Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

quinta-feira, 16 de julho de 2009

NUNCA É TARDE


Recebi essa semana um convite de formatura (engenharia civil) de uma ex-cliente. Não teria nada de especial se não fosse uma mulher, septuagenária, que após criar os filhos, ser avó e bisa, correu atrás de seu sonho de moça: fazer seu curso superior e segundo ela “atuar na área”. Nele ela presta uma “homenagem” à minha pessoa, como se eu fosse a responsável por mais essa conquista! Não, I. não sou. Fizemos um trabalho juntas e você, com sua garra e determinação admirável, mostrou como é possível sustentar seu desejo! Alguns anos atrás aconteceu o mesmo com uma tia e aí abaixo está o que, na época, lhe escrevi. Para você, DRA.I., a minha reverência e homenagem:

Tia Sarita, Tia Melancia, Sara Querida.

É uma quinta feira. Da entrada do hospital e clínicas especializadas às alas internas, grafites enfeitam as paredes. Nas maternidades, gestantes ouvem suas músicas preferidas antes e durante o parto. É a celebração da vida. Ao som de Vivaldi, Mozart, bebês são acolhidos no berçário. Embalados pelas composições suaves, dormem melhor e a amamentação é facilitada; os prematuros precisam de menos remédios. É o som da vida.
No “castelo” – a escolinha de arte do complexo hospitalar – crianças com doenças graves, como câncer e problemas cardíacos, fazem toda sorte de reinações artísticas: música, teatro, dança, pintura, fotografia. Nos leitos, outros escutam contos de fadas e criam as próprias histórias.
Ficção? Futurologia? Nada disso!
Uma jovem, alta, grande mesmo para os padrões locais, calçando 39, argentina, hablando espanhol, aterrissa na “capitá” das Minas Gerais.
Letrada, porém sem as habilidades esperadas para uma noiva: costurar, bordar, cozinhar... sai de uma cidade cosmopolita e sem acessórios que amenizam as mudanças (papá, mamá, hermanos) assume “Belzonte”.
Torna-se mãe de quatro filhos e ainda com os caçulas bebês (gêmeos?!) volta para o banco de escola. Inquietação? Vanguarda?
Professora de inglês, representante comercial, contadora de histórias e quase aos 68 anos completos, Psicóloga!!!
Ficção? Futurologia? Nada disso. Absolutamente realidade! Se não fizesse parte dessa história, poderia pensar que tanto o hospital, quanto minha tia “torta” (quem inventou esse termo, provavelmente, nunca teve uma, deliciosamente, recheada de afinidades) são frutos da minha imaginação.
Sara, além de alguns atributos em comum: calçar 39, alta, corajosa, parecidas fisicamente, agora temos algo mais precioso ainda, em comum, somos eternamente aprendizes do Homem!
Beijuuss no seu coração recheados com o meu carinho, admiração e Amor!
Da sobrinha "nada torta", Regina

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