Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

55 anos e uma boba



Hoje eu posso dizer: faço 55 anos e fiquei mais boba. Não no sentido de ignorante, mas como disse Clarice Lispector: "O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver." Então, estou mais boba para viver melhor a vida. Ocorre que, sendo boba, a dor do outro me dói mais, viver mesmices não me incomoda mais, comer me alenta menos e me engorda mais, chorar não me constrange mais, não gostar de discutir política não me envergonha mais, praticar zumba me interessa mais, meditar me agrada mais – e isso é relevante, porque me agrada mais do que uma noite de balada, ou de farra no buteco, ou seja lá o que se diz hoje quando se quer dizer "chutar a lata".
Sim, prefiro mil vezes dormir mais cedo e, logo nas primeiras horas da manhã, entoar: "Querido D’us, Pai, Mãe, Criador de tudo o que foi, é e sempre será, por favor, junte-se a mim nesse dia..." e, depois de alguns minutos de prática, me sentir revitalizada para mais um dia de trabalho; prefiro andar sozinha do que mal acompanhada – e sei distinguir a companhia; prefiro a simplicidade de um sorriso do que elogio forçado – e sei ver a dobra dos lábios; prefiro me calar do que falar. Ponto.
Dito isso, confesso ainda: não me sinto mais esperta ao completar 55 anos. Sinto-me mais perto. E isso é o que me interessa. Mais perto de quem eu gosto, mais perto de quem eu sou de fato, mais perto do que eu quero fazer, mais perto de quem me importa, mais perto de quem se importa comigo, mais perto da resposta.
E a pergunta é esta: O que é a vida afinal?
Ora, o que é viver a vida, senão dar lugar às descobertas?
Hoje, por exemplo, tenho rugas, mas ando descobrindo que a elasticidade da pele não se compara com a largueza da alma! Bem-vindo novo ano de vida. Que seja vividamente vivido...com tudo que me é merecedor. E sou gratidão!!!
(Imagem:  Tumblr)

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Celebre todos os dias!



Como alguns de vocês sabem, estou, há alguns meses, fazendo Vigilantes do Peso. Reeducação alimentar. Não é fácil, confesso. Mas é fantástico a gente perceber a cada semana as mudanças que vão acontecendo, principalmente, nos hábitos. A pesagem é semanal e fico doidinha para chegar o dia da reunião. Uma semana, que havia viajado, emagreci 300grs e desci da balança bem tristinha. Minha coordenadora deu uma bronca: -presta atenção, você não adquiriu, você eliminou e está triste??? Tem que celebrar, isso sim. Todas as vitórias são para ser celebradas ora essas!
Saí de lá me lembrando da minha mãe. Ela dizia isso quase diariamente: a vida, filha, é para ser celebrada em tudo!
Porque ninguém celebra mais? Devemos ter o costume de celebrar no nosso cotidiano. Pode ser com um almoço diferente para a família no domingo, um momento caprichado para relaxar antes de dormir, uma noite agradável na companhia de amigas... Ninguém precisa de datas pré fixadas. Basta inventar os próprios rituais para, a qualquer dia e qualquer hora, comemorar os amores, as pequenas conquistas – tanto as suas quanto as dos outros – a vida, “E o que é mesmo um ritual?“, perguntou o principezinho do escritor francês Saint-Exupéry, numa das histórias mais famosas e repetidas do mundo. E a sábia raposa respondeu que um ritual é aquilo que faz com que um dia (ou um momento) seja diferente dos outros e se torne especial, com ingredientes para ser lembrado e relembrado para sempre.
Os povos da antiguidade mantinham a tradição de celebrar, com atenção e intenção, todas as coisas fundamentais da vida. Com o tempo, fomos perdendo a dimensão desse conceito e o costume de colocá-lo em prática. Não damos mais atenção e a devida importância às coisas. Corremos atrás de conquistas que, no fim nos parecem supérfluas e nos trazem uma felicidade muito fugaz. Precisamos resgatar essa tradição esquecida e voltar a celebrar mais e sempre – tornar especial não só os grandes momentos, mas, sobretudo, os pequenos milagres do dia a dia. Rituais nos ajudam a focar no momento presente, a vivenciar o aqui e o agora e, assim, a acalmar a mente.
Nessas horas, atenção e intenção são importantes, mas é preciso entrar em tudo com a razão e também com o coração. Celebrar o nascimento de uma criança, as bodas (de algodão, prata, ouro...), o dia dos namorados, das mães, dos pais, todas essas coisas que fazem parte da rotina das pessoas. Mas muitas vezes participamos delas sem tanto sentimento ou comprometimento, mais por instinto de rebanho. 


Pense em cada refeição, que pode se converter em um ritual de celebração mesmo que esteja sozinho (a). Comece preparando a mesa como se você tivesse convidados para jantar. Coloque flores, cores, velas, amor em cada ação. Sirva-se dispondo a comida em seu prato de um modo bonito e harmônico como se quisesse formar um arco-íris. Providencie música suave, que lhe traga serenidade. Desligue os telefones e eletrônicos. O ato de comer é sagrado e precisamos fazê-lo com reverência. Curta esse momento, sem expectativas e se entregue. Isso é celebrar! Mas esse é apenas um dos rituais possíveis, simples o suficiente para entrar no seu dia a dia. Use a criatividade. Eu tenho usado a minha. Devemos exaltar até as adversidades que nos fazem crescer. O mundo fica mais leve e solto se aprendemos a extrair prazer das várias situações e a manifestar nossa alegria e gratidão!