Os
dez dias entre Rosh Hashaná (Ano novo) e Yom Kipur (Dia do Perdão) são
tradicionalmente conhecidos como os Dez Dias de Arrependimento. Esta é a época
mais plena de temor e reverência do calendário judaico, quando somos
conclamados a analisar nossas vidas e nosso relacionamento com D’us e com o
próximo.
Introspecção
não é suficiente. O momento exige que, nossos erros, nossas falhas e nossos
pecados sejam retificados. A lei afirma claramente que, embora D’us Se
prontifique a perdoar transgressões cometidas contra Ele, não pode perdoar
injustiças que cometemos contra nosso próximo. Antes de Yom Kipur, somos
impelidos a dar aquele telefonema para o amigo ou parente com o qual não
falamos mais, manifestar gratidão àquela pessoa que nos fez um favor e a quem,
na correria do dia-a-dia, acabamos esquecendo de agradecer; visitar os
cemitérios para pedir perdão àqueles que não estão mais aqui e, de forma geral,
pedir desculpas a qualquer um que possamos ter ofendido ao longo do ano.
Esse
processo de reconciliação é, para mim, uma via de mão dupla. Não só devemos nos
reconciliar com os que não estávamos nos dando bem, como devemos estar
dispostos a aceitar a reconciliação oferecida pelos outros. Se vocês tiram de
letra esse exercício PARABÉNS! Eu continuo aprendendo. É fato que estou mais evoluída
do que anos passados, mas esse tal de perdoar e ser perdoado continuam sendo
aprendizagem diária.
Perdoar
não é uma simples questão de vontade, da boca para fora e nem sempre é fácil.
Às vezes, para perdoar, temos que nos submeter a um longo processo de
indignidade, mágoa e pesar. Podemos jurar: “Nunca mais vou deixar que isso
aconteça.” Mas no fim basta deixar para lá a dor e o ódio do passado. Graças a
essa bondade que tudo suaviza, nós nos livramos da repetição cega, de levar a
dor do passado para o futuro. Perdoar não é tirar a outra pessoa do coração.
Na
vida espiritual, o perdão é ao mesmo tempo preparação e fim. É difícil: temos
que enfrentar a dor e a mágoa da traição e do desapontamento, e descobrir o
movimento do coração que, apesar de tudo, se dispõe a perdoar. Às vezes, muitas, durante essa viagem, vamos
sentir que nosso coração está fechado e que somos reféns do passado. Embora nos
faça clamar por justiça, o perdão é uma atitude generosa, de deixar para lá,
pelo nosso bem e pelo bem dos outros. É como o encontro de dois antigos
prisioneiros de guerra. Um deles perguntou: Você perdoou seus captores? O outro
respondeu: Não, nunca! O primeiro ex-prisioneiro olhou com bondade para seu
amigo e perguntou: Mas então você continua prisioneiro deles, não é?!
Sem
a sabedoria do perdão, carregamos o fardo do passado vida a fora. O benefício
trazido pelo perdão é a reunião com a vida... PRESENTE. E como brinca o povo:
quem gosta de passado é museu... Eu TÔFORA! Esse ano estou exercitando um cadim diferente e posso assegurar... bem mais difícil: me perdoando. A gente nem faz ideia de quão carrascos somos da gente! Vem exercitando o perdão? Então tamojuntoegarradu.
(Inicia
hoje ao cair da noite - o Yom Kipur - indo até amanhã no mesmo horário)
Oração do Perdão
Eu o(a) perdoei e você me perdooueu e você somo um só perante Deus.
Eu o(a) amo e você me ama também;
eu e você somos um só perante Deus.
Eu lhe agradeço e você me agradece.
Obrigado, obrigado, obrigado...
Não existe mais nenhum ressentimento entre nós.
Oro sinceramente pela sua felicidade.
Seja cada vez mais feliz...
* * *
Deus o(a) perdoa,
portanto eu também o(a) perdoo.
* * *
Já perdoei a todas as pessoas
e acolho a todas elas com o Amor de Deus.
Da mesma forma, Deus me perdoa os erros
e me acolhe com Seu imenso amor.
* * *
O Amor, a Paz e a Harmonia de Deus
envolvem a mim e o outro.
Eu o amo e ele me ama.
Eu o compreendo e ele me compreende.
Entre nós não há mal-entendido algum.
Quem ama não odeia,
não vê defeito, não guarda rancor.
Amar é compreender o outro e não
exigir o impossível.
* * *
Deus o(a) perdoa.
Portanto, também o(a) perdoo.
Através da divindade
perdoo e envio-lhe ondas de amor. Eu amo você. (Do livro: Minhas Orações - Masaharu Taniguchi)
Imagens: Karin Izumi