Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

domingo, 29 de novembro de 2009

FAXINA DE FIM DE ANO



Não sei bem os motivos, mas todo final de ano repetimos alguns rituais. Arrumar a casa é um deles e não estou me referindo a decorá-la para o Natal. Reformas, pintura, aquisição de móveis novos – recordes de vendas nas lojas especializadas – ocorrem sempre nessa época. E claro, muitos dissabores: como a cortina que não ficou como queríamos, o sofá novo que não chegou à data prometida, a decepção com aquele objeto de arte, há anos desejado, e que não ficou nada bacana naquele cantinho da sala que você sonhou! Mas, além desse tipo de arrumação, nos metemos a faxinar os armários, gavetas que ao longo do ano não tivemos tempo para fazer... Já sabemos, de cor e salteado, que só quando liberamos aquilo que está velho, sem uso, liberamos espaço para o novo entrar. Alguns dão a isso o nome de doação, outros de desapego. Faz um bem danado, à alma, doar roupas que não nos servem mais, brinquedos parados e principalmente limpar as gavetas do coração de lembranças, que incomodam e só ocupam espaço! Desapego, segundo o dicionário, é ausência de afeição, desinteresse. Será que tudo, tudo que é nosso, é desinteressante e não possui nem um pouquinho de nosso afeto? As revistas, jornais, TVs vivem proclamando a renovação, a inovação, o novo, a troca, o descartável... Que chatice! Nem tudo quero descartar: minha história – com erros e acertos – não é descartável, minhas lembranças – tristes e alegres – não são descartáveis, meus afetos também não! Não dá para se desapegar daquele amor, que mesmo sendo finito, me fez também, ser o que sou hoje. Não quero doar aquele chinelo surrado, mas que já tem a forma confortável dos meus pés. Nem mesmo aquela camiseta grandona, e desbotada de tanto lavar, que uso na minha intimidade. Certos apegos fazem bem ao coração e a alma. A gente deve se desapegar somente daquilo que nos pesa. Solidariedade, amizade verdadeira, carinho, amor, por exemplo, cabem em qualquer lugar e, para mim, são leves como plumas.

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