Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

quinta-feira, 31 de março de 2011

VOU ME EMBORA PRO PASSADO

Não vivi tudo o que o poeta diz, mas convivi. Deu uma saudade da casa de minha mãe...Então, deixo aqui minha homenagem as minhas irmãs mais velhas, amigos e leitores que sabem de cada item declamado nesse poema histórico. São sete minutos de uma viagem no túnel do tempo. Rebobinando a memória, revolucionando a alma. Eu tenho lá outras saudades, que dariam bem mais que esses minutos declamados. História sem fim. Mas convivo "bem" com o meu presente.
(Imagem: internet)

terça-feira, 29 de março de 2011

BENEDITA BENDITA BENI...BENDITOS AMIGOS

Tenho uma irmã que mora em Barcelona. Não é filha do mesmo pai nem da mesma mãe. É filha, como eu, DELE. Tornamos-nos amigas, irmãs de alma nos tempos de formação psicanalítica. Ela foi, senão a maior, a mais eficiente psicomotricista que tive a honra de conhecer. Os caminhos que a vida toma a levaram daqui para Araxá e posteriormente para Espanha. Nem os quilômetros daqui até as termas nem a imensidão do Atlântico nos distanciaram. É algo que não se explica. Sentimentos da alma. Hoje me lembrei de nossa conversa ao telefone. Parecia que estava aqui em Beagá e, depois de horas se ocupando de mim, posso reafirmar que quem tem irmiga assim não morre pagã.
O individualismo hoje é tão grande que, para entender o problema de alguém, é preciso senti-lo na própria pele. As pessoas estão perdendo – se é que já não perderam – a capacidade de se colocar no lugar do outro pela simples razão de que se colocam à frente ou acima dele. Está cada vez mais difícil conviver porque está cada vez mais difícil esquecer-se do próprio bem-estar para conceder ao outro um momento de satisfação ou de conforto.
Assim como esse telefonema, recebi uma "carta" com depoimentos de alguns AMADOS daqui que junto com alguns emails, conversas no MSN vêm confortando e aquecendo minha alma nesses tempos hibernais. Fico pensando como essas ligações acontecem. Pessoas que nunca se viram cara a cara. Afinidades que se configuraram através das letras e para além desse espaço.
Gente que se ocupa em ser Gente com a gente. A_gentes no bem-estar alheio. E aí tenho esperança... Esperança que existem pessoas se esforçando para encolher o “eu” que nossa cultura inflou. Algumas coisas não podem ser aceleradas, têm um ritmo natural. Os relacionamentos entram nessa categoria. Você não pode obrigar a alguém a se apaixonar por você mais rapidamente porque quer se casar em maio. E não pode apressar uma amizade que está começando porque precisa de companhia para viajar no próximo feriado. Essas coisas têm seu próprio tempo. Não é só formar um vínculo afetivo que requer tempo: mantê-lo também exige disponibilidade, algo raro em nosso mundo pautado pelo tic-tac do tempo é dinheiro.
Tenho saudades dos tempos que não precisávamos telefonar antes para avisar que íamos à casa de um amigo. Aparecíamos e não era uma surpresa saia-justa. Braços abertos, sorriso escancarado era o convite para a mesa do café. Sei que esses tempos mudaram – como se transformaram! - e chega a ser falta de educação aparecer assim. Mas que tenho saudades isso o tempo não há de me roubar. Em nossa cultura, é preciso fazer um esforço consciente para que o prazer da convivência com pessoas queridas não desapareça. Mas é um esforço que vale a pena! Toma tempo é verdade. Mas tem sido assim que venho sendo resgatada – aos poucos e por poucos – dessa toca que me encontro.(RR)

domingo, 27 de março de 2011

APAGÃO

Não estava chovendo, nem trovejando e muito menos relampeando. Poderia até estar assim internamente...Mas não há toró que dure para sempre. Como aqueles momentos que a tempestade dá uma trégua, li e reli algumas mensagens recebidas do "panelinha". Panelinha cheia de amorosidade e que tem meu OBRIAGADA constante e pulsante. Não mais que de repente tudo ficou preto e foi assim:
- Preeeeta!!!! Acabou a luz?
- Que luz mãe?
- Luz ora essa! Energia!
- Tá de dia... não tem luz acesa. ECONOMIA né?!
- Olha aí que nem consigo levantar. Meu lap apagou!
- Como assim??? Não mãe, tem luz sim!
- Ah neim... TAQUEOSPARIU! Ele não acende... Que que eu faço???
- Calma mãe, muita calma nessas horas. Deu alguma mensagem antes?
- Que mensagem que nada. Desde quando PC dá aviso-prévio? #p*&%#*¨¨m#&%
-  Liga pro cara do computador.
- Ah tá.
Telefonema dado, tentativa de tirar a bateria, recolocá-la , ligar, o computador  é levado - para análise e diagnóstico - recebo a notícia:
- Queimou a fonte.
- Que fonte?
- A placa da fonte de alimentação. (Aqui fiquei matutando, no desejo que minha fonte de alimentação, junto com meu pecado maior tivesse tostado!)
- Ué? Como assim? Como acontece? Mau uso? Desgate?
- Nessas coisas eletrônicas não é fácil explicar os motivos, mas pode ter sido uma ocilação energética... Provavelmente ele estava ligado (na tomada) quando isso aconteceu.
- Ahhhhhh. Oscilação da proprietária também provoca isso?
- ???
- Já tô sentada. Pode falar em quanto fica.
- Fonte nova + motoboy + mão-de-obra = R$275,00.
- Quaaaaanto???? É de ouro? Tá maluco? Posso pagar de quantas vezes? Quanto tempo de garantia?
- À vista e a garantia são 90 dias.
Resolvido os acertos - depois de um chororô - fiquei eu pensando que os profissionais formados em cursos técnicos estão muito, muito melhores que os diplomados doutores.



quinta-feira, 24 de março de 2011

730 DIAS

“... Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro- mas a morte é inevitável, portanto normal... O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS quem morreu...” (Caio Fernando Abreu)

Falaram que melhorava. Talvez para que me animasse.  Intenção boa dos que já viveram. Mas o que melhoraria? A saudade...
 A vontade de pegar o telefone e dizer como sua neta está com dúvidas, angustiada para escolher uma profissão? 
A saudade...
A alegria em vê-la emocionada com a notícia da chegada de mais um bisneto (a)? 
A saudade... 
A fala enérgica de que tem que contar cabeças e bonetas para suas burrecas?
A saudade...
As lágrimas escorridas da emoção de ver mais um neto se casando?   
A saudade... 
As risadas num jogo de buraco ou tranca?
A saudade...
Os compromissos com a hidro, cabeça de prata, sacolão, supermercado e a canseira do fogão? 
A saudade...
O desejo pelas artes, conhecer lugares, se encantar com o mundo? 
A saudade...
Gosto de torta de limão, morango, charutos, tomate reinado, fidéio, boios, picles, carne com quiabo, chá, ovo de sexta-feira?
A saudade...
Como estão as coisas, a vida, anda sumida, não ligou ontem?
A saudade...
De deitar, aconchegar e receber seu cafuné?
A saudade...
Esse sal-lágrima, jorrado mel, de um AMOR ETERNO fez um doce: gotas de saudade cristalizadas. Cristais atemporais nessa ausência presente.
Tenho saudades... Amo você de viverrr!

terça-feira, 22 de março de 2011

MININA DA MÃE

Eram duas letras pequeninas que diziam de sua chegada: xx. Como cresceram! Independentes se juntaram a outras e formaram palavras que dizem você. Ah minha menina, será que um dia deixará de ser a minina da mãe? A Preta que me faz - tantas vezes - vermelhar por não saber como lidar?! É filha, mães não vêm com manual de instruções. Nem filhos. Vão errando daqui, dali e uns acertos acolá. Fiquei pensando em 17 presentes para lhe dar. Que não fossem descartáveis e que pudesse carregá-los com você. Busquei ajuda com suas avós – Dora e Lucy – além das tias.  Mulheres sábias que foram, ao longo de suas vidas, colhendo os frutos da arte de bem viver e do viver bem. Vamos a eles?   
  1.             Não ria nunca dos sonhos alheios. Muito menos dos seus.
    2.       Quando estiver se sentindo formidável, informe isso – também – ao seu rosto.
    3.       Seja voluntária. Às vezes, os trabalhos que ninguém quer escondem grandes oportunidades.
    4.       Não perca a oportunidade de andar numa montanha russa. Tente levantar os braços e sorrir numa descida.
    5.       Qualquer pessoa que você vier a conhecer – lembre-se – será alguém que tem medo de alguma coisa, ama alguma coisa e perdeu alguma coisa.
    6.       Ah... No instante que você disser “desisto”, outra pessoa, vendo a mesma situação, estará dizendo: nossa, que oportunidade incrível!
    7.       Lembre-se dos três erres: Respeito por si mesmo; Respeito pelos outros; Responsabilidade por todas as suas ações. E acrescente mais dois: Renato e Regina.
    8.       Quando perder, não perca a lição.
    9.       Não se surpreenda quando descobrir que a sorte favorece os que se preparam.
    10.   Lembre-se de que quem rouba um ovo acaba roubando uma galinha.
    11.   A vida – às vezes – vai lhe oferecer um momento mágico. Saboreie-o!
    12.   Aprenda a economizar. E-CO-NO-MI-ZAR.
    13.   Não confunda conforto com felicidade.
    14.   Não confunda riqueza com sucesso.
    15.   Seja a primeira a perdoar sempre.
    16.   Se você quer fazer alguma coisa e sente do fundo do seu ser que é a coisa certa a fazer, faça-a. Sua intuição costuma ser tão importante quanto os fatos. E isso se aplica também ao vestibular.
    17. Lembre-se daqueles que te amam... Onde quer que estejam, amam-lhe incondicionalmente.
                              FELIZ ANIVERSÁRIO...NATAL FELIZ, MININA DA MÃE!!!
     

domingo, 20 de março de 2011

DES_ALINHAMENTO

Ano passado Karin Izumi (que faz essas imagens bacanérrimas que uso, muitas vezes, aqui) fez essa, atribuindo – equivocadamente- sua autoria a outra pessoa. Fiz a correção e ela – imediatamente - o mesmo. Na época havia prometido que iria escrever algo. Começava, apagava, recomeçava e não sentia que estava bom o suficiente para tamanha profundidade desse sábio. Hoje ainda não sei. Passados tantos dias des_conectada de vocês e plugada num des_alinhamento existencial, de anos, arrisco alguns passos.  
Tudo contribui para certo desalinhamento. Não somos medidos pela regra da felicidade e sim pela regra da eficácia. A felicidade, diz Rousseau, é um estado simples e permanente em que a alma basta a si mesma. Como pode – pergunto – a alma ser eficaz? Vida boa>atividade>fazendo o que gosta>bom humor. Sempre ouvi que fulano ou beltrano é apaixonado com o que faz. E que esse estado leva ao sucesso. Segundo a etimologia, paixão é aquilo em que somos passivos. Somos então tomados, possuídos, dominados pelas paixões. Elas, além disso, nos iludem. O estado da paixão é um estado de engano. Enganos são necessários. A vida em sociedade é feita de inúmeros enganos. São, também, inevitáveis. Não é fácil assumir que se viveu equivocado. Seja na esfera afetivo-amorosa, profissional ou social. A sensação é de certo desconforto. Como um sapato que aperta os pés em pontos diferentes. Vai caminhando, suportando as dores, pois não há como tirá-los. Há momentos que ficam anestesiados e continuamos a trilhar pelas estradas da vida. Bolhas, sangramentos, carne viva em vida(?), nada os detém. Mas chega um dia – a princípio nada belo – que a dormência passa o medo do amanhã não importa e temos que ficar descalços. Num cruzamento qualquer há mudanças e correções necessárias a se fazer. Se eu não sou por mim mesmo, que será de mim?”
Andarilhar é caminhar sabendo que para cada passo há uma transversal, uma esquina onde as pessoas, o outro, sempre oferecem a alternativa de um novo destino. Este destino, que até então era plausível, passa a ser o estado verdadeiramente intencionado. Esse elemento da realidade é o que mais choca nossa mente. Na tentativa de controlar e atar o futuro às nossas decisões, fazemos sempre a opção mental de construir o caminho por meio de nossas deliberações. No entanto, o caminho se faz das interações e não das escolhas e resoluções da vontade. Quem não entende isso se perde, se perde feio. Como um des_orientado, des_ alinhado, não consegue entender como veio parar em um determinado lugar, quando suas decisões apontavam para outro destino.
Anjos são esses seres humanos com os quais interagimos e que nos fazem dobrar as esquinas da vida. Podem ser até coisas e não apenas pessoas, mas estas coisas devem ter algum significado existencial em nossa vida. Os Anjos nos orientam na mudança de rotas nas encruzilhadas, mudanças essas que, quando feitas de forma consciente, com nossa plena presença, nos levam a nós mesmos. “E quando eu sou para mim, que sou eu?” Parece complicado, mas não é. O lugar pode até ser conhecido, mas quando a trajetória não é reconhecida, quando não percebemos os Anjos que nos enviaram para aquele lugar, então o sofrimento humano pode ser intenso.
Ir para si é acolher nosso destino, sabendo que ele não é produto de nossas decisões, mas de nossa interação com a vida. Ir para si é mudar nossa caminhada tantas vezes quantas se fizerem necessárias, reconhecendo as alternativas que se apresentam em nossa vereda. Enfim, não se sentir perdido existencialmente vai depender de quanto vamos reconhecendo desse mundo invisível, de gente que se faz Anjo, de mundano que se faz sagrado. “E se não for agora, quando?" (RR)    

domingo, 13 de março de 2011

DOMINGO LOUCO

Apesar de não termos calçadão na praia, o que tornaria as caminhadas e corridas bem mais prazerosas, o povo daqui caminha e corre pelos parques, avenidas, ruas e lagoas secas. Aos domingos algumas avenidas são fechadas e a criançada faz a festa com suas bicicletas, patins, skates e carrinhos enquanto os papais fazem seu fitness domingueiro. Tinha tempo que não ia, mas o dia ensolarado e hóspede me levou até a Bandeirantes. Protetor solar, boné, óculos escuros, alongamento lá fui eu. Passo por um e ouço: Vou não, quero não, posso não, minha mulher não deixa, não, não vou não, quero não. Viro para trás para ver com quem ele falava - tamanha veemência negativa – e não vi interlocutor. Estava só, mas continuava seu monólogo sabe-se lá para quem.
Sigo com passadas mais rápidas e escuto: não vou dar mole pra ele não. Se ele pensa que sou como a outra vai quebrar a cara. E, se me ligar não vou atender! Olho para a moça - cheia de regras - sorrio e tento, em vão, enxergar sua amiguinha imaginária. 
Saio num trote pensando se sou eu a estar tendo alucinações auditivas. Não vi interlocutores, fios de telefone ou outra modernidade que justificassem essas conversas. Na realidade, não penso que tenha algo que faça valer uma caminhada, corrida, assim. Corrida contra a estar consigo mesmo. Não conseguem ficar a sós, por uma horinha só, com seus sons ou barulhos internos?! Tentando decifrá-los e assim amansar o coração, clarear os sentimentos e dar leveza ao dia? Os quilômetros avançavam inversamente proporcionais à marcação de reunião para a segunda-feira, comentário dos vestidos das peruas na recepção do casamento, declaração banalizada de um amor de balada. Não seria esse fitness o mais gordo possível? Gordura do ser. É verdade que a vida urbana – hoje – é marcada pela mobilidade. Celular, computador, iPhone, iPod, fax... Uma rede de conexões, estimulantes, para que fiquemos plugados em tempo integral e alienados de nós. Não faz muito tempo esses, todos por quem passei, seriam pegos pelo camburão e internados nos porões da loucura. Doidos, malucos cantando, falando e discutindo sozinhos eram rapidamente tirados da convivência. Perturbavam a sociedade. Já hoje é minha caminhada, silenciosa, que corre o risco de ser presa.(RR
Como hoje é domingo e para vocês verem como nós, mineiros, somos invisivelmente plugados... vai aí uma amostra:
Fato inédito no meio cientifico:
Durante escavações no estado do Rio de Janeiro, arqueólogos fluminenses descobriram, a 100 m de profundidade, vestígios de fios de cobre que datavam do ano 1000 D.C. Os cientistas cariocas concluíram que seus antepassados já dispunham de uma rede telefônica naquela época.. Os paulistas, para não ficarem para trás, escavaram também seu subsolo, encontrando restos de fibras óticas a 200 m de profundidade. Após minuciosas análises, concluíram que elas tinham 2000 anos de idade. Os cientistas paulistas concluíram, triunfantes, que seus antepassados já dispunham de uma rede digital à base de fibra ótica quando Jesus nasceu!
Uma semana depois, em Belo Horizonte, foi publicado por cientistas mineiros o seguinte estudo:
Após escavações arqueológicas no subsolo de Contági, Betim, Barbacen, Passa-Quato, Jijifó, Sans Dumont, PosoAlegre, Santantoin do Monti, Varginha, Nanuque, Águas Formosa, Moncarmelo, Carnerim, Lagoa Dorada, Sanjão Del Rei, Beraba, Berlândia, Belzonte, Bosta do Biá, Divinópis, Pará de Mins, Furmiga, Vernador Valadars, TiófiOtoni, Piui, Carmo do Cajuru, Lagoa Santa, Morro do Ferro, Biraci, Selagoa, Carvalhópis, SSParaís e diversas outras cidades mineiras, até uma profundidade de 500 metros, não foi encontrado absolutamente nada.Concluiu-se então que os antigos mineiros já dispunham, há 5000 anos, de uma rede de comunicações sem-fio: "wireless". Nota dos arqueólogos: Por isso se pronuncia "UAI" reless.  
(Essa dilícia, mineirinha, recebi da minha Tia Sara. Valeu dimaiiisss as risadas e a leitura dos nome das cidades, tia! Imagens: internet e blogdaleilahh.blogspot.com)

quinta-feira, 10 de março de 2011

TEM DIAS...

Já deveríamos ter aprendido que, ao longo da vida, esforçamo-nos o tempo todo. Mesmo quando não nos damos conta. Somos um esforço. No sentido da preservação do nosso ser. Da nossa essência. Da nossa potência. Esse esforço deve compreender, então, os outros e as relações que com eles protagonizamos. Porque as condições desses encontros poderão ser mais ou menos favoráveis à nossa potência. E por isso, muitas das alegrias e tristezas que sentimos são determinadas por elas.
Quer dizer que muito do nosso esforço é para que pensem e digam de nós o melhor possível? Para que nos reconheçam como isso ou aquilo? Será que vale a pena tanto esforço? Não poderíamos simplesmente ignorar?
Amado (a). Já o (a) aconselharam a não ligar para o que os outros dizem a seu respeito. Você até concordou. Mas, logo em seguida, já estava gastando toda a energia possível em busca de reconhecimento. Porque querendo ou não, o outro é mundo sempre presente. E seu potencial entristecedor é considerável. E alegrador também.
Já estou mais convencido (a). Diria você. Mas esta sociedade, tão determinante para a vida boa, não seria apenas o resultado de nossa decisão de viver juntos? Se for assim, quando não estiver agradando, é só mudar. Acabar com ela. E riríamos sós. Afinal, como diz o adágio, quem ri por último ri melhor. (RR)
(Imagem: Karine Izumi)

terça-feira, 8 de março de 2011

PAPO VEM PAPO VAI

       “O conhecimento chega, mas a sabedoria se atrasa” (Alfred, Lorde Tennyson)

O mês de janeiro trouxe mudanças.  Fevereiro tornou-as pessoais e intransferíveis. Março mal começou e seus acontecimentos sinalizavam o esclarecimento necessário do que vinha ocorrendo em minha vida desde o começo do ano. Estava juntando as pequenas peças – fragmentadas de um email aqui, um bate-papo no MSN ali - quando ouço:
- Continue a cuidar dos detalhes e a fazer o seu trabalho em silêncio e conscienciosamente. O mais importante de tudo é que você passe algum tempo sozinha, sem distrações, para poder pensar, meditar, reconhecer os seus sentimentos e planejar os seus passos futuros.
- Valha-me D’us! Mais tempo sozinha?!? A que tipo de distrações você se refere?
- A preocupação e o pessimismo são muitas vezes os fatores desorientadores... Você vive uma fase na qual percebe os setores da sua vida onde está insatisfeita. Se esses sentimentos surgirem, saiba que eles estão programados, e lembre-se de que não há nada tão capaz de deter o fluxo da vida quanto o sentimento reprimido. Ponha tudo PARA FORA!
- Dona Insatisfação é habituê de mim faz tempo... Fui decidindo daqui e acolá, crente que ela fosse embora. Sentimento reprimido? Sabe que repressão é um dos vários mecanismos de defesa que lançamos mão para afastar ou recalcar da consciência um afeto, uma ideia ou apelo do instinto. Um acontecimento que, por algum motivo, nos envergonha e que pode ser completamente esquecido e se tornar não evocável.  Segundo papai Freud é quando ela falha que surgem as doenças mentais!
- O medo é inevitável, uma vez que você não faz ideia de onde se encontra neste exato momento. Relaxe suas tensões quanto a não ter nada com que contribuir. A única coisa que a vida requer de você, agora, é a sua presença nela! A verdade é que você esteve perdida por mais tempo do que se preocupa em admitir. O que você está vendo agora é a aceitação desse fato.
- Perdida... Absolutamente perdida de mim mesma, sem caminhos, estradas, sinalizadores ou um guia sequer!
- Diminua o ritmo, arrastando-se se necessário, para poder parar de lutar contra a sua realidade atual. Enfrente a sua situação de agora e a névoa que a está cercando começará a diminuir. Sim, você já teve o bastante do seu estilo de vida atual e está percebendo que é capaz de coisas muito melhores. A orientação de que você precisa logo estará clara e você vai plantar as sementes da nova vida ao longo dessa estrada pelo resto do ano.
- Não há como diminuir mais. Estou praticamente estacionada. Rastejando.Sementes?! Ah! Valha-me D’us triplamente!!!
- Enquanto isso aprenda a apreciar a sua própria companhia sem se sentir só. Saiba onde cometeu erros e se esforce para não tornar a repeti-los. Deixe que seus sentimentos a ajudem a perceber como você é especial e capaz. Aceite a sua realidade e pondere sobre todos os detalhes envolvidos, confrontando-os com as suas esperanças e sonhos a longo prazo. O que você quer realmente alcançar neste seu precioso tempo de vida? Como quer estar – o que quer estar fazendo – daqui a um ano; daqui a cinco anos; daqui a dez anos?
- Já estou farta de minha própria companhia! Você não se cansa de si mesma? Já estou farta dessa conversa de capacidades e especialidades. Além disso, toda essas questões já as fiz , respondi e sei muito bem como quero estar a curto, médio e longo prazo!
- Talvez sejam necessárias palavras, ações ou circunstâncias de outra pessoa para abrir a sua mente, mas só você poderá responder às perguntas que você está fazendo neste momento. As respostas estão aí dentro de você. Relaxe. Escute. Sinta. Acredite na sua capacidade de encontrar a vida que você quer para si mesma.
- A.Augusto, Angelinha, Denise, Humberto, Junia, Mary, Rafael, Sara, Zizi e tantas outras pessoas me ajudando nessa abertura... Será que está lacrada? Um cofre-forte sem senha de acesso?
- Reflita, medite e analise. Estude o passado. Admita o presente. Não enfrente a sua vida em pedaços ou partes, mas considerando-a como uma viagem contínua sobre a qual você tem o controle supremo. Embora seja verdade que essa parte da sua jornada possa parecer um pouco áspera, solitária ou humilhante, a sua situação atual deveria ser vista como uma pequena e temporária parte da aventura como um todo; um momento decisivo para a sua felicidade futura. Lembre-se: a sua vida - depois de todos esses acontecimentos – nunca mais será a mesma outra vez!
- Afff... Chega a dar um frio na espinha!
- Você precisa pensar por si mesma, sentir por si mesma  e ser sua própria navegadora. Prepare planos e programações precisos para a sua jornada, aspirações e desejos. Trace a sua melhor rota. Se os seus sentimentos a incentivarem a praticar uma determinada ação, execute-a.
- Fala de uma maneira como se fosse simples. Não percebe que há momentos em que precisamos ser guiadas? Em que as necessidades de sobreviver gritam? A angústia solitária do “como será o amanhã” escurece e nos paralisa?
- Analise todas as possibilidades e acredite que você vai ser bem-sucedida. Seja paciente. Essa sensação de solidão vai desaparecer quando você admitir a sua situação atual, chegando à conclusão sobre como está insatisfeita.
- Posso rir? kkkkkkkkkk. Se a simples tomada de consciência ou admissão de algo nos tirasse do lugar... Só se sai do lugar saindo!
- Amplie os seus conhecimentos. Em parte, manter a sua vida organizada e tranqüila requer que você se livre daqueles julgamentos que lhe dizem que você não pode fazer algo porque não sabe. APRENDA COMO FAZER.
- Ok! A conversa está ótima, mas agora preciso fazer o almoço para nós. Descanse nessa terça-feira, gorda, de carnaval. Amanhã são cinzas!(RR)
(Imagem:Foto Museu do Inconsciente/Exposição/Galeria de Arte/Acervo: Marcos Cotta- maio/2010)

domingo, 6 de março de 2011

BOICOTE (IN) CONSCIENTE (?)...CACAGADA DE ARARA II

“Escrevo sem pensar, tudo o que o meu inconsciente grita. Penso depois: não só para corrigir, mas para justificar o que escrevi”. (Mário de Andrade)

Eu deveria ir por este ou por aquele caminho? Alguns dias a gente está completamente seguro de nossas decisões e no dia seguinte não está.  A espiritualidade nos ensina a sermos pacientes, pois a rota mais fácil não é necessariamente aquela que nos leva aonde queremos ir. Confiar que estamos exatamente onde precisamos estar e encontrar a paz que está nisto. Tarefa difícil. Exercitar a paciência e confiança quando o tempo - em sua urgência - nos diz que não há mais tempo. Quando tomamos a decisão, devemos concentrar a energia nesta escolha. Quer se trate de um relacionamento, de um trabalho, de uma viagem ou qualquer outra coisa em nossa vida. Foi o que fiz. Foco, foco e foco. Exercitei a afirmação “Eu estou em paz e cheia de alegria a cada passo que eu dou.” Nem preciso dizer que as pernas nos levam para frente na vida. Que os pés representam nossa compreensão de nós mesmos, da vida e dos outros. Que problemas com eles – pés – são a representação no corpo de nosso medo do futuro e de não ir em frente! Saio da paralisia com passos pequenos, tímidos de uma andarilha iniciante. Mesmo assim fico feliz em começar a caminhar.
Recebo uma mensagem que reforça esse instante:“Você está em um Momento Cósmico de grande oportunidade. É neste momento do Agora, que você tem a habilidade de criar todos os seus sonhos, seus desejos, e trazê-los à fruição na glória de seu Eu Divino que é quem você é. Você deve criar dentro do amor do seu Coração Sagrado. Você deve permanecer no amor, na alegria, e você vai abrir as portas a tudo o que você deseja. Pedimos que mantenha seus pés firmemente plantados (grifo meu) em cima de sua amada Mãe Terra, mesmo que você se esforça para voltar às dimensões superiores. Você está aqui para criar o Céu na Terra, vocês está aqui para ajudar seus irmãos e irmãs, mais uma vez, trazer harmonia e equilíbrio em suas vidas. Mantenha-se focado no momento do Agora, no amor incondicional por todas as almas, para toda a vida, e irradiar Amor e Luz para todos ao seu redor, e para a terra, e todas as formas de vida. Você vai levantar todos os outros, a terra, e toda a vida com você. Você é mais poderoso do que você sabe.” (Arcanjo Miguel em Anjos de Luz)
Envolvida somente por minha vontade descartei daquele que – realmente – nos guia. Jamais DELE! Mas, não deveria ter desvalorizado o poder “d’isso” /inconsciente. Após tantos anos enquanto analista e analisante: saber que o inconsciente existe e que nunca se tornará transparente por inteiro é um primeiro passo para a compreensão de nós mesmos e de nossas ações ou falta de atitudes. Estima-se que mais de 90% da nossa atividade mental se processe em modo não consciente, isto é, sem a nossa percepção e conhecimento. É fácil de entender, por exemplo, que milhares de memórias e conhecimentos estejam fora do nosso alcance consciente, mas estão algures guardados no cérebro. Basta lembrarmos como, de repente, temos uma ideia ou uma solução que buscávamos sem sucesso. Podemos afirmar que o mundo inconsciente da nossa psique é enorme, atemporal e não ocupa espaço no cérebro. 
                                                (Imagem: Vitor Molev)
Está lá e não está. Há toda uma atividade mental, incluindo emoções, que desconhecemos e que interferem na nossa vida consciente.
Mais impressionante ainda: está demonstrado cientificamente que tomamos as nossas decisões meio segundo antes de sabermos o que decidimos. É como se uma inteligência inconsciente agisse em nosso nome pondo em causa a ideia de que somos seres independentes e que mandamos nos nossos pensamentos. Parece que não é bem assim que as coisas se passam. Os processos inconscientes ajudam a automatizar gestos. Por exemplo: depois da aprendizagem e treino, muito, uma aluna de academia executa os exercícios de forma natural, sem necessidade de pensar o que fazer a não ser manter-se concentrado. Mas o conteúdo da competência foi aprendido e depois age sob o efeito do inconsciente cognitivo.
Todos os dias os nossos sentidos captam milhões de informações: imagens, sons, cheiros, etc. A maior parte dessa informação nós não damos conta dela, pois é recolhida de forma não consciente. Ela fica guardada na memória. O registro é automático, quer queiramos, quer não. Depois, mais cedo ou mais tarde, esse material vai alimentar ideias, pensamentos, intuições e sonhos. E sobre a tomada de decisões? Você acredita que as decisões, por muito racionais, lógicas e conscientes que lhe pareçam não são influenciadas pelo inconsciente, incluindo emoções não percebidas conscientemente? São influenciadas e muito, na verdade!
Com os pés firmemente plantados – acreditava eu – resolvi pular corda. Meninei e na quarta-feira pela manhã, fazendo o tal circuito funcional esborrachei no chão! E lá estava eu no Pronto Socorro do meu hospital. Os meninos, amados, da ortopedia não acreditaram. Quase um ano depois a mesma perna, porém locais diferentes: tornozelo e pé! Dores horríveis se misturaram a raiva inicial desse boicote. Perna para cima, anti-inflamatório, analgésico potente não minimiza o “não será necessário operar”, “repouso absoluto”, “proibido encostar o pé no chão”, “sem dirigir” e a tal DEPENDÊNCIA. Não me importo com o carnaval. Está certo que perdi minha reserva – tão ansiada – para o nosso ESTERCUFOLIA II. Importância tem em ser a semana daqueles aguardados resultados de controle de ET e a derradeira visita - até os próximos seis meses - ao mastologista. Importância tem em ter que adiar (depois que enfrentei meus medos e me vesti de coragem) uma entrevista agendada com a possibilidade de viabilização de um sonho acalentado. Importância tem ler os significados e sentidos que a leitura corporal - desse pequeno acidente de percurso – faz:

O pé
“É o nosso ponto de apoio sobre o solo, a parte na qual todo o nosso corpo repousa e confia quando se trata de mudanças, de movimentos. É ele que nos permite "crescer", e, por conseguinte avançar, mas pode também bloquear nossos suportes, e, por conseguinte manter firmemente as nossas posições. Logo, o pé representa o mundo das posições, a extremidade manifestada da nossa relação com o mundo exterior. Ele simboliza as nossas atitudes, as nossas posições declaradas e reconhecidas, o nosso papel oficial. Não devemos colocar o pé na porta para bloqueá-la. Ele representa os nossos critérios quanto à vida, até mesmo os nossos ideais. Trata-se da chave simbólica dos nossos suportes "relacionais", o que explica a importância do ritual de lavagem dos pés em todas as tradições. Tal coisa purificava nossa relação com o mundo, até mesmo com o divino. Enfim, é um símbolo de liberdade, pois possibilita o movimento.”

O Tornozelo
“É graças a ele que podemos "crescer" sobre os nossos apoios no solo (pés) para avançar melhor e mais rápido. As referências e suportes conscientes das nossas relações com o mundo. Ele representa a articulação das nossas posições, das nossas crenças reconhecidas e estabelecidas em relação aos outros e a nós mesmos. Ele é a "barreira dos nossos critérios  quanto à vida" e simboliza, enfim, a projeção da nossa capacidade para "decidir", para dar início às decisões e às mudanças (de posições, de critérios) na nossa vida e para nos envolvermos nas coisas. É a "porta da Implicação" no sentido da decisão. A estabilidade e a mobilidade dos nossos apoios sobre o solo (que simboliza a realidade), assim como a flexibilidade e a desenvoltura deles, dependem dos nossos tornozelos. Eles vão ser, por conseguinte, a projeção fiel da estabilidade, da rigidez ou da flexibilidade das nossas posições e dos nossos critérios quanto à vida.”
E finalmente, importância tem em sentirmos que não estamos tão sós quanto imaginávamos! É vida que segue... Aos trancos, barrancos, boicotada e temporariamente de pernas para o ar. (RR)
(Imagens: Google Internet)







quinta-feira, 3 de março de 2011

CONSERVA PRÉ CARNAVALESCA

  REGIME DE EMAGRECIMENTO:
- Doutor, como eu faço para emagrecer?
- Basta a senhora mover a cabeça da esquerda para direita e da direita para esquerda.
- Quantas vezes, doutor?
- Todas as vezes que lhe oferecerem comida. 


Minha conserva passou incólume pelos projetos filé e biquíni de lacinho. O carnaval se aproximando e a academia resolveu lançar o Ideallis Carnaval: você arrasando na avenida, ruas, becos e ladeiras. Euzona?! Meus tomates, berinjelas, pepinos, repolhos, cebolas cenouras e congêneres continuavam quietos e bem acomodados. Não tinha puxador que os fizessem desalojar!
Chegando à academia máscaras caiam pelas escadas e eu imaginei, por instantes, que elas esconderiam meu pânceps, tchauceps e toda a obesa exuberância. Meu modelito para o aulão de carnaval era bastante apropriado: Peruosa.  A perua idosa. A turma toda feliz , posa de artista, no camarote improvisado, antes de suar a camisa. Flashes espocando até ouvirmos aquele grito na concentração: vamos começarrrrrr!
E começamos a peleja com a Minnie Fernanda mandando ver no jump. Conservidosa - acostumada - deu seus pulinhos de alegria.

Estava tudo muito bom, bom, quando o Chapolin Cris nos convoca para um circuito funcional. Êêêêba! Agora tudo vai funcionar... O treinamento funcional trabalha grande parte dos músculos do corpo num único exercício, queima muitas calorias (êêêba) e desenvolve a coordenação motora e equilíbrio. Ambos, digamos assim, necessários depois de uma certa idade.  Pelo equilíbrio rezo todos os dias!
Apesar de não ser nova, a Ginástica Funcional- lançada há oito anos- está chamando atenção, porque compila várias técnicas e exercícios, entre eles, alongamento, aeróbica, core, pilates, musculação, dança e até movimentos circenses. Uma aula criativa, dinâmica- no lugar dos alteres, bolas, pranchas, fitas, e minitrampolim- na qual se consegue trabalhar diferentes músculos e ao mesmo tempo as articulações. E com benefícios em menos de dois meses! Puxa esse negócio vai ser a salvação da conserva, pensei... E mais: 45 minutos de treinamento funcional queimam, em média, 50% mais calorias do que uma sessão de musculação nos moldes tradicionais. Como foram só trinta minutinhos de posições e total falta de equilíbrio dessa Peruosa passamos, de imediato, para um alongamento com o Robin Luís antes de iniciar o combat.
Já contei aqui que o body combat é uma aula aeróbica que combina movimentos, socos, chutes, joelhadas e deslocamentos derivados de várias atividades consideradas de autodefesa e artes marciais, como o caratê, o boxe, o tai-chi-chuan, o kick boxing e outros.
Vou lhes confidenciar um segredo (acho que já fiz): miro o espelho e a cada golpe, grito, toque do sino imagino a tal porrrrrada nas gorduras. Mas elas são insistentes. Bem semelhantes à mulher de malandro: quanto mais apanham mais se apaixonam. Para não dizer que não falamos em samba, o aulão é concluído com alguns minutos de aero dance. Nego-me a colocar as fotos. Não só por mim, agora transformada numa verdadeira perua de tão vermelha e suada, mas também pelos colegas. Todos mais mortos do que vivos, fingindo aquela felicidade masoquista de cada grupo muscular triturado!!! Como prêmio nos aguardava o troféu de campeões: frutas, sucos para repor as calorias perdidas.
 À equipe ideal e à proprietária Ideallis - Mulher Gata Vera - agradeço a força de colocar minha conserva na avenida. Até o próximo carnaval! (RR)




terça-feira, 1 de março de 2011

ESQUENTANDO OS TAMBORINS NA FEIRA

Beagá é cheia de feirinhas. A mais famosa, que começou no diminutivo, era hippie, ficava na Praça da Liberdade e hoje é uma das maiores feiras de artesanato da América Latina. Acontece aos domingos em vários quarteirões da Avenida Afonso Pena e milhares de feirantes e compradores, de todo o Brasil vive dela. Tem a das flores, toda sexta-feira, que quando quero deixar a casa com um toque especial vou sempre. E aos sábados a de antiguidades e comidas numa das avenidas – particularmente – mais lindas: Bernardo Monteiro.  A gente acaba se esquecendo delas ou só nos lembramos quando buscamos algo específico. Mas, quando se têm hóspedes torna-se ponto turístico.  Nesse último sábado ela estava preparada para aquecer os tamborins pré-carnavalescos. Nem careço de dizer que por aqui o carnaval é tão VIVO quanto à operadora de telefonia móvel. Só funciona em alguns pontos da cidade com os blocos de bairro. Onde moro tem um que também saiu nesse último sábado. Chama-se Santo Bando, mas essa santa aqui já não sai desde sua canonização. Tôfora!
Voltando a feirinha de sábado. Chegamos lá por acaso e acabei tendo um caso nostálgico com ela. Foi aí que percebi, mais ainda, como o tempo anda fugitivo. E que não adianta correr atrás dele. Ele sempre nos escapa!
A avenida Bernardo Monteiro e as formiguinhas deixando ela limpinha... Olha que beleza as árvores!
Esse pedaço é da feirinha de antiguidades e adoro ouvir os senhores conversando com os clientes e historiando suas mercadorias. Já presenciei até briga por conta de desconfiança... 
Rádios, relógios, telefones, caixas, santos,lampiões, bules e canecas convivem harmoniosamente.
                        Prataria, cristais, compoteiras, vasos e sei lá mais quê!

Aqui me lembrei da sogra, podem acreditar, BACANÉRRIMA, e sua coleção de xícaras de porcelana...limogenes, chinesa, japonesa, portuguesa, espanhola... Quando ela faleceu foi dividida entre suas três noras. As minhas ficam guardadas numa "cristaleira moderna". E o medo de quebrá-las?! Afff...

Banca com jornais, revistas, cédulas e moedas antigas. Minha irmã disse que se lembrava quando nosso pai dava um Tamandaré (não era nem nascida, que fique claro!) pra ela levar pra escola... E eu: era como se fosse um real? Putz...cê num comprava nada, heim?!

Aqui já é a parte dos comes, bebes e batuques que começariam às 13 horas até as 18h. Dali a pouco tempo era uma muvuca de gente e nem uma cadeira livre!
Foi essa bunitinha, de nome Lúcia, que abastecia a mesa e foi com ela que descobri que a Feirinha de Antiguidades mudou de nome... FEIRA TOM JOBIM. Quando e por que a bunitinha não sabia, mas faz tempo moça! Aí eu acabei de apaixonar cum ela... moça é delicadim dimaiiisss, né não?
Essa é a barraca do Maurílio, ou melhor, da Perereca. Purcausidiquê? Por conta dessa batida na garrafa de coca-cola...cachaça mineirinha, maracujá e outras coisinhas mais que ele não podia me contar...segredo da perereca rsrs. Mas ele agradô tanto dessa santa, que deu esse copo 0800 preu. Acordei hoje.
E esse casalzinho pseudo afro? As cores do avental diz algo? Barraca italiana. Aliás você tem acarajé, bolinho de feijão, comida mineira, pastel de angu, espetinhos até de camarão! Fica a gosto do freguês. E eu, bem... eu fico com a nítida sensação de débito para com meus hóspedes! O que parece de início uma generosidade pela doação do que é meu, anfitriã, ao outro, hóspede, vai gradativamente tomando outra forma. É sair da "mesa da vida" tocada de uma forma singular.Iguaria assim a gente carrega com leveza!(RR)