Não importa onde estamos, numa mesa de bar ou no divã do analista, nossa mente nunca para e nossos medos e desejos nunca nos abandonam. Nem por um instante nos separamos do que realmente somos e, por mais difícil que seja, não controlamos cem por cento nossas atitudes. Se Freud, após 40 anos de estudo da mente humana, continuou com várias dúvidas sobre o ser humano, quem sou eu ou você para julgar as “crises histéricas” da melhor amiga? Só Freud explica!?!
Coisas simples que todos vivemos,pensamos,sentimos e nem sempre conseguimos partilhar. Assuntos, temas, extraídos da minha experiência clínica e do meu cotidiano. Em alguns você pensará: tô fora... Em outros: tô dentro...

domingo, 27 de março de 2016

FERIADO E NADA



Feriado prolongado. Ouço as programações dos filhos. Cada um tem a sua. Até pensei que seria convidada, como todos os anos anteriores, para passar o feriado fora. Mas não fui. Nem busco resposta para essa novidade. Bobagem. A vida é assim... Mudança constante.  O que fazer com tantos dias de absolutamente nada? Ler? Adiantar o trabalho? Navegar por sites nunca antes navegados? Passear? Meditar? Arrumar os livros? A lista era imensa e, antes mesmo de sair da cama, eu desisti de repassar as opções. Escolhi fazer nada. Pela primeira vez, depois de alguns meses, escolhi não saber nem de mim. Segui o curso do dia.
Que história é essa de lista para viver com eficiência todos os dias? Que hábito estranho é esse que nega a sabedoria, o instinto e a vontade?
Hoje eu me rebelei. Não fui obrigação. Fui ânimo e caminhei. Fui fome, cozinhei e comi. Fui curiosidade e li. Fui amiga e falei. Fui preguiça e não trabalhei. Fui inspiração e escrevi. E quer saber o que eu faço com a culpa dos não-feitos? Nada. Porque hoje, eu não faço nada. Hoje eu vivo com tudo: o querer sem obrigação! Feliz Páscoa para todos vocês!!!

sábado, 5 de março de 2016

DIVÃgando



Num dia assim, de encontros que a gente sabe que vão ficar na história, quando nada é irrelevante e tudo conta, quando o fio da vida se torna tão nítido que incomoda, eu me vi integrando a cena. Além de mim, vi uma menina dando passos responsáveis, vi uma mocinha interrogando-se a respeito da vida, vi outra moça começando a colher os frutos da própria semeadura. E foi sobretudo porque me vi que escrevo estas palavras. Diante delas, eu me senti mais velha. Não no sentido do tudo acabado, mas daquilo que foi vivido, aproveitado e aprendido ao longo dos anos. Fiquei feliz. Aliás, ando feliz com as minhas escolas. Não há nenhum erro aí. Quis dizer escolas mesmo e não escolhas. Porque elegi a vida como condição do aprender e vivo absortamente sentada no banco desta escola. Não vejo outra maneira de ser ou de aprender a ser feliz. Queria dizer isso para as meninas, mas acabei dizendo para mim mesma. Porque a consciência da minha trajetória bateu forte agora.
Então, lembrei-me do I-Ching e fui consultar. Eis o comentário:

RETORNO.
Sucesso.
Saída e entrada sem erro.
Amigos chegam sem culpa.
Para adiante e para trás segue o caminho.
Ao sétimo dia vem o retorno.
É favorável ter aonde ir.