Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

FILOSOFANDO A VELHICE


Envelhecer não significa, necessariamente, adoecer. A pessoa pode aprender a conviver com as limitações impostas pelo passar dos anos e manter-se ativa até fases tardias da vida. Infelizmente, o que acontece com mais freqüência é o envelhecimento anormal, patológico, que causa a incapacidade progressiva para uma vida saudável e ativa. A isso, chama-se senilidade. A inevitabilidade deste processo sempre intrigou o ser humano. O filósofo, jurista e político do Império Romano, Cícero, questionava a velhice. Segundo ele, são quatro as razões que dão à terceira idade imagem tão ruim: ela nos afastaria da vida ativa; enfraqueceria nossos corpos; privaria-nos dos melhores prazeres; e nos aproximaria da morte.
Contra a primeira razão, Cícero argumentava que as qualidades capazes de nos levar as grandes realizações são a sabedoria, a clarividência e o discernimento, das quais os idosos não estão privados e, pelo contrário, talvez até as tenham mais que os jovens.
A falta de vigor seria o segundo inconveniente suposto da velhice. Cícero sugeriu que os idosos lutem contra o sentimento de frustração e se sirvam daquilo que têm. Ele condenava a supervalorização do desempenho físico em detrimento da capacidade mental e espiritual. A privação de prazeres seria o terceiro agravo. O filósofo romano se valeu das idéias de outro pensador, Arquita de Tarento, para afirmar que a busca desenfreada do prazer embota a razão e turva os olhos do espírito, trazendo mais prejuízos do que benefícios ao homem. Cícero repetia que, ao renunciarmos a banquetes, mesas fartas e taças generosas, renunciamos também à embriaguez, à indigestão e à insônia. Resta examinar a quarta razão de se temer a velhice: a aproximação da morte. Na verdade, a morte nos espreita a todos. Diante do inevitável só há duas alternativas, segundo o pensador: ignorá-la, se pensarmos que a morte é o desaparecimento da alma. Ou desejá-la, se ela confere à alma a imortalidade. Cícero terminava fazendo uma exaltação aos que conseguiram chegar à velhice e avaliava que o mundo seria mais justo se fosse composto por uma maioria de idosos, pois a inteligência, o julgamento e a sabedoria são próprios da terceira idade. Para ele, o mais importante é encontrar o prazer e o encanto de todas as fases da vida!

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