Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

domingo, 31 de julho de 2011

PROCURANDO MEU TALENTO

“Ninguém é bom em tudo. Todos somos excepcionais em alguma coisa, acima da media em mais uma e medíocre no resto”.  Peter Drucker 

Não sei se vocês se lembram ou até mesmo se brincaram, na infância, de caça-tesouro. Era uma das minhas brincadeiras prediletas. Formávamos equipes e a partir de uma primeira pista íamos traduzindo as charadas - elaboradas pelos organizadores - que testavam nossos conhecimentos específicos ou gerais. História, geografia, literatura, cinema e até mesmo a tal matemática - que nunca foi meu forte - eram descobertas através das habilidades de cada membro do grupo. Aquele que era fera em história não gastava mais que dois minutinhos em decifrar a resposta e assim compartilhávamos a correria para chegar à próxima pista e finalmente ao tesouro, recompensa, que normalmente eram guloseimas. 
 Ando conversando com headhunters que, numa tradução livre e muito utilizada, são caçadores de talento. Profissionais que buscam para as empresas “aquilo que você faz que os outros achem que você faz melhor que eles”. Ou seja: o que você executa muito bem! Mas afinal o que são os talentos? Como descobrí-los, despertá-los e desenvolvê-los ao máximo? Todo mundo tem ou só alguns privilegiados? Fiquem tranquilos. Existem centenas de tipos de talentos já classificados apesar da maioria os desperdiçar. São capacidades inatas para manifestar paixão e facilidade no desempenho de determinadas atividades, atitudes e comportamentos. Os talentos são ativados por certos ambientes, temas e circunstâncias favoráveis. Quando se desenvolvem através do conhecimento, técnica e experiência se convertem em talentos de alto desempenho, produzindo o que empregadores caçam: excelência, plenitude e inovação no fazer. Em uma economia baseada no conhecimento, o que importa é inovação. Esse é o fator principal de competitividade entre as empresas.  E inovação só vem das pessoas. O ser humano é - ou deveria ser - o ponto chave na estratégia das empresas.
Só que há um porém, sempre tem. Existe uma mentirinha, muito bem contada e divulgada principalmente nos livros de auto-ajuda, de que se você fizer aquilo que gosta fará um sucesso enorme. Um dos exemplos que posso citar é o de que muitas pessoas, por mais que gostem de música e se dediquem ao estudo, nunca conseguirão ser realmente boas, porque não tem talento para a função. Também sem piano não existiria um Mozart. É preciso dar oportunidade para que o talento seja exercitado. 
 Quando uma pessoa descobre seus principais talentos – ou são reconhecidos pelos caçadores - e os relaciona com seus valores, competências, áreas e temas de interesse, aplicações práticas preferidas e a visão de futuro que mais lhe apaixona, estão a ponto de fazer o que poucos fazem: escrever e concretizar seu projeto de carreira e de vida. Encontrar o tesouro de guloseimas mais delicioso: alegria no fazer!
Tento descobrir o meu... Tá_lento, mas de pista em pista chegarei lá. Vocês também podem me ajudar. É que muitas vezes deixamos de perceber o óbvio. Agora com caçadores, como aliados, fica bem mais fácil. E você, já encontrou o seu?
  

quinta-feira, 28 de julho de 2011

MARTELETE DE CAFÉ DA MANHÃ

Nesses dias de férias escolares quando – teoricamente – poderia dormir até mais tarde, minha prática vem sendo outra.
Às oito da manhã – pon/tu/al/men/te e nem estou na Suíça – o canto dos pássaros, o barulho dos ônibus e carros descendo a rua é abafado pelo pior despertador que já tive conhecimento.
O edifício passa por uma reforma. Modernização, revificação... E eu por uma quase mortificação! Estão tirando a cobertura, antigas pastilhas, e entrando no cimento para consertar o que vem provocando infiltrações e outros transtornos. Tudo muito bacaninha se não fosse pelo impacto que meus pobres neurônios sofrem ao som desse tal martelete.
Isso mesmo. Não é omelete, raclete ou pãozete que poderia degustar num calmo e calórico café da manhã. Sou despertada por um martelo elétrico mesmo! Todos os dias ditos úteis.
Devo ser uma inútil por querer acordar – nessa quinzena - num horário diferente da habitual 05:45 da matina. Não há humor que resista a esse barulho até as cinco da tarde. Nem inspiração.
Enquanto observo para além dessa poeira nada transcendental, peço ânimo para que Reginete dê conta do lerê doméstico, agora agravado pela obra (haja poeira!). Vou vendo o prédio ser descascado e chegando no osso (?). 
Vagueio em questões.  Somos também descascáveis? Quantas camadas recebemos e ou adquirimos ao longo da nossa vida? Quais são as situações que nos fazem chegar ao nosso f_osso mais íntimo?
Sensação de nudez. Nada mais encobre. Sacudo a poeira e dou a volta por baixo. Como falamos nessas Gerais “o preço de viver se paga à vista, não se faz fiado”. Com ou sem direito a marteletes.

terça-feira, 26 de julho de 2011

SERMÃO DA MONTANHA...VERSÃO PARA EDUCADORES!

Das muitas coisas que não compreendo nesse nosso país é o que se refere à falta educação e o valor destinado a ela a principal. Sempre tive uma admiração enorme pelos meus mestres e pelo trabalho - verdadeiro sacerdócio - desenvolvido bravamente. Não é nenhuma novidade os salários, de fome, que recebem serem inversamente proporcionais às exigências. A falta de respeito e os problemas enfrentados com seus alunos entre tantas outras coisas. Quando recebi essa mensagem, tão contemporânea, pensei: vou compartilhar com muitos amados que ainda persistem - verdadeiros heróis - nessa profissão!
Nem o Senhor aguentaria ser um professor nos dias de hoje, mesmo ensinando gratuitamente.
Naquele tempo, Jesus subiu a um monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem.  Ele os preparava para serem os educadores capazes de transmitir a lição da Boa Nova a todos os homens. Tomando a palavra, disse-lhes:
- Em verdade, em verdade vos digo:
 - Felizes os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.
- Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
- Felizes os misericordiosos, porque eles...?

  Pedro o interrompeu:
- Mestre vamos ter que saber isso de cor?
André perguntou:
- É pra copiar?
Filipe lamentou-se:
- Esqueci meu papiro!
Bartolomeu quis saber:
- Vai cair na prova?
João levantou a mão:
- Posso ir ao banheiro?
Judas Iscariotes resmungou:
- O que é que a gente vai ganhar com isso?
Judas Tadeu defendeu-se:
- Foi o outro Judas que perguntou!
Tomé questionou:
- Tem uma fórmula pra provar que isso tá certo?
Tiago Maior indagou:
- Vai valer nota?
Tiago Menor reclamou:
- Não ouvi nada, com esse grandão na minha frente.
Simão Zelote gritou, nervoso:
- Mas porque é que não dá logo a resposta e pronto!?
Mateus queixou-se:
- Eu não entendi nada, ninguém entendeu nada!
Um dos fariseus, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado nada a ninguém, tomou a palavra e dirigiu-se a Jesus, dizendo:
- Isso que o senhor está fazendo é uma aula?
- Onde está o seu plano de curso e a avaliação diagnóstica?
- Quais são os objetivos gerais e específicos?
- Quais são as suas estratégias para recuperação dos conhecimentos prévios?
Caifás emendou:
- Fez uma programação que inclua os temas transversais e atividades integradoras com outras disciplinas?
- E os espaços para incluir os parâmetros curriculares gerais?
- Elaborou os conteúdos conceituais, processuais e atitudinais?
Pilatos, sentado lá no fundão, disse a Jesus:
- Quero ver as avaliações da primeira, segunda e terceira etapas e reservo-me o direito de, ao final, aumentar as notas dos seus discípulos para que se cumpram as promessas do Imperador de um ensino de qualidade.
- Nem pensar em números e estatísticas que coloquem em dúvida a eficácia do nosso projeto.
- E vê lá se não vai reprovar alguém!
E, foi nesse momento que Jesus disse: "Senhor, por que me abandonastes..."
(Desconheço a autoria)
Imagens: Internet

domingo, 24 de julho de 2011

SENTADA NO BOI?

Conta uma história da tradição budista que um monge entrou em um vilarejo montado em um boi, e os habitantes da vila lhe perguntaram onde estava indo. Ele então respondeu que estava em busca de um boi.

As pessoas se entreolharam, intrigadas, e então começaram a rir. O monge se foi. No dia seguinte, de novo montando um boi, o monge voltou ao vilarejo. E de novo as pessoas lhe perguntaram o que buscava."Procuro um boi", foi novamente a resposta. Outra vez o monge se foi, em meio ao riso de todos.

No terceiro dia o fato se repetiu: "o que busca?" e o monge, montado no boi, disse ser um boi o que buscava. Só que a piada já perdera a sua graça e as pessoas protestaram, dizendo: "olhe aqui, você é um monge, supostamente uma pessoa santa, sábia, e mesmo assim você vem aqui à procura de um boi quando, o tempo todo, é sobre um boi que você está sentado." Ao que replicou o monge: "também assim é a sua procura de Deus."

E assim é conosco. Tantas e tantas vezes saímos em busca de algo que estava conosco o tempo todo, sem que nos déssemos conta. Achamos que a nossa realização está em outro trabalho, outra profissão, outra família, outros amigos... e chegamos por vezes a partir em uma busca inútil quando, se olhássemos com um pouco mais de atenção - talvez com um pouco mais de boa vontade - para aquilo que já temos, descobriríamos que o " boi" que tanto procurávamos, estava nos carregando todo o tempo.

É preciso olhar para frente, sim, traçar metas, segui-las. Mas sem perder a noção do potencial de realização e felicidade que está bem aqui, na nossa realidade presente.

Se você aprender a olhar para sua própria vida, pode descobrir que sua esposa, ou seu marido, ainda conserva muito daquilo que fez você se apaixonar há 10, 20, 50 anos. Que sua profissão continua tendo muito em comum com suas ideias de vida - apesar de seu desgaste, de seu cansaço.

Que seu trabalho ainda guarda chances e as perspectivas que tanto prometiam. Estão apenas um tanto encobertas pela poeira do tempo que passou, enquanto você esteve ocupado demais para aproveitá-las.

A felicidade precisa ser perseguida. Mas muitas, muitas vezes, sofremos e choramos sentados sobre ela. (Desconheço a autoria)
Fiquei incomodada quando terminei de ler essa história. É linda, mas não é bem assim que funciona para mim.
Não. Não estou sentada em nenhum boi descansando do desgaste da profissão. Nem deposito meus momentos de felicidade em outro trabalho. A história é diferente. Apesar de ser a escuta meu instrumento maior de trabalho, fui por ela traída. Deixei de ouvir os sinais para a tal mudança ou desvio de percurso e o que deveria acontecer de forma orgânica, natural e planejada, está sendo um parto dolorido sem direito a fórceps.
Tenho me empenhado em descobrir uma maneira mais adequada e eficaz de fazer as coisas. Dos obstáculos apresentados leio a oportunidade de descobrir o meu verdadeiro sentido na vida. Equilibrar os acontecimentos aceitando-os, organizando-os, sendo prática e racional é dirigir na contramão da única estrada que sempre andei... Emoção. Mas é essa a necessidade da hora: equilíbrio.
Sempre há alternativas e escolhas. Ser tão flexível quanto puder é o mantra diário. Parar de lutar, de me apavorar. Empenho é a ordem!
A princípio, um determinado problema poderá parecer uma montanha enorme dominando toda a nossa existência. Temos que escalá-la um passo de cada vez e com cuidado. Dar o primeiro passo e estamos a caminho. Se o primeiro passo não der certo, isso simplesmente significa que não levamos em conta todos os detalhes. Reavaliamos tudo e tentamos novamente. Claro que não é fácil! Mas com um planejamento realista e determinação, acabamos chegando ao topo e o sentimento é de realização, liberdade, confiança. Aí ouvimos e enxergamos uma nova série de opções incríveis que de repente temos à nossa disposição.
Não persigo a felicidade. Perseguição cansa, exaure nossas energias. Sigo com instantes felizes e fugazes tal e qual a vida nossa de cada dia! E você, por onde segue? (RR)

quinta-feira, 21 de julho de 2011

CULPA DO RABICHO


O culpado de tudo em versão arco-íris

Já não era a primeira vez. A gambiarra feita durou exatos dois dias. Quebra-galho, como o nome já diz, é coisa temporária. Fico sem computador. Ligo pro técnico de informática detalhando tudo que aconteceu: tela preta, bateria sem recarregar... E ele me informa:
- É a fonte, queimou! A gambiarra que fiz não deu certo. Vou tentar encontrar um rabicho que se encaixe ao modelo.
- Que fonte? Pergunto assustada.
- A de energia.
Ainda bem que foi a do computador! Às vezes é a nossa que queima e para restaurá-la... mi-se-ri-cór-dia. Tal e qual a máquina, não é qualquer terapêutica – rabicho - que se adequa a singularidade do sujeito. São tantas as variáveis intervenientes que quase desistimos de nos implicarmos. O que é bom para mim é péssimo para outro. Somos tão imediatistas que aproveitamos dessas situações para queimarmos etapas, resolvermos os problemas logo e nos livrarmos da angústia inerente a todo processo de cura ou solução. Há que se ter empenho na escuta e paciência para fazer o acerto. Fácil não é.
Enfim, o técnico encontrou o rabicho certo para o modelo do meu notebook. Só não consegui entender uma coisinha. A autorizada Semp Toshiba não vende rabichos, somente o rabo completo. Então estou de volta. Até cantando num estilo Titãs, mais animado que Roberto, de ser: 
Onde andei!
Não deu para ficar
Porque aqui!
Aqui é meu lugar
Eu voltei!
Pr'as coisas que eu deixei
Eu voltei!...
  Devagar vou visitando todos e matando essa sôdade que me acompanhou nesses dias sem vocês. 


terça-feira, 12 de julho de 2011

FLORIEDA


Já contei pra vocês o tanto que gosto de flores. Nas árvores, nos jardins, nos arranjos. Herdei de minha mãe esse gosto. Em qualquer casamento, 15 anos, bodas, lá ia ela antes de ir embora fazendo sua colheita. Vão pro lixo, dizia penalizada. Não deixo! Vão é enfeitar minha casa.

Quase morria de vergonha, e ela só sabia responder: vergonha filha? Sente não! Guarda pro dia que você roubar e não puder carregar... E que eu não esteja viva para sentir tamanho desgosto, completava.
Sempre me encanto com a diversidade das espécies, dos tons e da sensibilidade de quem faz os arranjos nas floras tanto quanto de quem os escolhe para presentear. Não conheço – ainda – uma única mulher que não adore ganhar flores. Uns acham que é dinheiro jogado fora.  Outros que é presente sem durabilidade. E eu sempre digo: dura o tempo necessário, já que são eternizadas no coração de quem as recebe. No meu é. Faz tempo, muito mesmo, que não ganho flores. Nem quero me ocupar com os motivos. Vai que fico triste de viverrrr?!
 As que sei de cor e salteado são aquelas que recebi a toa. Sem nenhum motivo especial nem data comemorativa. Num bar, restaurante, beira de praia, caminhando pelas estradas, no hospital, consultório, em casa. De madrugada, de manhã bem cedinho, ao cair da tarde ou numa noite estrelada. Com cartão ou do jeito anônimo... Aguçando minha curiosidade e imaginação até ouvir do outro da linha: gostou das flores?
Na sexta-feira estava visitando minha amiga - blogueira - Iêda e sua postagem era de flores e de um bacana lá de Nova York que faz arranjos divinos. Babei é claro! E no comentário disse que não ganhava flores há tempos. De imediato recebi essa salada de flores. É verdade que foi desse jeito virtual de ser, mas adorei a mimagem, o carinho ofertado assim sem mais nem menos. Coisas de Iêda. De gente que escuta com os ouvidos da alma.
Coloquei na sala de jantar. Pude sentir o perfume. A alegria da saudade mansa, mas intensa e diária, né mãe?! A leveza de estar envolvida por cores que irradiam energia.
Energia que se espalha pela casa e faz o coração florescer em gratidão.
Não minto a falta.
Cumpro-me com solenidade.
Ocupo-me de...
Ocupo-me em... Celebrar.(RR)

domingo, 10 de julho de 2011

VIDA ÚTIL...MÃOS NA MASSA

Li outro dia que Bob Daly, depois de ser CEO da Warner Bros, durante dezenove anos, decidiu demitir-se e se tornou o presidente do conselho da organização Save The Children. O que faz um homem - com uma carreira bem sucedida - provocar esse desvio de percurso? Ele está recebendo o que chama de "rendimento psíquico", com a satisfação de saber que está usando sua prodigiosa capacidade gerencial para ajudar a diminuir os sofrimentos das crianças no mundo.
Não sei se a "segunda carreira" tem se tornado uma nova onda. Percebo - com certo alívio - que pessoas que passaram vinte, trinta ou quarenta anos fazendo uma coisa e, então, começam outra atividade diferente, não são surfistas.
O que era visto como a idade da aposentadoria pode ser visto agora, se assim a pessoa o desejar, como a fase dois de uma carreira. Em vez de pensar essa segunda carreira como um anticlímax ou "como uma coisinha para me manter ocupado", as pessoas acabam por enxergar o seu primeiro e cintilante trabalho como um prelúdio para alguma coisa mais importante. Eles entendem as realizações, que eram o ápice de seu sucesso material, como uma preparação para um sucesso ainda maior - como os meios pelos quais eles aprenderam as habilidades que necessitavam para dar a sua maior contribuição ao mundo.
É assim que venho me sentindo. Faz tempo. Sou daquelas pessoas que adorava minha profissão e tudo que construí. Mas, ainda assim, procuro algo mais significativo nessa maturidade. O sentimento que me invadiu, e nem sempre consigo explicar diante de um empregador, e até de mim mesma, é que essa melhor idade se tornou um tempo em que todas as minhas capacidades, habilidades da juventude foram alquimizadas na mais alta manifestação dos meus talentos: algo que será útil não só para mim mesma, mas para todos os outros.
Provoco debates na família, com colegas, amigos. Como assim? Está maluca? Não vai clinicar mais? Desgostou??? Isso não existe, afirmam! Caras e bocas não me fazem recuar.
Aos 50 anos podemos trabalhar por mais vinte ou trinta anos. Nós ainda temos tempo. Ah se temos. Este é um momento em que todos no planeta devem colocar a mão na massa. Não apenas aquelas jovens mãos, com toda a sua força física, mas também as mãos daqueles que são guiados pela sabedoria que os anos trazem. O mercado está aquecido para esses profissionais. Ouço essa afirmativa de uma headhunter e me encho de esperança.
Aqueles que estão na melhor idade carregam as lembranças de um tempo em que o mundo parecia mais cheio de esperança. Essa esperança está faltando agora e é nossa missão restaurá-la.
Nossa vida é feita de relações que mantemos com as coisas do mundo. Nestas relações, importa refletir e atribuir valor as nossas ações.Sobretudo as deliberadas. Na perspectiva utilitarista, da mesma forma que a utilidade de um colírio não está nele - mas no olho a ser tratado - o valor moral de uma ação não está nela. No que fazemos. Ou no que dizemos. Não lhe é imanente, portanto. O valor de qualquer ação encontra-se fora dela. No mundo sobre o qual age. Nas suas consequências. Para saber se o colírio foi útil tenho que verificar o efeito que produziu nos olhos em que foram pingados.
O bom efeito não é o sucesso de quem age. E sim, a alegria do maior número de afetados pela ação! Para afirmamos uma vida - à moda utilitarista - há que se considerar tudo que o vivente se dispõe a afetar. Todas as transformações que pretende determinar no mundo. Afinal, segundo esta perspectiva, é só para mudar o mundo que agimos.
Aquele que não consegue compreender a nova onda de pensamento e de iluminada perspectiva que está varrendo o planeta hoje é alguém cujo tempo no poder deve acabar. Existe uma nova consciência no ar. E todos nós deveríamos contribuir com nossa voz da melhor maneira possível.
É chegado o momento de redesenhar o mundo, não mais com as linhas tradicionais da geopolítica, mas com as linhas humanitárias, aquelas que procuram apaziguar o sofrimento humano desnecessário e que se tornam um novo princípio organizador da civilização humana. Estamos mais sofisticados quanto ao pensamento político e quanto ao amor. Se olharmos para o relógio, vamos ver que temos apenas alguns minutos para despertar de nosso esturpor e recuperar a nossa moxa*. Então, mãos na massa! Estou com ambas e você?(RR)
(Imagem: Internet)
moxa*: cone diminuto composto de plantas ou de folhas de artemísia usado no processo de moxibustão. Moxibustão significa, literalmente, "longo tempo de aplicação do fogo", uma espécie de acupuntura térmica; é um ponto de estímulo de cura dentro da medicina oriental. Estamos nos aquecendo, reencontrando a nossa chama para efetivar a nossa cura.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

FESTA JULINA

Entrada da Fazenda Xodó
Os finais de semana em junho não foram suficientes para as inúmeras festas juninas. Atualmente os clubes, por aqui, competem entre si no que se tornou um mega-evento. Não vou mais. Gostava dos tempos de minha infância, quando os vizinhos de rua preparavam tudo em suas casas. Haja panelas com grude para tanta bandeirinha. Cada família se ocupava de um item: caldinho de feijão, mandioca, quentão, pipoca, cachorro-quente, pé-de-moleque, cocada.  O quarteirão era fechado, as barraquinhas montadas, a fogueira e o espaço para a quadrilha só aguardando os casais. Era uma alegria aconchegante! Risadas concorriam lado a lado com as roupas caipiras – verdadeiro desfile -  e a noite transcorria leve. Nesse último final de semana pude reviver esses tempos. Foi o II Arraiá do Xodó. Os donos da fazenda, Fatinha e Roberto, prepararam tudo com o toque mineiro do bem receber.
Os anfitriões da noite
Nem o frio de São Brás teve vez. Também, com uma fogueira enorme e quentão da Elisa só se estivéssemos no Polo Sul.
Existe uma tradição, segundo a qual Isabel teria combinado com Maria que acenderia uma fogueira sobre um monte, para avisá-la do nascimento de João, seu filho. Naquele tempo não existia correios, telefone, né messs? Por isso se acende as fogueiras nas Festas de São João.
A quadrilha foi um dos pontos altos da festança. É bem verdade que quase deu baixa em alguns desavisados: era preciso ter fôlego para acompanhar o puxador e o terreno irregular. Academia básica sem catraca.
A quadrilha veio para o Brasil seguindo o interesse da classe média e das elites portuguesas e brasileiras do séc.XIX por tudo que fosse a última moda de Paris...Anarriê...Alavantu!
Do desfile de trajes típicos houve capricho em cada produção. Os fashionistas de plantão - euzinha - elegeram o casal abaixo como mais que perfeito.
A mesa com as delícias típicas estava ali, à minha disposição, para pecado nenhum botar defeito.
Irmiga Syl e eu... só alegria!

A música, apesar de não ser ao vivo, arrancou muitas risadas. Também, quem resistiria a um chamado desses: Aprecie sem moderação...DJ Mulher Tantão!
E apreciamos, tudim, até depois de virarmos abóbora. Que venha o III Arraiá.(RR)

BOTA PREÇO NESSE TREM


Fim de semana eu tô solto na balada
como quem não quer nada prontinho pra xavecar
rolou um clima por mais que seja arisca
depois que mordeu a isca, ajoelhou tem que rezar
Correu noticia que o meu pai tem sobrando
em todas que eu tô chegando já me vem com nhenhenhem
Cheque assinado não me importa o valor já que não vai
por amor
bota preço nesse trem
Porque só no blablablá
elas me vem com nhenhenhem

Já que não vai no blablablá
Bota preço nesse trem
Bota preço nesse trem
e chega de nhenhem nhenhenhem nhenhenhem
bota preço nesse trem
e chega de nhenhem nhenhenhem nhenhenhem
Já que não vai no blablablá
Bota preço nesse trem

No blablablá se eu não conseguir alguém
Mas nunca me falta um bem
é duas, três por noitada
Tenho um carrao e roupa só de etiqueta
Meu pai tem uma grana preta
E nos meus braços meu pai nunca deu breque
Em branco ele assina cheques
O que eu quiser eu resolvo
Uma princesa que no meu plano eu não tinha
Hoje ela caiu na minha
diz que amanhã quer de novo
Mas se eu for no blablablá
ela me vem com nhenhenhem

Já que não vai no blablablá
Bota preço nesse trem
Bota preço nesse trem
e chega de nhenhem nhenhenhem nhenhenhem
Bota preço nesse trem
e chega de nhenhem nhenhenhem nhenhenhem
Já que não vai no blablablá
Bota preço nesse trem









terça-feira, 5 de julho de 2011

DONA FELIZ

Rir ainda é o meu melhor remédio.... A energia é tão leve e solta que muitas vezes temos problemas em percebê-la. Certos excessos podem subir à superfície e criar uma atmosfera tensa. Isso só vem mostrar que o mundo está tristemente carente do que essa energia oferece. A energia é a da felicidade, da comunicação franca, da amizade, da beleza, da atuação em rede e da criatividade.
Lembro de reservar tempo para reconhecer e valorizar a felicidade que já tenho. A felicidade que falo só pode vir de dentro e só assim pode ter um efeito positivo sobre os outros...quando é genuína. Passo um tempo desfrutando a natureza. Muitas das respostas que busco são encontradas nesse espaço. As pessoas são apenas uma pequena parte da natureza e me impressiono com as soluções que posso encontrar quando relaciono as circunstâncias da minha vida com o eterno fluir da natureza em ciclos contínuos. Fluxos e refluxos, dia e noite, beleza e bestialidade, vida e morte. A natureza humana é só uma pequena parte do conjunto. Só depois de entender amplamente essa realidade é que consigo ver que essa situação de momento tem um propósito de cura e afetividade profundas!(RR)
Imagem: Karin Izumi

domingo, 3 de julho de 2011

DOIS EM DÊnise

 A Denise, minha irmigamada de longa data, me presenteou com esse selinho. De fato o que gostei  (e não sei dizer se foi um ato falho bacanérrimo) é do "avisar os blogs amigos de ouro." Não é bem isso que diz o selinho. Claro que atrás do blog tem uma ou mais pessoas, mas bem sabemos que nem tudo que reluz é ouro...pode ser "pedacinhos de pirita". Aprendi outro dia com Rodolfo esse tal ouro dos tolos.
Não sei se nossa amizade vale ouro. Não consigo avaliá-la nesses termos. Sei somente do valor da emoção sentida a cada risada, lágrima, indagação, preocupação, torcida, intenção, em suas ações para comigo. Isso é um luxo que me faz ter um tes_ouro guardado aqui. Assim são vocês também, amados, que ocupam pedaços do meu coração e por quem sempre sou gratidão!
Como Dê - muitas vezes - vai de atacado, lançou esse outro que nem carecia dizer, mas vou, amei. Tacada de gente que é doadora universal. Essa moça faz cada golaço, só vocês vendo!

É assim:
Escolher um livro, abrir na página da sua idade (tinha que ter essa parte, né?) e escolher um trecho, ilustrando o post com uma bela imagem. Aí, a imagem abaixo (depois de um ataquezinho básico de ciumeira minha rsrs) ganhei da Zizi, outra irmigamada, com os seguintes dizeres:
Querida Rê
Taí,
achei esta borboletinha linda, junto à uma xícara, que não sei porque, senti que tinha a tua cara.
Senti muito aconchego na imagem, o que sinto em vc também.
A borboleta é a imagem da transformação, a flor é como devemos passar por ela, e a xícara é o encontro com a nossa Essência.
Sinto paz ao olhar para essa imagem.
Espero que ela te traga o mesmo.
Adorocê
Zizi
Careço dizer que fazia tempo que a Síndrome de T.M.A.(tô me achando) não baixava. Fez um bem!!!
Então, vamos ao que interessa.
 
 
                Livro: Faz Escuro Mas eu Canto
                       Thiago de Mello
                       pág 51 e 52( tô quase me tornando uma boa ideia rsrs) pq a 50 é branca e é uma poesia longa!

                A Fruta Aberta
 
Agora sei quem sou.
Sou pouco, mas sei muito,
porque sei o poder imenso
que morava comigo,
mas adormecido como um peixe grande
no fundo escuro e silencioso do rio
e que hoje é como uma árvore
plantada bem alta no meio da minha vida.
Agora sei as coisas como são.
Sei porque a água escorre meiga
e porque acalanto é o teu ruído
na noite estrelada
que se deita no chão da nova casa.
Agora sei as coisas poderosas
que valem dentro de um homem.
 
Aprendi contigo, amada.
Aprendi com a tua beleza,
com a macia beleza de tuas mãos,
teus longos dedos de pétalas de prata,
a ternura oceânica do teu olhar,
verde de todas as cores
e sem nenhum horizonte;
com a tua pele fresca e enluarada,
a tua infância permanente,
tua sabedoria fabulária
brilhando distraída no teu rosto.
 
Grandes coisas simples aprendi contigo,
com o teu parentesco com os mitos mais terrestres,
com as espigas douradas no vento,
com as chuvas de verão
e com as linhas da minha mão.
Contigo aprendi
que o amor reparte
mas sobretudo acrescenta,
e a cada instante mais aprendo
com o teu jeito de andar pela cidade
como se caminhasses de mãos dadas com o ar,
com o teu gosto de erva molhada,
com a luz dos teus dentes,
tuas delicadezas secretas,
a alegria do teu amor maravilhado,
e com a tua voz radiosa
que sai da tua boca
inesperada como um arco-íris
partindo ao meio e unindo os extremos da vida,
e mostrando a verdade
como uma fruta aberta.

Um domingo de AMOR partilhado e acrescentado procês!