ao lado de alguns, pequenos comentários/lembranças daquilo que ela nos dizia:

“Ninguém deve entrar em casa de pessoas estranhas como se tratasse da própria, a menos que pudesse o grau de intimidade explicar tal procedimento”. Jamais abra a geladeira, ou armários da casa de quem quer que seja! Isso incluía até mesmo minha avó, meus tios... Até hoje, na casa das minhas irmãs, que dirá amigos, pergunto se posso!

“Um convidado de honra para um jantar deve ser colocado à direita da dona da casa quando sentados à mesa”. Vai comer na copa, porque não tem lugar para todos. As visitas têm prioridade!

Não devemos prolongar uma visita quando os membros da família visitada estão reunidos e conversando sobre assuntos privados”.

“O bom hóspede não deixa nuCor do textonca o seu aposento desarrumado ou a banheira com água em que tomou banho”. Não esqueça de deixar sua cama estendida assim que se levantar! Nem uma gota de água, no chão, quando sair do banho e nem um fio de cabelo na pia.

“O hóspede inteligente, de uma família, deve saber quando pode oferecer sua ajuda e quando é melhor que desapareça imediatamente”. Após a refeição ajude a tirar a mesa e pergunte como mais pode ajudar.

“O hóspede que não queira tornar-se indesejável deve adaptar-se aos costumes dos donos da casa”. Não durma até tarde, pergunte que horas é o café da manhã e esteja à mesa!

“Quando formos a uma reunião social deixemos de lado nossas preocupações e o mau humor. Se assim não pudermos fazer, abstenhamos de comparecer a essas reuniões”. (Por incrível que pareça dessa não me lembro nada, mas sou, desde sempre, assim... Se estou triste, chateada, mal humorada, fico quietinha em casa... Meus amigos podem atestar e já aceitam esse meu, agora batizado, jeito “etiquetado” de ser).

“Não devemos fazer pagarem outros, os contratempos que experimentarmos, nem desculpemos com o nosso nervosismo as atitudes insólitas”.

“Não devemos assinar documentos importantes com as luvas postas, mas algumas noivas insistem em fazê-lo contra as boas regras da etiqueta”.

“A dama deve, no automóvel, sentar-se à direita do cavalheiro, entrando no veículo em primeiro lugar e saindo em último”. Se buzinasse na porta de casa, além de sem educação, esse não “serve” para você não podíamos abrir a porta. Ele vai desconfiar e tocar a campainha como todo moço educado deve fazer. E era ela ou uma das irmãs que recebia primeiramente, só depois de “senta, aguarda um pouquinho que vou chamá-la” que aparecíamos!

“A simplicidade deve ser a voz de ordem quando recebemos visitas e não possuamos empregadas de serviço”. Isso aqui era mesmo uma raridade, já que as empregadas trabalhavam de domingo a domingo.
Continua...







segunda-feira, 6 de julho de 2009

Aniversário e Amizade


Aterrisei por volta das 17horas em Lagoa Santa. Toda a área externa da casa estava decorada com bandeirinhas, lanternas, flores que se misturavam às inúmeras jabuticabeiras. A dupla, que não era sertaneja, tocava e cantava Manoel o audaz e assim voltei no tempo... Década de 70, Colégio Santo Antônio, varanda da minha casa na Santa Rita Durão e os amigos da época. Um deles de apelido Pigão, gêmeo de Pompo, se transformou em Amigo com A maiúsculo. Não sei explicar como é que essas coisas acontecem... Ainda mais em plena adolescência quando somos tão instáveis, sempre buscando estar http://www.tôdentro/ e constantemente nos sentindo http://www.tôfora/.
Ele sempre foi especial. Era inteligente, disciplinado, caxias sem fazer força. Adorava ler e aí tivemos vários encontros. Tinha tempo para o futebol: uma paixão e uma pequena diferença entre nós, ele cruzeirense e eu atleticana... para a música, para os amigos. Sempre foi calmo, tranqüilo e muitos até hoje o acham devagar...Só sei que devagar Piga chega lá. Lá onde as pessoas guardam as emoções, lá no fundinho do coração.
Dos muitos presentes que me deu, no natal de 1978, recebi um livrinho pequenino, delicado, de nome Fidelidade/Soneto de Vinicius de Moraes, que guardo muito mais que uma jóia rara. Nele, recebi essa dedicatória: “Regina, me dá remorso escrever sobre essas florzinhas maravilhosas. Mas eu insisto e tomo fôlego. Tudo o que quero te dizer é que viva como uma florzinha, com essa sua simplicidade, dando amor a quem te cheire. Este livrinho fica em homenagem a alguém que você goste de ser fiel. Fiel no coração, nos ideais, na amizade como a nossa, na vida, do fundo do coração. Regina, se eu soubesse, passava a vida inteira te fazendo feliz...”
Só sei que Pigão e eu, desde essa época, ficamos dentro do coração um do outro.
Volto para Lagoa Santa e saio em busca dos aniversariantes cinquentões! A visão do Piga – nem sei como ocorreu a redução do apelido – de felicidade escancarada num dos sorrisos mais lindos que conheço, braços abertos para abraços apertados, encheu minha alma de alegria. Alegria de fazer parte dessa história, de pensar que são poucas as pessoas que podem dizer que tem um Amigo há tantos anos, que mesmo não se falando ou se vendo todos os dias, o reencontro é sempre atualizado sem nenhum desencontro... Não há espaço nem tempo que separa.
E é através dessa visão, pensando nas lutas, conquistas, dores e amores que tenho a certeza que, de maneiras inexplicáveis, nos fizemos e somos felizes.
Churrasquinho, caldos, feijão tropeiro, leitoa, canjica, cerveja, pinga, caipifrutas, família, amigos, gargalhadas de lembranças gostosas e embaraçosas, iluminadas por uma lua cheia foi dando o tom à festa até chegar a hora dos parabéns.
O que dizer a alguém que a gente encontrou quando tinha uns treze anos? Alguém afinado com a alma, que mesmo quando os caminhos o levaram para longe – “vai pró meio de Machado” – o tempo e a distância não foi suficiente para desafinar! Mais de trinta anos de disponibilidade, torcida, cumplicidade, vibração, confidências, trocas, achados e perdidos...
Meu desejo para seus cinqüenta anos, Piga? Pequenos deleites: a chuva batendo na janela, pão feito em casa, ovo com duas gemas, pôr-do-sol em Meaípe, cigarrim de palha com loura gelada, cruzeiro metendo cinco no galo, uma Vivian aprovada, viagem sem roteiro, sabiá cantando, encontrar o livro que tanto queria, escrever em cima de florzinhas delicadas... E, egoisticamente, que D’US continue te abençoando e protegendo, para que você possa estar na minha vida por mais uns quarenta.
P.S. Fiquei num ciúme só do Chico G. rsrsrs

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Artistas e suas loucuras (Mary/Mary Design)






Final da década de setenta. Caminhava, pela Savassi, vendo as vitrines das lojas descoladas, numa tentativa de esquecer minhas aflições de qualquer adolescente, agravadas pela minha acne, óculos para elevada miopia e dos meus 1,78m que, sempre dificultava encontrar alguém “à minha altura” para dançar nas discotecas.
Parada diante de uma das minhas preferidas, um colar prende meus olhos e aguça minha visão. Era Belo!
A beleza, sem dúvida, está presente em todas as coisas visíveis e invisíveis neste nosso pequeno grandioso universo. Contudo, os olhos que contemplam são capazes de reconhecer o Belo? E o que é o Belo? Eis o grande mistério e encantamento: somos pessoas capazes de reconhecer a beleza diferentemente uns dos outros – mas acima de tudo, capazes de reconhecê-la em algum momento, de alguma forma, durante nossa fugaz e efêmera vida.
Reconhecer o Belo é um dom. Experimentá-lo é o mais alto grau de espiritualidade que nós seres humanos, podemos alcançar. O Belo transforma nosso olhar e nos dá a sensação de integridade, de sermos um com a humanidade. Não há definição para ele, não há como julgá-lo, não há como recusá-lo ou dele escapar. E então, não há credo, raça, conceito ou preconceito que sejam capazes de nos separar.
Bato com o nariz no vidro da vitrine me fazendo despertar desse momento de paixão. Entro na loja e, acanhadamente, peço a vendedora para “ver” o colar. Mera força de expressão: queria tocá-lo, cheirá-lo, sentí-lo em minha pele... Diante do espelho, com aquela peça ao redor do meu pescoço, esqueço minhas aflições, acnes e viajo através dele me sentindo irresistivelmente linda! Quem teria juntado aquelas pedras, tecidos, cores, todas simétricas e perfeitas (alguém lhe ensinou geometria? Algum químico lhe ensinou a arte de produzir cores tão diferentes?)???
Quando fico sabendo o preço da minha paixão, imploro à vendedora que o reserve para mim -não faziam para uma “pirralha” e quando isso ocorria, só mediante “sinal”- enquanto iria correndo, até minha casa, tentar conseguir minha semanada adiantada com minha mãe.
Após muitas argumentações - como é que se explica para uma mãe, uma paixão por um colar???- volto à loja morrendo de medo de tê-lo perdido. Paixão vai embora, é trocada, mas sem ter consciência nessa época, já era um caso de amor.
Ele estava lá me aguardando, e a felicidade tomou conta de mim. Queria saber de onde ele era, qual era a marca, quem tinha feito, mas tanto a vendedora quanto a gerente olhando-me, como se fosse uma "louca" - não fazemos loucuras quando estamos apaixonadas? - não souberam responder.
Passados os anos, sempre fiel à minha paixão - até mesmo fora de Belo Horizonte - fui adquirindo anéis, brincos, colares. Se pudesse teria sempre uma peça de cada criação! Também já conhecia o nome da artista: Mary Figueiredo Arantes.
Quando usava uma de suas peças, e alguém elogiava me perguntando onde havia comprado ou de quem era, respondia com certa resistência, enciumada por ter que dividí-la com o mundo, mas orgulhosa acreditando que ela era “minha descoberta”.
Sempre me senti íntima da Mary. Algumas coisas em comum sempre tivemos: sensibilidade, imaginação - que é coisa mágica, tem o poder para ver e cheirar o que está ausente - adoradoras de, para uns, balangandãs e para nós arte. Mas sempre com uma diferença: eu amei muito cada colar, anel, brinco, tentava seduzi-los, quis fazer amor com eles e até tentei numa época fazer algumas peças. Mas elas não me amaram. Eu tentava, à força, pôr dentro de mim as peças/arte que estavam fora.
Com a Mary foi diferente. As peças/arte nasceram dentro dela. Antes que ela as amasse, foram elas que a amaram. Assim, ela não precisa fazer força.
Usam nomes para isso: vocação, talento. Mas os nomes não explicam. Uma das características das pessoas que têm isso é que elas têm uma enorme felicidade fazendo a sua coisa. O seu trabalho não é trabalho. É brinquedo. Trabalho que é brinquedo tem o nome de arte!
A felicidade está no próprio fazer e não no que se possa ganhar de dinheiro fazendo. O artista faz, mesmo que não ganhe nada. A experiência amorosa é gratuita. O coração vai fazendo dentro e as mãos vão fazendo fora.
Muitas pessoas dizem que artista é "louco", temperamental. E alguém, que o artista é um erro da natureza. Discordo, porque o normal é que a natureza produza coisas parecidas, diferentes umas das outras, mas não muito, tudo dentro da medida. De vez em quando, entretanto, ela erra. Aí surgem coisas assombrosas, inexplicáveis, apaixonantes, como é o caso dos artistas.
Mary é um erro perfeito. Imagino que ela cria misticamente. Em transe. Pelas noites adentro. Quando o corpo já está dormindo e só o inconsciente acordado. Penso ainda, que quando cada fio, aro, entremeio, pedra, tecido, é transformada numa peça, é como se estivesse montando os pedaços coloridos da sua alma.
Muitos artistas, e especialmente você Mary, me fazem acreditar mais ainda em anjos. D’US de vez em quando tem dó de nossa condição e nos envia esses seres inexplicáveis para experimentarmos a alegria do mundo de beleza perfeita!
Ah, é realmente uma pena que não dá para acrescentar ao ditado "De médico, artista e louco todo mundo tem um pouco" isso é só prás Marys da vida!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Artistas e suas Loucuras (Denise/Verde que te quero Verde)

Sempre fui apaixonada por todas as manifestações artísticas. Quando recebo e.mails com “esculturas” em legumes, areia, flores, chocolates, “pinturas” em corpos, telas, 3D, 4D, “dança” com dedos, mãos, corpos inteiros, “música” orquestrada, solada, com as mais variadas interpretações, “literatura”, “fotografia”, “vídeos e filmes”, “propagandas”, “design de objetos” enfim, quando a criatividade aliada à sensibilidade, explode em cada detalhe, me encanto! Fico encantada (que nem Contos de Fadas) e durante esse tempo me perguntando como é possível? De onde tirou essa idéia? Como conseguiu? Estou realmente vendo ou é minha imaginação?
Artista é "louco". Temperamental. Genioso. Tem que ser... Se fosse como nós, pobres "normais", não criava, não seria único: copiava. Acho que é uma espécie de gente que nunca deixa de ser criança: transforma um pedaço de pau em espada poderosa, do papel um navio Titanic que nunca afunda, de uma latinha, um carro de fórmula um.
Denise é "louca". Ah é! Quando a vi, agachada, arrumando delicadamente as pétalas de rosa que formavam um tapete “persa (?)” e que insistiam em sair do esquadro que tinha criado, para dali a poucos instantes, todo o cortejo do casamento da minha sobrinha passar e atrapalhar tive essa confirmação!
Nunca fui a uma festa sequer que a decoração fosse igual. Quando acho que não tem mais nada para ela “inventar” me encanto e meus olhos ficam vidrados com suas “loucuras” e viajo pela Terra do Nunca... A mistura que ela faz de flores, cores, alto-baixo, pequeno-grande, largo-estreito, é coisa de PHD em engenharia, física e química. Penso que D’US manda esses seres de vez em quando, aqui para a terra, pra gente não se esquecer nunca de que tudo é possível!
Se vocês não acreditam e quiserem comprovar o que estou dizendo, dá uma olhada no blog da Lúcia (sua sócia) ou então entra no site http://www.verdequetequero.com/
Tenho outros artistas “loucos” que amo de viver, mas você Denise (só entre nós duas) é uma das minhas “loucas” prediletas.
Quem sabe um dia, vou ter uma festa “loucamente” decorada por essa artista maravilhosa? Quem viver, verá. Ah, é uma pena que não dá para acrescentar ao ditado "De médico,artista e louco todo mundo tem um pouco" isso é só prás poucas Denises da vida.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

HOMOSSEXUALIDADE II

Já escrevi em outros posts da minha paixão por Freud e uma das suas características mais brilhantes (em minha opinião) é que ele não apenas argumentava seus pontos de vista teoricamente como os sustentava na prática.
Em 1903, quando a homossexualidade era tida como um problema médico e jurídico, o jornal vienense Die Zeit pede a Freud que se pronuncie sobre um escândalo envolvendo uma importante personalidade acusada de práticas homossexuais. Ele se posiciona, dizendo que:
A homossexualidade não é algo a ser tratado nos tribunais. [...] Eu tenho a firme convicção que os homossexuais não devem ser tratados como doentes, pois tal orientação não é uma doença. Isto nos obrigaria a qualificar como doentes um grande número de pensadores que admiramos justamente em razão de sua saúde mental [...]. Os homossexuais não são pessoas doentes”. Temos ainda para exemplificar a sustentação, na prática, de Freud em relação ao tema, uma famosa carta, escrita por ele em 1935, a uma mãe americana que solicita seus conselhos sobre seu filho homossexual:
A homossexualidade não é, certamente, nenhuma vantagem, mas não é nada de que se tenha de envergonhar; nenhum vício, nenhuma degradação, não pode ser classificado como doença; nós a consideramos como uma variação da função sexual”.
Hoje sabemos que o ser humano é regido pela dimensão do desejo que, submetido às leis da linguagem, frustra qualquer apreensão direta de sua finalidade. Ao buscar o prazer, a sexualidade escapa à ordem da natureza e age a serviço próprio "pervertendo" seu suposto objetivo natural: a procriação. Subordinar a sexualidade à função reprodutora é "um critério demasiadamente limitado", adverte Freud. Isto vem mostrar à biologia, à moral, à religião e à opinião popular, o quanto elas se enganam no que diz respeito à natureza da sexualidade humana: a sexualidade humana é, em si, perversa - entendida aqui em seu sentido primeiro: desvio de uma finalidade específica. Ou seja, em se tratando de sexualidade, não existe "natureza humana" pois a pulsão sexual não tem um objeto específico, único e muito menos pré-determinado biologicamente.
Tanto o heterossexualismo quanto o homossexualismo são posições libidinais e identificatórias que o sujeito alcança dentro da particularidade de sua história: as duas formas de manifestação da sexualidade são igualmente legítimas. Tratar o homossexualismo como perversão, depravação, pecado e outros tantos adjetivos é uma visão reducionista e preconceituosa, reflexo do imaginário judaico-cristão, que privilegia problemas de alcova - situa os principais pecados da humanidade nos quartos de dormir! - deixando fora do debate as verdadeiras questões éticas.