Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

terça-feira, 31 de julho de 2012

ESTRANHA PAIXÃO


Sabe quando a gente resiste a uma nova paixão? O coração acelera com um telefonema, as mãos suam diante da presença, a ansiedade aumenta no aguardo do próximo encontro, mas a gente resisti com medo de sofrer? Vai doer, é o pensamento. E mesmo assim queremos o próximo encontro. Contamos os dias para chegar a hora marcada. Masoquismo? Não. Como todo e qualquer desconhecimento, entramos receosas, molhando só os dedinhos dos pés. Aí, com o tempo, a gente mergulha. Pois vou contar: jamais imaginei que me apaixonaria por agulhas! Há milênios o homem utiliza esta técnica para amenizar sofrimentos, aliviar mal-estar, curar doenças. Uma coisa é fato: a gente vive correndo nesses dias que passam rápido e ficar deitada, quietinha, sem poder se mexer por causa das agulhas espetadas pelo corpo inteiro parece mesmo algo sem sentido. Haja paciência para dar conta de um certo desconforto inicial. E depois vem o aborrecimento de me acordarem. É que fico tão relaxada, tão zen, que apago por preciosos trinta minutinhos. Encontro rápido que já me queixei, né Dr.Flávio? Afinal, paixão carece de mais tempo.  E fico nesse estado Rê_zen de ser até o próximo. Confesso: não sei se é a acupuntura, a fisioterapia, os exercícios na academia, mas o problema do ombro está quase resolvido. É ou não é para se apaixonar?!

quarta-feira, 25 de julho de 2012

DIÁRIO RURAL



Esse azul é de doer as vista d'alma
A pré-reserva se confirmou e quando me dei conta já era chegada a hora de embarcar para nova temporada em Santa Mathilde. Bem que tentei, levando o computador, postar em tempo real o que aconteceu no dia-a-dia. A conexão lenta - quase parando – só combinava mesmo com a falta de horário para levantar, almoçar, dormir. Já para postar... sem chance. As horas transcorreram de acordo com o único compromisso agendado: bem viver diariamente!
Quinta-feira
Saímos às três da tarde rumo à fazenda. As previsões meteorológicas não nos detiveram. Munidos de muitas roupas bem quentinhas, vinhos, cardápio carpe diem, chegamos à fazenda de tardinha. O frio foi registrado em 08 graus.  E nem era de madrugada. O caldinho de mandioca da Syl esquentou e espantou esses poucos graus pra bem longe.
 

Sabem o que é isso? Mandioca da fazenda sendo preparada pro caldim dela! Olhem a cor...não tem colorau naum!
O caldo pronto acompanhado de um bom vinho chileno!
À noite, o termômetro lá fora não mentia: 08 graus! Brrrrrrrr
Sexta-feira
Depois de uma noite com muiiitos cobertores, de todos os tipos e para todos os gostos, abro a janela as dez e meia da manhã, já com as brumas desfeitas e sou brindada com esse cotidiano enfeitado. Para dar encanto à vida, D'us criou as plantas, flores, frutos, toda a natureza... só pode!
Da janela lateral...do quarto de dormir...
Sempre lindas...
Lágrimas de Nossa Senhora que só conhecia nos terços


A responsabilidade da cozinha ficou por conta do Zé Renato. E saiu uns bifes, de maminha, feitos no fogão de lenha que até me fez esquecer do horário... Fomos “almoçar” às sete da noite! Foi nosso recorde no proseamento tira-gosto.
Compenetradíssimo na função


Sábado
Dia de turismo e compras. Pela estrada-real a fora eu fui bem contente e trago essas fotos pra vocês. Primeira parada Resende Costa: quer comprar artesanato para casa e com o preço muiiiito camarada? É aqui!
Toalhas de mesa, cobreleitos, redes, jogo americano...
Próxima parada Santa Cruz de Minas: flores de ferro, abajur, molduras de espelho, móveis de madeira de demolição, etc, você encontra nessa mini-cidade. 
Namoradeiras...não se cansam
Parada final? Claro, Tiradentes! Êita cidade que não canso de ir.
Vocês devem saber que além de super charmosa, faz parte do circuito nacional de gastronomia (que acontece em agosto próximo), festival nacional de cinema, literatura, encontro Harley Davidson, entre outros inúmeros eventos que acontecem durante todo o ano. Tiradentes não para. Mas nós paramos e antecipamos o nosso festival gastronômico.
Franguim com ora-pronóbis (conhece?)angu, couve...comidinha mineira, né messs?
Os mininus cozinheiros
 Paulistas, cariocas, capixabas, baianos, sulistas, enfim, todo o Brasil é recebido de braços abertos nessa cidade que exala, ao mesmo tempo, simplicidade, história e sofisticação. 
Enquanto uns bebericam e tomam conta do neto Max, outros batem canela pelas ruas de pedra!
Em plena rua você pode parar e orar
Ou então entrar aqui e tomar um cafezim coado na hora

Domingo
Nem vão acreditar. Dia de bobó de camarão! Hummm...dilícia pouca é bobagem. Syl, do tamanho de sua modéstia, diz sempre que “não sabe cozinhar”. Não consigo imaginar o que aconteceria, com minha exuberância de ser, se soubesse!
Ingredientes previamente separados como todo chefe sugere
Pudim de leite condensado feito com ovos caipiras e leite tirado na hora. Preciso falar mais?!
Segunda-feira
Dia reservado para nossa capelinha... Troca de crucifixo externo, orações especiais e gratidão. Aproveito para tirar mais umas fotos desse dolce far niente.
Santa Mathilde bem no centro iluminando e iluminada
Chamei, olhou e pousou!
Coitado desse...será que vai virar prato na ceia do natal?
Vida que se multiplica. E Dona Galinha tomando conta dos filhotes como toda mãe zelosa!

Terça-feira
Dia de voltar. Penso nas histórias e o quanto é bonito ter pessoas, especiais, a fazer parte da nossa e que nos ajuda a contá-las. Não são histórias para dormir, e sim para querer acordar no dia seguinte. Para que possamos viver outras vidas. Para nossa vida fazer sentido. E que gosto sentido esse viver, né mesmo?! Obriagada Zé e Syl por mais essa história de vida!!!




segunda-feira, 16 de julho de 2012

EXPRESSANDO


Lindeza de expressão criativa!
Um dos meus muitos encantamentos nessa vida é a capacidade do homem em se expressar. Expressar não é simplesmente falar ou escrever. É mais que isto. A verdadeira expressão extrapola o sentimento da mesquinhez daqueles que só enxergam o superficial ou o externo. Ela invade e exalta o campo das emoções e dá sentido a cada fato vivido ou ocorrido... Ato de amor! Amor a alguém? Talvez a você! Mas muito mais, à vida! Expresso aqui o dia a dia. Talvez seja a expressão pura de quem amanhece pobre e ao cair da noite adormece rica. Amo a vida. Bem verdade que, muitas vezes, travo batalhas rápidas de sentimento contrário. Faço das viagens diárias a interpretação daquilo que é a expressão contínua de D’us, no propósito firme de que o tempo é o conselheiro da vida, a explicação para questões não respondidas, a razão para a persistência, o motivo de um novo dia. A propósito, o que é um diário senão novidade de um novo dia? Pois é. Aqui você vê uma mulher nas estrelas. Em guerra? Não. Em paz. Numa trajetória sul/norte/sul, que embala as declarações de quem triturou o dia para romper a noite e fez da noite um ato sacro que compreendesse a vida vivida. Dores e lamentos? Não. Percepção, no mais amplo caminho de que percepção é realidade e tudo o mais é ilusão. Amor-Vida: aquele que brota do tempo e não tem idade, pois só quem ama escuta o apelo da eternidade.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

92 anos


Sinto um privilégio, imensurável, de nesses noventa e dois anos fazer parte de, mais ou menos, trinta e cinco dessa história. Foi lá na década de 70 que conheci Vênica – a filha – e nos tornamos amigas. A convivência diária aproximou as famílias e assim conheci D.Vênica.
Vênica filha, a mãe e eu...tirando uma lasquinha
A admiração foi num crescente galopante. Chega a ser difícil contar para vocês a riqueza dessa senhora. Uma inteireza de fazer gosto! Mão habilidosa e prestativa ensina bordados e outras prendas, voluntariamente, a quem necessita de um ofício. Já ganhou prêmio, lá em São Paulo, pelo que faz – anos a fio - em obras sociais. Reciclagem? Aproveitamento de qualquer sobra? Lavoisier deve ter convivido com ela. Tudo, tudo se transforma através de suas mãos. Sai do seu cantinho em Sabará todas as quartas e por aqui espalha sua sabedoria e benevolência. Trabalha em silêncio como boa mineira que é. É antenada com o que acontece no universo. Dá notícia das importâncias desse mundão nosso com suas leituras diárias e audiência dos rádios. É no plural mesmo. Mantém espalhados pelos cômodos de sua casa, prá não perder a fala do locutor, enquanto transita incansável com seus afazeres. Um hábito desde sempre. De memória invejável me recebeu, para a comemoração dos seus 92 anos, com um abraço forte e amoroso e com a lembrança de minha mãe: Aprendi com D.Lucy a celebrar a vida! Saudade pouca é bobagem. A festa foi um primor nos detalhes. A alegria, escancarada, era o tom misturado aos bules florais e linhas de bordar. Foi tecido com amor e bênçãos mais um ano de vida de D.Vênica!  Abaixo vocês terão uma amostra grátis dessa senhora... Escrito por ela, e que me fez derramar umas tantas lágrimas de pura emoção. E eu? Bem, só posso me sentir uma privilegiada e dizer como ela: o essencial é viver!
Olha a delicadeza do bolo-bule
Cada bule floral mais lindo
Adorei esse roxo
Um charme de porta-guardanapo com novelo de linha
Claro...mesa do pecado dilííícia
Meu Aniversário – Agradecimento a Deus
Clara manhã, obrigado. O essencial é viver. Quero no dia de hoje agradecer a Deus por mais um ano de vida que ele me concede! Há 92 anos nascia Vênica, que depois se casou com Arthur, teve quatro filhos e hoje é avó de 13 netos e tem 10 bisnetos! Tudo passou muito rápido! Deus me deu saúde todos esses anos, sempre cuidou de mim, deu-me paz e harmonia.
Também passei por altos e baixos nesta vida, enfrentei algumas barreiras, quando ainda inexperiente, tive de amadurecer precocemente. Como todas as pessoas, me afrontaram desilusões, decepções e desamor.... Isto é a vida! Mas Deus nunca me abandonou, e me levanta a cada caída, e me ensina até hoje, sou dele uma filha querida, o amor de Deus que excede todo o entendimento, me alegra todos os dias! Deus deu uma nova roupagem a minha alma, ensinou-me como discernir situações, me fez aprender as coisas da vida, e prestar mais atenção... me ensinou a viver em comunhão.
Deus me ama muito, se agrada da minha dedicação, canto e louvo seu nome em qualquer situação...  Deu-me de presente paz do meu canto, a minha família maravilhosa, e muitos amigos dedicados que encontro aqui, é o carinho de vocês que me ajuda a prosseguir... Há pessoas que transformam o Sol numa simples mancha amarela, mas há aqueles que fazem de uma simples mancha amarela o próprio Sol. O meu maior desejo é poder transformar as manchas amarelas na vida daqueles a quem amo no Sol mais lindo que possa existir. Muito bom poder olhar para traz e sorrir! Clara manhã, obrigado! O essencial é viver! Amém!