Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

sábado, 26 de junho de 2010

HEALING: MI SHEBEIRACH

                           
Na última quarta-feira fui ouvir um outro tipo de música. Qualquer que seja a religião gosto de escutar  o que aquelas orações me dizem. Mesmo não entendendo as letras, sinto-as com a audição da minha alma, e é através dela que me sinto ou não tocada. Recebi o convite para assistir o chazan Andrew Bernard, americano, que esteve se apresentando em alguns estados brasileiros.  Chazan ou hazzan ( do hebraico חזן cantor) é o nome dado ao cantor litúrgico treinado, dentro do judaísmo, para guiar a recitação das orações nas sinagogas. Andrew se formou no Conservatório de Música de Oberlin e fez Mestrado e Doutorado em regência de coral na Universidade de Washington.  Sua formação - judaísmo progressista/reformista -  para Chazan ocorreu no Hebrew Union College, local onde se graduam Rabinos, Educadores e Chazanim. Confesso que esperava um outro tipo/timbre de voz e fiquei com vontade de ir embora assim que houvesse um intervalo. Ainda bem que não teve e minha educação não me permitiu abandonar o recinto. D'US sabe realmente o que faz: a última música/oração apresentada em duas versões MI SHEBEIRACH me encantou. É uma das orações judaicas centrais para aqueles que estão doentes ou em recuperação de doenças ou acidentes. Com uma visão holística da humanidade, ele reza para a cura física, bem como a cura espiritual, pedindo a benção, a compaixão, a restauração, a força, e o retorno para o seio da comunidade e de outras pessoas, aqueles que enfrentam a doença. Oração para todos os seres humanos que necessitem de "healing"/cura.
Mas afinal, o que é Healing? Qual sua relação com a sabedoria da tradição judaica? Mais abrangente do que a cura física, o Healing cuida de uma força inerente à vida, difícil de definir objetivamente, cujo movimento se orienta naturalmente em direção à totalidade (Shlemut), à reorganização, à integração, e a uma das maiores qualidades da vida: a resiliência (capacidade de voltar a sua forma ou organização anterior). Explicando melhor: como uma planta que insistentemente busca a direção da luz do sol, temos dentro de nós, uma propulsão natural para reconstruirmos o caminho do equilíbrio. Às vezes, isso representa a própria cura física. Às vezes, o corpo não apresenta sinais de cura, mas há transformação, o encontro de um significado ou equilíbrio, uma nova percepção integrativa, que ajuda a manter ou redescobrir a esperança, a fé, a paz. Viver ou testemunhar doenças, perdas ou crises, embora dolorosas, muitas vezes desperta uma força interna, permitindo que na “escuridão”, abaixo da superfície, sementes de uma nova dimensão de liberdade e sabedoria comecem a germinar, dando origem, na estação certa, a frutos especiais, sagrados. Esta também é a força do Healing. Para evitar o sofrimento, muitas vezes reagimos estreitando nossa percepção, anestesiamos nossos sentidos, ampliamos a distância que nos separa do outro. Buscamos negar sentimentos que nos “ameaçam”, simplesmente por não sabermos como lidar com eles. Levantamos muros que nos protegem. Estas mesmas defesas acabam nos isolando, dificultando a entrada da “luz do sol”, tão necessária. A “planta” pára de crescer, a força fica latente. O que podemos fazer para facilitar a reativação dessa força? Entre outras possibilidades “terapêuticas”, para que o Healing aconteça, precisamos encontrar uma Sucat Shalom, uma “tenda de paz”. Um lugar seguro, em que a vulnerabilidade, a dor, a solidão e o medo possam vir à tona e serem expressos. Um lugar onde nos sentimos protegidos e novamente conectados e significativos. Onde possamos compartilhar e dividir a carga que está sobre nossos ombros e encontrar amparo e orientação. Conheci através do Chazan Andrew Bernard não só uma nova versão de MI SHEBEIRACH, mas sua compositora  Debbie Friedman - muito conhecida nos EUA - e sua voz belíssima. E mais do que isso: HEALING a partir da tradição judaica. Aqui estão duas versões, uma mais curta e outra mais completa. Agradeço ao Rabino Leonardo Alanati - da Congregação Israelita de Minas Gerais - por esse convite, informações fornecidas e sua promessa: de que me enviará um CD com as orações/melodias/composições de Debbie Friedman.





13 comentários:

  1. Olá Rê
    É curioso que, não me considerando católico, apesar de me terem baptizado e obrigado a fazer a comunhão, nem praticando qualquer outro tipo de religião, me sinto tremendamente emocionado perante as multidões maiores ou menores, crentes.
    Então os cânticos, indiferentemente da religião, mexem muito comigo !

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  2. Rê, bom dia.
    A beleza das músicas religiosas é um fenômeno intrigante.
    Como pode algo que não entendemos nos tocar dessa forma?
    Não sei das dificuldades, mas seria possível a tradução "pro portugueiz" dessas duas músicas?
    Bjs.

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  3. Perdi essa! Mas não perderei a próxima, pode me chamar. Mesmo que o Zé amado fosse eu não iria, pois há dias em que tenho uma dor generalizada insuportável, efeito colateral do remédio contra Ca. Além disso estava tensa, pois tinha um ultrassom marcado e fico ansiosa até sair o resultado, que foi o melhor possível: estou limpíssima e a alma também está lavada, engomada e passada. Tôfeliiiiiiiiz! No próximo cavalinho selado que passar olha eu pegando garupa! Obrigada por ter disponibilizado os vídeos acima. Beijos

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  4. Regina, desconhecia completamente o género de musica religiosa e os seus autores, estive a ouvir, preferi a 2ª versão....gostei bastante...uma óptima semana para si. bjs

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  5. A música é o reflexo da nossa alma. UNe as pessoas e nos acalma . Tenho um mimo para vc, passe no meu blog e retire. Mil bjus

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  6. Rê, querida amiga:
    A música litúrgica, como outras músicas, têm (nem sempre) o condão, de mesmo não entendo a letra, nos emocionar. Não entendendo o que dizem fico na mesma maravilhado pelas vozes que ouço como se um instrumento fossem e, posso dizer que neste caso, foi o que aconteceu.
    Ouvi com atenção as duas que aqui disponibilizaste e gostei muito da segunda.
    Nunca é de aconselhar desistir à primeira, seja no que for, como tal ainda irei ouvir uma vez mais a de cima e quem sabe consigo outra empatia.
    Um excelente domingo que já está aí à porta e tudo de bom para ti.
    Kandandos a atravessar tanto mar...

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  7. Como sempre O vaso dá uma forma ao vazio e a música ao silêncio .

    Beijo.

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  8. Bonitas músicas. Vozes bem timbradas, excelentes.
    Ouvindo estas músicas acalmamos a nossa ansiedade e voltamos à origem do amor maior

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  9. Rui, amado!
    É como escrevi... Qualquer das manifestações artísticas, não necessito de entender. Simplesmente as sinto com minha alma. No caso da música, de qualquer tipo e em qualquer língua, fecho meus olhos e tento enxergá-las com o meu coração.
    Beijuuss n.c.

    JC,amado!
    Sei que ambas as versões são baseadas no salmo 121 que diz:
    "Um Cântico às Ascensões. Ergo meus olhos às montanhas; donde virá minha ajuda? Minha ajuda vem do Senhor, Criador do céu e da terra. Ele não permitirá que teu pé tropece, teu Guardião não cochilará. Eis que o Guardião de Israel não cochila nem dorme. O Senhor é teu Guardião, o Senhor é tua sombra à tua mão direita. O sol não te molestará de dia nem a lua à noite. O Senhor te protegerá de todo mal, Ele guardará tua alma. O Senhor guardará tua saída e tua chegada, desse tempo e para sempre."
    Como esse Chazan, a Debbie, também progressista, incluiu dizeres universais e ligados à cura do planeta. Para não fazer uma tradução livre (só de ouvido), pedi ao Rabino que me enviasse a letra completa em inglês/hebraico e tradução. Assim que receber tenha a certeza que postarei. À propósito, o segundo vídeo é a versão que a Debbie criou e as imagens falam por si só(é cantada por um Rabino americano tb progressista). A primeira postei, para que ouvissem a voz dela, mas é a versão "ortodoxa". Não consegui no youtube um vídeo, de boa qualidade, com ela cantando a versão completa.
    Beijuuss n.c.

    Ângela, amada!
    Que notícias MARAVILHOSAS!!! Tô felizzzz dimaiiissss. Aproveitei e pedi também ao Rabino aquilo que tinha me solicitado...não me esqueci, aliás tento não me esquecer dos pedidos de pessoas ILUMINADAS E AMADAS como vc. E minha linda, surgirão outras tantas oportunidades como essa e você estará juntim de mim. É só não ficar taaaaaaanto tempo no seu Santuário privè rsrs.
    Beijuuss n.c.

    Alfa, amada!
    Que bom vê-la aqui. Como cantos gregorianos, qualquer música, litúrgica ou não, gosto de apreciar para depois "emitir" qualquer opinião. Agora, tem como não ser tocada, por uma oração/ melodiosa como essa, que pede pela "restauração" de cada um de nós, de toda a humanidade, do planeta???? PURO AMOR...
    Beijuuss n.c.

    Mariza, amada!
    Vou lá tá? Já agradeço a visita, o carinho e a lembrança!
    Beijuuss n.c.

    Kimbanda, amado!
    Como já dei as "explicações" ao JC não carece repetir rsrs Mas como um artista que és, poeta sensível, feche os olhos e só ouça a voz dessa mulher... Para você, meu amigo amado, um domingo abençoado ao lado de tudo e todos que ama!
    Beijuuss n.c. do lado de cá do Atlântico

    Manuel, amado!
    A música "preenche" o silêncio e muiiiitas, muiiiitas vezes, para mim, é uma grande companheira de viagem.
    Beijuuss n.c.

    Luis, amado!
    É isso mesmo: além de serenarmos, eu me conecto a ELE (apesar de não carecer de nada para tal) rapidim.
    Beijuuss n.c.

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  10. A música nestas condições parace criar mesmo a capacidade de regeneração, sobretudo quando conduzida com fé e amor. As músicas astrais que coloco em sessões de reiki contribuem para o trabalho como um tdo. Bjos e bom domingo!!

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  11. André, amado!
    E eu que não sabia que "trabalhava" com Reiki??? Se antes já te achava chic, agora então.... CHIQUETÉRRIMO!
    Beijuuss n.c.

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  12. Independente do que alma nuestra sinta amada terepeuta blogosferica de vida minha,a música para todos nós é um dalma estado!
    Mi sacode,perceber sintonia nuetra,embora não sustente,amor esse abissal em superior forma sintonia amizade blogosferica essa,gozo é,mui além de corpus,tão somente de vivalmas nuestras essas!yessssssssssssssssssssssssssssssssss
    huhuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu
    mais ki magia essa viver nuestru!

    viva la vida

    smaaaaaackkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  13. Ricarrrdo,amado!
    Não carece de sustentar nada... Se a musicalidade afetou você, de alguma maneira, sinto "missão" minha cumprida. Sintonia afinada me é mais que suficiente.
    Viver é essa magia: SINTONIA!
    Beijuuss, ILUMINADOS, n.c.

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