Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

DIÁRIO NADA SECRETO


Quem de nós nunca teve um diário? Aquele caderno no qual escrevíamos as brigas com os irmãos, as dificuldades vividas na escola, das melhores amigas, das festinhas que iria ter e da esperança que “ele” te tirasse pra dançar, das tristezas e da raiva quando os pais não nos deixavam ir com a turma na matinê, daquela “popular” que não te dava a mínima bola e a gente querendo tanto fazer parte do grupinho dela, da calça que você queria comprar, mas quando juntasse todas as parcas semanadas, já estaria fora de moda, das paixões unilaterais sentidas, desaguando em lágrimas, embaladas pelo vinil da moda...
Diário que era escondido num lugar super, hiper secreto! O medo de algum irmão enxerido encontrar e ler, nos fazia sempre buscar novos esconderijos para que nenhum Indiana Jones o achasse. Com o tempo esse problema se resolveu - começaram a produzir diários com cadeado e chave! Não peguei essa época, mas minha filha teve vários e às vezes ela não sabia onde tinha escondido a minúscula chave.
O que era super íntimo, privado, se tornou público: o blogger é um diário aberto! Adultos, adolescentes e até mesmo crianças tem um. Escrevemos o que queremos, postamos fotos, descrevemos fatos, externamos nossas emoções. E não adianta nem colocar só as iniciais dos nomes que, pra quem é amigo, sabe-se muito bem decifrar e identificar o abecedário. E para os não tão íntimos, nesse mundinho que se tornou tão pequeno, é só juntar dois mais dois.
Ontem, no consultório, aconteceu algo que dá certa continuidade no post anterior. Atendo o telefone:
- “Queria marcar uma consulta!”
- Quem fala?
- “........” (sem resposta)
- “Queria saber o preço da consulta?”
- Você foi indicado por quem?
- “Não, por ninguém, vi no site.”
- Hum... No site? Você vem aqui e conversamos sobre isso pessoalmente.
- “.......” (silêncio) “Então obrigado.” E desligou o telefone.
Fiquei apreensiva. Não, primeiro foi medo mesmo! Depois uma estranheza – como é possível alguém marcar uma consulta com qualquer profissional da área de saúde sem nenhuma indicação prévia???? Se pedimos uma para eletricistas, bombeiros, mecânicos, vamos entregar nossos corpos e/ou "almas" para alguém localizado num site?! Isso fica para outro post. Aí fiquei "paranóica" - não tenho site nenhum, e aqui (nesse diário) não tem nem meu endereço, nem telefone comercial. Lembrei de André procurando pelo Mano Gil e coloquei meu nome no google - lembre-se que sou uma BIOS - e lá estava, em segundos, não sei quantas páginas abertas com meu nome, endereço e telefone.
Nada virtual (só a busca) estamos todos aí, para sermos encontrados mais fáceis e rápido que agulha no palheiro!

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