Quarta-feira, o7 de novembro de 2007. Acordei tonta, com muito mal estar e pensei: mais uma crise de P.I.ª (p....da idade avançada) ou novamente a tal da labirintite (também considerado um dos sintomas de P.I.ª)?
De qualquer maneira, independente do diagnóstico, tive que cancelar toda a agenda do consultório, pois a zonzeira insistia em colocar meus pensamentos a girar como estivesse naqueles brinquedos de alta rotatividade.
Muitas e muitas voltas depois, uma imagem de alguém, muito querida, insistia em pegar carona no meu brinquedo e junto com ela perguntas, comentários, notícias e orações sobre seu estado de saúde. Meu mal estar aumentou e pensei: como posso ser mais efetiva para ajudá-la? Peguei o telefone de impulso e liguei para o Richard onde tento transcrever o nosso diálogo:
Ri: Alô!
Re: Richard, tudo bom?
Ri: Ótimo!
Re: Posso falar um minutinho?
Ri: Claro! Fala menina! (amei o menina e por instantes a síndrome de P.I.ª deu trégua)
Re: Estive pensando em tudo que está acontecendo com nossa Márcia Abobrinha e uma idéia surgiu para podermos ajuda-la com as novas necessidades que surgiram a partir dessa última cirurgia. O que você acha de fazermos um Bazar? Tenho alguns amigos lojistas, pedirei algumas doações de produtos, blá, blá, blá...
Ri: Ótima idéia, menina!
Re: E... (toda sem jeito, mas com a cara de jacarandá que D’US me deu) Você pode doar mais um pedacinho da sua casa para monta-lo?
Ri: Claro!
Ri: Claro!
Combinamos que montaríamos o Bazar no sábado e sem perder tempo ainda no meu brinquedinho rotatório liguei para Júnia, Renato, Márcia do Godoy, Syl e Zé, Bê (obrigada pelo design, espero que ele se torne nossa “marca” para outros trabalhos que surgirem) expus a idéia e solicitei ajuda. Em seguida dei os telefonemas para os amigos lojistas e magicamente a corrente se fez de uma maneira indescritível!
Sábado chegou e estávamos montando o I Bazar da Casa do Richard com as doações esperadas e inesperadas (Cristina, obrigada). De todos, e tudo que pedi, só recebi sim como resposta!
Ao longo desses nove dias de Bazar, alguns sentimentos me vieram e compartilho agora com vocês.
Quando se é criança é educada, a doar, a fazer caridade, a ajudar o próximo mais necessitado, mas esqueceram de nos ensinar a receber: o amanhecer de cada dia, o funcionamento perfeito de nossos corpos, as nossas conquistas, as risadas, o companheirismo, os momentos de êxtase, o sol que aquece, a chuva que faz nascer, as estrelas que iluminam enfim, todas as Graças que recebemos do PAI, totalmente 0800!
Pude sentir na minha alma, como tudo aquilo que lemos em e-mails, estudamos nos livros, ouvimos em depoimentos, vemos em filmes é realmente possível de acontecer... Quando trabalhamos com e através do coração tudo flui, acontece, se concretiza.
Penso que cada um de nós chegou a esta casa por algum motivo, buscando alguma coisa, trazendo outras. Uns permanecem, outros vão e voltam, alguns não retornam, mas em algum momento, através de bilhetes, presença física ou espiritual, estão aqui recebendo a energia de amor incondicional do PAI.
Descobri também que uma palavra – sintonia - está ligada a afinidade, e harmonia a paz. Você gosta do verde, eu do amarelo. Nós não estamos em sintonia, mas mesmo assim, podemos viver em harmonia. Podemos juntar nossas cores e criarmos um verde-amarelo esfuziante. E, se não der, por qualquer motivo, reunimos nossas cores nos respeitando.
Assim, nesses últimos dias pude voar e sentir o que acontece quando nos unimos e nos empenhamos sintonizados e harmônicos.
Agradeço ao Richard e a Lúcia que através de seu desapego disponibilizaram mais um pedaço dessa casa para concretizarmos essa vivência.
Agradeço a cada amigo que recebeu e atendeu nosso pedido.
Agradeço a cada pessoa, que entrou nesta casa e se solidarizou com nossa empreitada.
Agradeço a cada trabalhador da Casa do Richard que, ano após ano, doa seu tempo, seu amor, sua luz para todos que aqui entram às terças e quintas oficialmente e nos outros dias também. OBRIGADA SEMPRE!
Saudades de fazer...
Saudades de fazer...
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