Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

sábado, 31 de maio de 2014

PASSO A PASSO

Barragem Santa Lúcia.
Fui fazer minha caminhada, agora de já seis quilômetros diários, num local diferente. Era domingo e depois dela iria ouvir a Filarmônica que lá estaria com seus “Clássicos na Praça”.
Sai de casa, curti o sol que ainda estava espreguiçando entre nuvens, aspirei o ar fresco, senti o vento no rosto, olhei árvores, pássaros, pessoas, a pelada no campinho de terra, abri os braços, e sorri... Não deviam passar despercebidos. Para muitos, isso não tem a menor importância, eu sei. Vi uma garça branquíssima em voo rasante sobre a água barrenta. As árvores estavam maiores (ou seria minha pequenez diante delas?) e eu pude perceber. Que verde! Como é possível estar por ali, passadas após passadas, sem notar a diversidade de tons e a variedade das formas? Arvorezinha arredondada, árvore comprida, árvores enfeitadas e outras choronas. No fundo os músicos ensaiavam seus acordes para cadeiras vazias.
Pista de caminhada.
O concerto começaria às 11hs. As músicas se sucediam e eu assistia a gente que passava. Cada pessoa com um passo, um balanço, uma história. Sessenta minutos voou.
Eu queria mais uma volta. Algo acontecia, era preciso sustentar a mágica. Alonguei os músculos, aliviei o esforço e parti para outra. Eu não andava mais, flutuava. Fechava os olhos e respirava, me desfazendo em deslumbramento. Ao final da volta, olhei para o grande círculo onde eu havia rodado e imaginei que ninguém ali teria um dia ruim, só porque eu queria.
O concerto com um programa delicioso!
Continuo andando. Continuo investindo. Continuo acreditando. Continuo refletindo. Continuo amando. Continuo dividida: dentro e fora, feia e bonita, gorda e magra, perfeitamente imperfeita. Continuo inteiramente viva.
Não cheguei a nenhuma conclusão, não desvendei os segredos mais banais, não criei uma grande obra. Suspeito que o meu viver não seja conclusivo, não tenha segredos, não seja questão de uma obra pronta. Dia após dia, investigo uma possibilidade, a de que viver é estar a caminho.

Depois da caminhada nada melhor que uma massagem!
Então, sigo. Só espero que o rumo seja, cada vez mais, do coração. Sem explicação. De tempos em tempos, a vida muda. Sem que haja um plano, assim, de repente, o foco é outro, é outra a rotina, umas pessoas entram para a história, outras dizem adeus, os sentimentos se renovam, a casa fica uma bagunça... Até que a gente entende que viver é isso mesmo, é uma história em capítulos. Passo a passo!
Essa muvuca? Troca de figurinhas!

sábado, 24 de maio de 2014

Ainda sobre mãe(s)

Imagem Revista Veja/BH


Ando sem inspiração para escrever. Acontece. Em compensação excede na vivência diária. Ajustes, fechamentos de ciclos, metas sendo alcançadas. Recebi o texto abaixo por email da amiga, amada, Eli. A autoria é de uma moça que conheço bem: a Cris Guerra, jornalista. Além de ser dona do 1º blog de looks diários do Brasil (Hoje vou assim), frequentou a Casa do Richard. Também escreveu um livro que teve sua semente em outro blog nomeado Para Francisco. Vale demais a leitura pessoal. A crônica abaixo é uma homenagem linda a todas as mulheres. E a gente se identifica que só! Espero que gostem!
"Dizem: quando nasce um bebê, nasce uma mãe também. E um polvo. Um restaurante delivery. Uma máquina de chocolate prontinho. Uma mecânica de carrinhos de controle remoto. Uma médica de bonecas. Uma professora-terapeuta-cozinheira de carreira medíocre. Nasce uma fábrica de cafuné, um chafariz de soro fisiológico, um robô que desperta ao som de choro. E principalmente: nasce a fada do beijo.
Quando nasce um bebê, nasce também o medo da morte – mães não se conformam em deixar o mundo sem encaminhar devidamente um filho.
Não pense você que ao se tornar mãe uma mulher abandona todas as mulheres que já foi um dia. Bobagem. Ganha mais mulheres em si mesma. Com seus desejos aumentam sua audácia, sua garra, seus poderes. Se já era impossível, cuidado: ela vira muitas. Também não me venha imaginar mães como seres delicados e frágeis. Mães são fogo, ninguém segura. Se antes eram incapazes de matar um mosquito, adquirem uma fúria inédita. Montam guarda ao lado de suas crias, capazes de matar tudo o que zumbir perto delas: pernilongos, lagartas, leões, gente.
Mães não têm tempo para o ensaio: estreiam a peça no susto. Aprendem a pilotar o avião em pleno voo. E dão o exemplo, mesmo que nunca tenham sido exemplo. Cobrem seus filhos com o cobertor que lhes falta. E, não raro, depois de fazerem o impossível, acreditam que poderiam ter feito melhor. Nunca estarão prontas para a tarefa gigantesca que é criar um filho – alguém está?
Mente quem diz que mãe sente menos dor – pelo contrário! Ela apenas aprende a deixar sua dor para outra hora. Atira o seu choro no chão para ir acalentar o do filho. Nas horas vagas, dorme. Abastece a casa. Trabalha. Encontra os amigos. Lê – ou adormece com um livro no rosto. E, quando tem tempo pra chorar – cadê? -, passou. A mãe então aproveita que a casa está calma e vai recolher os brinquedos da sala. “Como esse menino cresceu”, ela pensa, a caminho do quarto do filho. Termina o dia exausta, sentada no chão da sala, acompanhada de um sorriso besta.
Já os filhos, ah… Filhos fazem a mãe voltar os olhos para coisas que não importavam antes. O índice de umidade do ar. Os ingredientes do suco de caixinha. O nível de sódio do macarrão sem glúten. Onde fica a Guiné-Bissau. Os rumos da agricultura orgânica. As alternativas contra o aquecimento global. Política. E até sua própria saúde. Mães são mulheres ressuscitadas. Filhos as rejuvenescem, tornando a vida delas mais perigosa – e mais urgente.
Quando nasce um bebê, nasce uma empreiteira. Capaz de cavar a estrada quando não há caminho, só para poder indicar: “É por ali, filho, naquela direção”." (Publicado na Veja/BH)

quarta-feira, 7 de maio de 2014

VOCÊ SE CANDIDATA? HOMENAGEM ÀS MÃES.



Que se regozijem aqueles que ainda as tem, ao seu lado, pois é benção. Às vezes, quando escuto, profissionalmente ou não, relatos de filhos sobre suas mães fico pasma. Alguns não se importam em saber como estão passando, se precisam de alguma coisa e seguem suas vidas como se elas não existissem. Já foram necessárias. Agora não mais. Outros relatam com frieza e distanciamento a relação. Parecem dois estranhos, nos raros desencontros cheio de formalidade. 

Não consigo compreender como se esquecem, com tanta facilidade, as noites insones, os ensinamentos, o buscar e levar a escola, aulas de balé, natação, inglês, casa de coleguinhas. Estudar junto para a prova, fazer pesquisa, banho morno de madrugada para baixar o febrão, segurar a testa para vomitar o 1º porre da vida. Vibrar no auditório com a apresentação seja lá do que for como se fossem os maiores artistas do mundo. E eram! Xingar juiz, técnico e a torcida adversária numa competição qualquer. Fazer mágica com o dinheiro do mês ou economia por meses, só para comprar o que tanto desejavam. Realmente não compreendo. Da minha PÃE tenho saudades disso tudo e muiiito mais. O vídeo abaixo (QUE VALE MUITO ASSISITIR) é minha homenagem a todas as mães amadas minhas. As de perto e àquelas que já estão longe do alcance de nossas mãos. AMO VOCÊ MÃE! Dia(s) Feliz (es) para vocês! 
P.S: Se não tiver, automaticamente, com legenda em português, do lado direito inferior é só clicar para ativá-la.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Eu hein?!




Ainda faço parte da turma que vai a um médico quando está doente ou passando mal. Tenho preguiça, mesmo sabendo o quanto está errado. Prevenção é tudo. Aquela espera na sala assim nomeada, falta de respeito com o horário agendado, quantidade de exames solicitados, me dá nos nervos! Venço meu pecado e vou para não ter arrependimentos. Nesta semana ganhei dois socos. O primeiro no meu mastologista. Depois de uma hora e meia aguardando ser atendida, sou assim recebida:
_ Ei moça sumida! Saudades de você.
- Sumida não. O senhor é único que visito, ainda, semestralmente.
- Quê que aconteceu??? (com uma cara de espanto, como se estivesse vendo um fantasma!).
- Oi???
- Engordou demais Regina!
Putz! Não carecia de ele jogar na minha cara toda minha exuberância de ser, não é mesmo?! E estava com roupa de ginástica, pois dali iria para a minha caminhada. Então, respirei fundo, e contei-lhe dos meus anos de sedentarismo acrescido de um quadro de humor que me aprisionava a não ter vontade de fazer nadica de nada! Sei que nossa relação, médico-paciente, é bem particular. Afinal, foi ele que mandou meu ET para o espaço. Mas, qualquer que seja a relação, um homem jamais deveria tecer esse tipo de comentário a uma mulher! Vocês não acham?! No caso de um médico até aceito, se for ao longo da consulta, com ares de preocupação em relação às taxas de colesterol e outras mais.
O segundo soco foi no laboratório. Lá fui eu, de jejum, carregando os materiais, tirar a senha para o atendimento quando a atendente pergunta:
- Senha preferencial?
- Oi???
Pelo menos recebi o benefício da dúvida! Credo. Devo mesmo estar uma “velha”. Não que as sexagenárias sejam. Mas faltam um bocado de anos para que eu atinja esse patamar. E aí sim irei usufruir, com gosto, de tooodos os benefícios de lei. Depois disso tenho mesmo é que caminhar muito, pintar os cabelos brancos e perceber, com aceitação, que o tempo é mesmo implacável!