Ocorre muitas vezes. Estou com o computador aberto, trabalhando na correção de um
exame, e eis que chega um texto. O título desperta curiosidade e lá vou eu...
Faço uma pausa, abro o arquivo – geralmente powerpoint – e viajo numa sequência
de imagens de flores em close, rios do outro mundo, cachoeiras, árvores no
outono, estradas instigantes, gotas na pétala de uma rosa, pôr-do-sol em tons
maravilhosos, abelhas com as anteninhas cheias de pólen...
E a
música?
Essa também tem lá suas facetas. New Age ganha no
ranking. Eu gosto. E muito.
Portanto, a quem me envia este tipo de mensagem, digo que não me incomodam de
jeito nenhum. Até porque, quando estou ocupada por demais, não leio e pronto. E
como gosto das imagens e do som, muitas vezes, vou passando e lendo como quem
não lê. Ocorre que ler sem ler é uma armadilha.
Outro
dia, recebi uma mensagem de pessoa amaaada e, diga-se de passagem, instruída.
Abri. Logo começou a música. Gostei. As imagens eram bem anos 60 e 70. Meio
batidas, mas vá lá... Nesse ritmo, fui lendo. Meu parecer final foi: “mais ou
menos”.
Voltei ao trabalho. Mas algo ficou me incomodando. Li o texto novamente
e achei as pragas que me picaram: nostalgia extrema e idolatria de uma época. O
Ministério da Cultura – ou da Educação – deveria advertir: Apego cega.
Será,
meu Deus, que algum dia eu serei como aquele cara? Será que ele não vê que, com
o intuito de mostrar quão grandioso foi o seu percurso ou época (?), no final
das contas, mostrou desajuste e indignação? Será que eu corro o risco de me
acorrentar ao passado a ponto de não enxergar os erros cometidos pela minha
geração, nem os acertos da geração seguinte? Tomara que não, porque, por mais
bonito que seja qualquer movimento, há erros. E por pior que se apresente o
cenário, há avanços. Eu vejo isso em toda parte.
Não quero envelhecer gastando o lápis cor-de-rosa para pintar o passado e o
preto para o presente. Quero a caixa de lápis completa.
Quero todos os verdes
para colorir essa gente honesta que inaugura um novo pensamento, mais humano e
ecológico.
Quero usar os azuis para pintar aqueles que mudam os horizontes com
muito respeito.
Quero os amarelos para aqueles
que, como girassóis, buscam a luz e não os aspectos sombrios da existência.
Quero laranja para desenhar a autoconsciência e a percepção de que o prazer é a
realização do potencial de vida.
Quero todas as cores disponíveis. Até o preto,
eventualmente, porque é preciso ver o que ainda pode mudar.
A minha visão de
futuro é colorida e mantenho a escolha. Seguirei traçando com minhas convicções
e, com meus sonhos, o arco-íris da minha vida.
Quero envelhecer digna dos meus anos e do afeto pelo humano.
Quero ir além do
respeito, da admiração, do reconhecimento. Quero amor. E tem muita gente que
sabe do que eu estou falando, gente que também está buscando outras palavras
para traduzir o viver feliz e digno.
Quero
estar no ritmo do agora. E pensar o bonito. Ocorre! E com você?!