Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

PESCOÇO PARA TODO (DES)GOSTO!

"Sustentarás o próprio ser e para que possas crescer em inteligência terás um pescoço bem longo e sua cabeça não pesará. Acima disso suportarás a ti e serás flexível para poder entender o mundo em suas variadas formas." Profecia de Modigliani, a que suas figuras longilíneas de extensos pescoços me transmitem.
Minha experiência pessoal com o pescoço começou há dois meses. Acompanhando uma das irmãs, sexi_genária, depois que fez face, pálpebras e pescoço, ao cirurgião plástico ele me disse:
- Você está na idade ideal para fazer...
Não me lembrava de ter dito quantos aninhos tinha. Nem mesmo sinalizado um desejo de me submeter ao seu bisturi. Nem ainda de ter aberto minha boca! E antes de perguntar quantos ele imaginava, emendou:
- Aos cinquenta o custo-benefício é fantástico. Ou você vai esperar perder a elasticidade – residual - em seu pescoço para fazer?!
Oiiii???
Minhas mãos não foram elásticas, o suficiente, para dar um cala-boca nesse fabricante de ilusões e produtor de caraminhola em cabeça alheia. Bem que quis. Mas a reação imediata foi chegar a casa e enfrentar o espelho.  Em uma parte de meu corpo que nunca tinha prestado a mínima das atenções. Sabem quando a gente volta um filme bem rapidinho? Foi assim.
Às vezes saio para almoçar com as meninas – escrevi a frase até aqui e parei. Suponho que quisesse dizer “com minhas amigas”. Não somos mais meninas e deixamos de ser há trinta anos. Muitas há quarenta. Convivo com as sexi com a mesma desenvoltura que com as de trinta ou quarenta. Meu grupo é bem eclético e democrático. Enfim, às vezes saímos para almoçar e corro os olhos pela mesa e vejo que muitas estão usando blusas com golas altas, ou bijus enroladas ou ainda echarpes (no calorão) à La Katherine Hepburn em Num lago dourado. É meio engraçado e meio triste, porque não somos neuróticas com relação ao envelhecimento – nenhuma de nós mente sobre a idade, por exemplo, e nenhuma de nós se veste de maneira imprópria para nossa faixa etária. Parecemos ter a idade que temos. Exceto pelo pescoço. Agora compreendo o que antes acreditava ser o estilo fashion das meninas.
Ah, os pescoços. Há pescoços de galinha. Há pescoços de peruas. Há pescoços de elefantas. Há pescoços quadriculados de rugas e pescoços com dobras e pescoços com sulcos que ameaçam virar dobras. Há pescoços magrelos e pescoços gordos, pescoços enrugados, pescoços fibrosos, pescoços murchos, pescoços flácidos, pescoços sardentos. Há pescoços que é uma espantosa combinação de tudo isto. Há pescoços pra todos os (des) gostos!
Pode-se usar maquiagem no rosto e corretivo sob os olhos e tinta nos cabelos, pode-se injetar colágeno, botox e restileno nas rugas e sulcos, mas, à exceção de uma cirurgia, não há nada que se possa fazer pelo pescoço. O pescoço é um delator infalível. Nosso rosto a mentira e nossos pescoços a verdade. Nua e crua. É preciso cortar uma árvore para descobrir sua idade, mas isto seria desnecessário se ela tivesse pescoço. Foi por conta dele que esse produtor de caraminhola acertou minha idade e afundou minha autoestima numa batalha naval sem a menor graça.
E quando a gente emagrece? Tenho o rosto fino e magro (na maior parte do tempo) e o pescoço também. Então, a luta contra minha exuberância de ser dá suas primeiras vitórias, melhor baixa, em ambos. Como você tá abatida é a frase ouvida. Agora será acrescida de pescoço muxibento? Ah não!
Ó céus... Ó vida...que dilema: se eu operasse o pescoço – enquanto resta elasticidade – teria que operar o rosto também. Se você estica o pescoço, precisa esticar o rosto também. Podem perguntar para qualquer cirurgião plástico. O problema é uma grande bola de neve!
Na minha idade tenho que escolher: me matar para perder uns dez quilos, ficar com a cintura que eu quase quero, pescoço desgraçadamente enrugado e seios pequenos ou embolachar de vez, perder a cintura, ficar com braços de madona italiana, seios mais interessantes e pescoço lisinho… Ó dúvida cruel…
Quer saber? Prefiro apertar os olhos para não ver no espelho o rosto e o pescoço que tenho do que deparar com uma estranha que tem a aparência suspeita de um couro de tamborim.
E agora respondo a esse doutor: estou na idade ideal para ser feliz! Mesmo que para isso tenha que ser elááááástica diariamente. 
(Imagens: Internet)

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

CAVALO SELADO PASSA MAIS DE UMA VEZ


Desses tempos de vacas magras, entre tantas coisas que amo fazer, viajar e beber das artes são as que mais sinto falta. Carência pouca é bobagem. Claro que existem shows, apresentações gratuitas, mas nada que se compare ao nosso desejo e escolha. Por motivos de saúde, uma de minhas muitas irmãs, Léa me presenteou com seu ingresso para assistir à Filarmônica de Minas Gerais. Cavalo selado passando fácil na minha porta. Montei sem fazer força, claro!
Peguei o ingresso e li: Regência de Fábio Mechetti e solista convidado (violino) Joshua Bell. Conheço esse nome – pensei. Sem saber de onde, guardei-o na carteira esperando a noite, sempre no mínimo agradável, de ouvir o Concerto para violino e orquestra em Ré maior, op.35 (1881) de Piotr Ilich Tchaikovsky. Ao chegar ao Palácio das Artes, vendo e encontrando muitos conhecidos, recebo o caprichado programa, sento na poltrona e começo a ler: “Joshua Bell tem encantado plateias em todo mundo com seu tom de rara beleza e um virtuosismo de tirar o fôlego, qualidades que lhe renderam o título de superstar da música clássica... O artista apresenta-se com um violino Gibson ex-Huberman Stradivarius de 1713.”
BINGO!!! Fiquei boquiaberta - e rindo da “coincidência”- ao constatar que iria ouvir, ao vivo e a cores, aquele UM que tocou numa estação de metrô e que tinha partilhado aqui com vocês a história. Lembram-se? O mesmo que, privilegiados, pagaram a bagatela de U$1.000 dólares por ingresso para ouvi-lo, na noite anterior, em local apropriado. Quis contar pro meu cunhado, mas ele estava - segundo si mesmo – extasiado, de alma cheia. O menino – deve ter uns trinta e poucos – é de tirar o fôlego! Não tenho palavras. Queria ter... Para adjetivar o que minha escuta captou. Um diálogo musical belíssimo, com um sabor exótico de um mundo distante. Um jogo constante de acelerar e desacelerar que parecia uma festa cigana, onde o violino tocava como se estivesse improvisando o tempo todo... Tamanha perfeição. Músico e instrumento se fundem e a música adentrou fazendo festa na alma. Foi ovacionado por mais de cinco minutos, não só pela plateia como por todos os seus colegas. Deu uma canja que foi minha ceia final. Já estava mais que satisfeita. Mas imaginem se dispensaria essa última iguaria?! O burburinho da saída era um só: maravilhoso, fantástico, sensacional! Nessas horas sinto e penso em tantas pessoas que gostaria que estivessem ali também... De uma maneira mágica, como a música que entrava, trouxe todas para bem pertinho de mim. Em estado de GRAÇA peguei o celular para agradecer minha irmã e dizer-lhe que esse cavalo selado será, eternamente, inesquecível.
Deixo abaixo, para os apaixonados dessa arte, o menino e seu violino. Apreciem sem moderação!

terça-feira, 23 de agosto de 2011

DESSES MILAGRES...


Ainda era uma quarentinha quando ganhei o livro: A Idade dos Milagres.  Destinado a mulheres com mais de cinquenta lia tudo, àquela época, numa distância semelhante a do Oiapoque ao Chuí e pior, sem entender dos tais. Ainda não compreendo. Mesmo que instalada nessa ótima ideia...51! Livro onde a autora diz que é o máximo envelhecer. É o máximo ser sensata e sábia e madura; é o máximo chegar ao ponto em que se sabe o que tem valor na vida. Quer saber? Não suporto gente que afirma tais coisas. Há todo tipo de livros escritos para mulheres mais velhas. São, a meu ver, igualmente otimistas e recheados de clichês e lengalengas lembrando que a vida pode ser muito agradável quando a pessoa se livra das cargas que são os filhos, as menstruações e, em alguns casos, os empregos de tempo integral. Por que existe gente que escreve livros afirmando que é melhor ser velha do que jovem? Não é não, ora bolas! Mesmo que você não esteja gagá, está sempre tentando se lembrar do nome do filme que assistiu anteontem. Mesmo que esteja em grande forma, não consegue picar uma cebola como antes e não pode andar quilômetros de bicicleta sem se tornar uma potencial candidata à fisioterapia.  Se trabalha fora, vive rodeada de jovens, geração Y, que estão ligados no mercado, no espírito do tempo (o tal zeitgeist), na gestão disso e daquilo; eles querem seu emprego e em breve irão obtê-lo. Se tiver a sorte de manter uma relação sexual com alguém, não terá o mesmo sexo que teve no passado. São tantas as variáveis intervenientes nesse quesito que é melhor pularmos essa parte. E mais, não pode usar mais biquíni. Ah, como me arrependo de não ter usado biquíni o ano todo quando tinha vinte e cinco anos. Se alguma amada – de vinte e poucos ou tantos – estiver lendo essas linhas, vá, imediatamente, vista um biquíni e não o dispa até fazer trinta e quatro anos. Vá por mim.
Compreendo que ninguém realmente quer ler que envelhecer é uma droga. Pertencemos a uma geração que aprendeu a acreditar que podemos fazer qualquer coisa. Somos ativas – ora somos proativas. Pensamos positivamente. Temos o poder. Levamos qualquer questão a sério. Se uma pílula ajuda, nós a tomaremos. Se fazer a dieta da lua ajuda, pisaremos nela e fincaremos bandeira no melhor estilo Armstrong de ser. Quando temos notícia de um creme facial recente e ridiculamente caro que supostamente faz o tempo retroceder, iremos comprá-lo mesmo sabendo que os últimos cinco em que acreditamos não produziram um tico de efeito. Faremos palavras cruzadas para afastar o velho alemão e comeremos seis amêndoas por dia para afastar o câncer; escanearemos o corpo para descobrir qualquer coisa que possa ser abortada no início. Estamos no comando. Ao volante. Na liderança. Fazemos listas. Buscamos opções. Navegamos na Internet. Blogamos!
Há, no entanto, algumas coisas que estão absolutamente, definitivamente, inteiramente, fora do nosso controle.  Numa manhã descobre-se que o dedo mindinho da mão direita está com um ossinho a mais. Em outra enxerga o que a dermatologista chamou de pintas senis em todos os quadrantes de seu corpinho já escaneado. E na seguinte o porquê do uso, discriminado, de blusas com gola alta, echarpes ou bijus envolvendo o pescoço de tantas amigas! Outro dia escrevo sobre eles...(é pescoço para todos os desgostos).
Milagres (?) que aparecem assim, num piscar de olhos. E podem ter certeza que sempre acreditei neles, mas de outros tipos! De qualquer maneira, vou fazer uma promessa para Nossa Senhora do Corpão Perdido, vai que ela me atende?!!!
Vergonha da idade - perguntam-me.  Inferno pós- astral? Crise?
Há muito tempo deixei a vergonha da idade para trás, se algum dia a senti. Estou feliz só de estar viva. E isso sim, creiam, é um verdadeiro milagre!(RR)
(Imagens: Internet)



domingo, 21 de agosto de 2011

DA GRATIDÃO NATALINA

Com uma das crias...a outra estava tirando a foto com o celular!

Vou carecer de dez anos e mais dois séculos pra dizer da minha emoção-gratidão desse último natal. Não tinha escrito nenhuma cartinha com meus pedidos. Pensei que ele nem se importaria com mais um, de meio século de natais. Foi numa emoção (prantificada) que ganhei de tantos Papais e Mamães, presentes inimagináveis.  Nunca consegui dizer do que mexe e remexe comigo. As palavras escapam sem fazer força. Sinto e vivencio cada uma delas, com a intensidade mais alta daquela tal Richter. Coremoto e Almamoto foi o que aconteceu. Diferentes dos terremotos não provocam destruição. Vão fechando crateras, cicatrizando fendas, lavando a saudade, semeando alegria, florescendo harmonia. E mais ou menos assim que me senti. É que tem sentimentos que não consigo compreender. Nem quero! Mesmo que insistentemente - como uma gangorra -venha a pergunta que nunca sossega: como é possível amar e ser amada atrás dessa telinha? Vai a resposta: mistério, mais um, desse viver diário.

Recebi postagens com letras-sentimento que me abriu em prantos...

Recebi poesia, músicas, flor fotografia, cartões virtuais, emails que me envolveram em laços de ternura...

Recebi telefonemas-sincronicidade que me fez sorrir...

Recebi minha lua e meu sol que me fez entender um pouco mais de mim.... Recebi muito mais que imaginei.

Mas, de fato, o maior recebimento, contido em tudo e todos que estiveram aqui, ali e acolá foi AMOR! E saibam que o carregarei eternamente.

OBRIAGADA : 
OBRIAGADA a todos vocês que estiveram por aqui nesse meu Natal...inclusive os que não deixaram seus comentários ou até mesmo não se deram conta dessa festa.

  • Jorge
  • Rosa Carioca
  • Zizi
  • Chica
  • Kimbanda
  • Zu
  • Xipán
  • Alexandre
  • Tereza
  • Denise
  • Graça
  • Fátima
  • Ayméé
  • Mayra
  • Rike
  • Simone
  • Glorinha
  • Bixudipé
  • Izabel
  • Milene
  • Leonel
  • Gilmara 
  • Karina    
Deixo  uma música que traduz, ilustra, minha gratidão por essa VIDA e por cada um de vocês que estão, eternamente, instalados em mim. Um domingo abençoado e partilhado para todos vocês que AMO DE VIVERRR!

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

DIA DE NATAL

Perdi a minha idade. 
Quem achar pode ficar com ela. Não a preciso. 
Encontrei a juventude, em contrapartida.
Sou só este dia, este momento.
Alegria pura. Meu sol interior me ilumina toda. 
Estou viva e quente. Possivelmente linda. 
A paciência me ensina o passo a passo.
Celebro a Vida em fases metamorfósicas e em vibrações caleidoscópicas como quem se adentra magicamente uma floresta encantada.
Tudo é magia. Insight!
Porque não desisti. 
Fixei-me no infinito de minha profunda interioridade e cintilo certezas e conexões do alcançado na vida que nada me promete, mas tudo me tem dado por minha corajosa vontade de decidir: 
Quero a Vida. Quero viver!(RR)

terça-feira, 16 de agosto de 2011

ASCENSÃO ou ASSUNÇÃO?

Pouca importância dei ao significado dessas palavras. Geraram dúvidas. Somente na quinta-feira descobri que, dia 15/08, seria feriado municipal. Caindo assim numa segundona o sinônimo é de fim de semana prolongado. Isso me conduziu à ascensão/assunção de Beagá para minha Santa Matilde. E sou grata, a Nossa Senhora, por mais esses dias! Aliás, estavam lindos. A estrada me brindou com meus ipês prediletos: tufos de um amarelo vivo de encher os olhos com tanta beleza.
Ano passado não pude vê-los e isso me fez lembrar que esse é um mês de celebração. Nessa mesma época estava eu me preparando para minha cirurgia de mama. E para o diagnóstico e tratamento. Como o tempo passa! Nenhuma novidade... eu sei. Mas não sabia, quantos amados iriam torcer por mim e vibrar em energia amorosa. Sou gratidão, jamais esquecida.
Meus irmigos, anfitriões amaaados, Syl e Zé
A gente sente quem está perto de verdade. Quem não se intimida por medo de estar incomodando, ser inconveniente ou qualquer outra coisa dessas modernas etiquetas sociais. Afeto, verdadeiro, vem desetiquetado.  A marca é única: bemquerência.
Em Santa é assim. As orquídeas, unha-de-vaca, a potra recém-nascida, até mesmo a cadelinha Pipa que serviu de despertador da vez são afetos gratuitos. A ameixeira trouxe as mais doces lembranças da casa de minha avó. O pesar ficou por conta das jabuticabeiras - ainda verdes - e sem ser raposa foi preciso desdenhar. Tudo exala vida... A Mãe Natureza insistente em nos ensinar que tudo tem seu tempo. Pequenas preciosidades que me fazem respirar fundo e só dizer: OBRIAGADA por essa VIDA que vale a pena de ser vividamente vivida!
Buquês de orquídeas! Cymbidium
Fica difícil escolher a mais linda. Dendrobium em profusão.
Delicadezas de oncídio
Unha-de-vaca. E não consigo visualizar uma com unhas tão belas!
Pipa que está na idade de roer o que encontra pela frente.
Essa potrinha ganhou uma lista de possíveis nomes. Saimos de lá sem batizá-la.
Verdes...uma pena!
Ameixa com gosto de casa de vó!
Nossa capelinha pronta e florida. Finalmente vamos inaugurá-la!


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

TAMANHO ÚNICO DUAS OVAS

Foi com atraso que descobri que o programa do GNT acabou ou está de recesso desde março. Gostava daquele trio (Chiara, Chris e Patrícia) e das ideias que davam. Cheguei até a lhes escrever para descobrir em que ou quem pensava quando o batizaram Tamanho Único. Não sei de onde tiraram essa crendice. Porque há de se ter muita fé para crer que uma mulher que veste 38 entre no mesmo modelito da 44. Mágica numérica que nos reduz, num passe, a tamanhos únicos! E isso só falo da largura, para não gastar a fita métrica em centímetros faltosos no comprimento de uma calça qualquer. Gosto de me sentir única em meus um metro e setenta e oito centímetros de altura (de pé no chão) e meus tantos quilos de exuberância de ser e que não confesso nem sob o mais doce das torturas. Mas que se essa mágica – nominativa - funcionasse para eles, confessaria até os pecados que ainda hoje irei cometer. Fiquei pensando, para mal de todos eles, se foi minha implicância - com o nome - que deu sumiço ao programa. Vai que tenho todo esse poder e nem sabia! Porque nas lojas insistem a me empurrar, corpo abaixo e pelas laterais, com as mais fajutas técnicas de venda: Experimenta... Vai ficar lindo em você!  Claro que serve... dá em qualquer mulher!
Posso até ser essa mulher. Qualquer. Que se elastica (existe isso?), para dar conta de tantas funções, como uma calça de elastano. 
Comum, no meio de raridades, quinem uma camiseta branca. Simples como o pretinho básico salvador de tantas ocasiões. Mas definitivamente não sou tamanho único! E não adianta querer enfiar Beagá dentro de Sabará!
Também escrevi para que dessem uma chance para mulheres, como eu, se verem transformadas e produzidas pelas fashionistas de plantão. Aquela coisa bacaninha de fazer várias produções a-de-qua-das e cabíveis. Fui atendida. E especialmente nesse dia, o programa teve uma audiência incrível. Afinal, não são só as de vinte e poucos que gostam de se sentirem lindas e gastam seu rico dinheirinho em bens tão (in)dispensáveis, não é mesmo?! Difícil é encontrar estilistas, confecções que criem para nós. O que vejo destinado é o que chamo de moda matronal. Se preferirem saco de batata tudo bem. Aí temos que nos encaixar, se quisermos algo moderno, nas roupas únicas. Transformo-me numa verdadeira Indiana Jones à caça, nas araras, de modelitos atuais e não únicos. Já repararam que nas lojas de departamentos há seção destinada para as “senhÔras” e que as roupas parecem ter sido tiradas de algum filme de terror? Não quero fazer parte de nenhum clubinho infanto-juvenil, somente me incluir na minha turma com cor e alegria no vestir. É pedir muito?!  
Aliás, fiquei pensando nas revistas de moda, saúde, bem-estar e suas linhas editoriais. Tem alguma destinada às cinquentinhas e mais? Se tiver desconheço! E nem me falem quando incluem uma matéria, horrorosa, numa edição comemorativa. Tão boazinhas colocam essas roupas matronais que acreditam ser a “modinha” reservada para esse ouro de idade. Tenham mi-se-ri-cór-dia é minha súplica.
Enquanto aguardo ser atendida – tenho fé - vou me preparando para mudar de dígito. Afinal, como diz a propaganda da cachaça: 51... uma boa ideia! Boa pra mim é pouco. Ótima!!! (RR)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

QUEM PROCURA ACHA

Nossas conversas tinham a força de uma lança
A profundidade de um mergulho
Os segredos de um livro
A história do cinema
A contundência da arte
Os conflitos do humano
A narrativa da história
A beleza da música
A leveza da dança
O inexplicável encontro
A leitura da vida
A vida de nós dois.
Não procurava. E numa noite de lua cheia encontrei aquela luz na lateral.Corro o sagrado risco de ser. Substituo o destino pelas possibilidades. Não há mais futuro ou condicional em mim. Só o presente me conforta, me realiza, me dá vida e se impõe delicada e firmemente em cada coisa que me acontece.(RR)
(Imagem: Karine Izumi)

domingo, 7 de agosto de 2011

MEIO ASSIM...INTEIRO É

Vamos a uma feira e compramos meio quilo de tomates, cebolas, batatas. Num supermercado meio litro de uma bebida qualquer. Até mesmo numa pizzaria a tal meio-a-meio para a satisfação de gostos diversos. Dessas metades entendo. Agora, quando pergunto a alguém: e aí, como cê tá? E me responde: meio tristinho... Não compreendo! Nunca ouvi como resposta: meio alegrinho, meio feliz. Por que será que só a tristeza é sentida pela metade? Não pode sentir-se triste por inteiro? É vergonhoso? Ofensivo? Quase um pecado capital - nesse mundo que só permite os tais sentimentos “positivos”(?) - confessar-se humano-triste. Dessa exposição fragilizada de uma personalidade que deve ser inteira_mente forte foge-se.  Desconfio das pessoas que são – em tempo integral – felizes. Fardo e dever. Precisamos, devemos ser felizes, sob pena de amargarmos o pior dos fracassos. Será? Existem momentos de alegria, instantes de tristeza, tempo de felicidade. Queremos filhos felizes, relacionamentos felizes, empregos que nos ajudem a encontrar felicidade, e acreditamos, que tudo isso está a nosso alcance. Fica difícil mesmo dizer-se, só por hoje, inteiramente triste. A tristeza é a honestidade das lágrimas, que desarmam a armadura da alma.  Então, a tristeza desobriga. A ninguém cabe o ônus de ser triste. Porque um dia, mal quista, a pobre vai embora.  
Quando perguntarem como cê tá, autorize-se. Eu daqui colho e respondo:
"É preciso um bocado de tristeza
É preciso um bocado de tristeza
Senão, não se faz um samba, não...
E a tristeza tem sempre uma esperança,  a tristeza tem sempre uma esperança, de um dia não ser mais triste não…”
Rousseau já dizia: "a felicidade é um estado simples e permanente em que a alma basta a si mesma".  E acrescento: Só é feliz quem sabe reciclar suas tristezas inteiras!(RR)



 

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

TEM DESSES DIAS...


Sabe aqueles dias que a gente acorda, se olha no espelho e descobre que as sobrancelhas estão mais para sombreiros de pálpebras do que para qualquer outra coisa?
Que tem uns três dedos e meio (é esse meio que desanda tudo) de raiz e mais uns tantos cabelos brancos para pintar?
Que as tais linhas do tempo vivido – que contam lindamente nossa história – aumentaram tanto, da noite pro dia, que transformaram nosso rosto numa free way?
Pois então? Foi hoje.
E a gente, impiedosa, vai descendo o olhar. Nada escapa a essa vistoria matinal.
Instalado no abdômen tanquinho reclama dos abdominais feitos. Rodo para um lado e para outro, constatando que o efeito foi só um endurecimento da conserva localizada. Estaria no ponto? Afinal, companheira matinal, hay que endurecer pero sin perder la ternura jamás!
Os olhos acusam ainda a depilação vencida e a descoberta, nada maravilhosa, de novos furos pelas coxas e na dita preferência nacional.
Nesse instante, para evitar um desmaio – no chão frio e nada solidário do banheiro – vem em meu socorro aqueles imeios (que insistem em nos querer deixar inteiras) sugerindo olhar no espelho e repetir: eu me amo, eu me amo, eu me amo. Ou então: sinto-me linda, radiante, esplendorosa e como sinto eu sou!!!
Respiro fundo, bem fundo, e observo ressabiada aquela – no espelho – que sentencia: acredita ingênua, vai acreditando prá você ver como é que fica!
Nesse instante, pura coincidência, o som do vizinho berra: Você é linda, mais que demais, você é linda sim...
Ah Caê! Encontrar lindeza numa mulher assim é um ato de coragem!
Minha cama parece um oásis no deserto, um banco de areia no mar revolto. Avanço para ela e me atiro de costas, com braços e pernas escarrapachados, como uma estrela-do-mar, tamanho família, grampeada no edredom.
Olho para o teto branco e penso nas colegas politicamente impecáveis, patrulhadoras implacáveis de corpos alheios, lendo essas linhas.
Gostaria de não ter aberto aquela lata de leite condensado num furor substitutivo de uma angústia qualquer...
Gostaria de ter tido um Day SPA + salão de beleza, onde as horas ficariam curtas para tantos tratamentos – sem cansar a minha - e ticar o extenso check-list...
Gostaria que tivessem inventado (de preferência por uma mulher) um calendário onde dias assim inexistissem...
Para me desgrampear dessa via crucis corporal só mesmo um grito de realidade: mãeeeee vou chegar atrasada no colégio!
Desgrampeio-me. Faço um rabo-de-cavalo escondendo os branquinhos, coloco uma roupa para a conserva se sentir bem confortável e vou para a academia. Pelo menos lá, quando estou suando,  com meio metro de língua prá fora e dizendo – no nonagésimo sétimo abdominal – TÔ MORRENNNDO, escuto do professor lindinho: Tem problema não. Morre, mas a gente te enterra de biquíni!!!
Não abro mão de ser mulher. Quem é mulher sabe deste lado quente de ser.(RR)
Não importa o que aconteceu durante o dia. Volte sempre para casa com a cabeça erguida!

Desplumada, "estrupiada", cansada, mas DIREITINHA! Com glamour!
 Essa é a Atitude!!!
(Imagens:Internet)                                                                                                                                
                                 

terça-feira, 2 de agosto de 2011

FORA DO CONTEXTO NÃO TEM PREÇO(?)

Aconteceu já faz quatro anos, mas achei tão atual, tão condizente com a minha realidade que compartilho com vocês. Quando estamos fora do "metiê" perdemos nosso valor? Nossas habilidades deixam de ser reconhecidas se mudamos nosso percurso? Só somos lembrados quando estamos em voga? Lembro de minha amada Beni dizendo: Rê, não dê pérolas a porcos! E na época, da altura dos meus vinte anos, encantada com o encontro de ídolos da psicanálise nacional e mundial, não conhecia a expressão e muito menos seu significado. Ainda hoje tenho certa dificuldade em fazer tal diferenciação. É que sou o que sou independente de. E dessas distinções nem os anos já vividos e mais um século para aprender a fazer. Sou nova...Um dia aprendo(?). Mas, chega de divagações e vamos ao texto e vídeo. Espero que gostem e ajude a pensar por quantas andam seus/nossos valores.
 
"A nota é internacional e diz, mais ou menos, assim: Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer. Eis que o sujeito desce na estação do metrô de Washington vestindo jeans, camiseta e boné. Encosta-se próximo à entrada. Tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora do rush matinal. Mesmo assim, durante os 45 minutos em que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes.
Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas, num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de três milhões de dólares. Alguns dias antes, Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custaram à bagatela de mil dólares.
A experiência no metrô, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino.
A iniciativa, realizada pelo jornal The Washington Post, era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte. A conclusão é de que estamos acostumados a dar valor às coisas, quando estão num contexto. Bell, no metrô, era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de grife. Esse é mais um exemplo daquelas tantas situações que acontecem em nossas vidas, que são únicas, singulares e a que não damos importância, porque não vêm com a etiqueta de preço.
Afinal, o que tem valor real para nós, independentemente de marcas, preços e grifes? É o que o mercado diz que podemos ter, sentir, vestir ou ser?
Será que os nossos sentimentos e a nossa apreciação de beleza são manipulados pelo mercado, pela mídia e pelas instituições que detêm o poder financeiro?
Será que estamos valorizando somente aquilo que está com etiqueta de preço?
Uma empresa de cartões de crédito vem investindo, há algum tempo, em propaganda onde, depois de mostrar vários itens, com seus respectivos preços, apresenta uma cena de afeto, de alegria e informa: Não tem preço. E é isso que precisamos aprender a valorizar. Aquilo que não tem preço, porque não se compra.
Não se compra a amizade, o amor, a afeição. Não se compra carinho, dedicação, abraços e beijos.
Não se compra raio de sol, nem gotas de chuva.
A canção do vento que passa sibilando pelo tronco oco de uma árvore é grátis.
A criança que corre espontaneamente ao nosso encontro e se pendura em nosso pescoço, não tem preço.
O colar que ela faz, contornando-nos o pescoço com os braços não está à venda em nenhuma joalheria... E o calor que transmite dura o quanto durar a nossa lembrança."
(
Fonte: Internet)